Juiz se recusava a ter escolta, até ser ameaçado de morte após condução coercitiva de Lula
Moro abandonou o carro a anda com escolta
Desde a penúltima sexta-feira, 4 de março, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi conduzido para depor em São Paulo, o juiz Sérgio Moro passou a andar sob proteção policial 24 horas por dia.
A escolta do juiz responsável pelos inquéritos da Lava Jato já havia sido oferecida diversas vezes pela Polícia Federal, mas sempre foi recusada por Moro que alegava que não havia nenhuma ameaça concreta a ele. Isso até ele assinar a condução coercitiva do ex-presidente, que incendiou a militância e levou Moro a sofrer ameaças de morte pela internet, com agressores já identificados.
Para oferecer proteção a Moro, a PF disponibilizou cinco agentes e um carro, possivelmente blindado. Moro teve que aposentar o Golf que dirigia há até duas semanas atrás. A assessoria do juiz também pediu a jornalistas que cobrem a Lava Jato que evitem fazer imagens de Moro e seus agentes, para manter a proteção.
A operação Lava Jato completa dois anos nesta quinta-feira (17).
De hábitos simples, o juiz resistiu até quando pode a mudar a sua rotina. Sérgio Moro não se expõe, mas também não abria mão de viver uma vida normal. Há até pouco tempo atrás se recusava a deixar costumes, como ir de bicicleta ao trabalho, correr na rua e voltar à pé do almoço em um restaurante perto da vara. Mas aos poucos, teve que mudar a conduta.
Só amigos muito próximos conhecem a sua vida fora do tribunal.
Casado com uma advogada curitibana, Sérgio Moro, hoje com 44 anos, tem um casal de filhos em idade escolar. Quando não está trabalhando, ele vai ao clube, gosta de ir a restaurantes e frequenta a casa de amigos. Assiste a séries, e chegou a citar a vida ilícita de Walter White, protagonista de Breaking Bad, durante uma aula inaugural da UFPR (Universidade Federal do Paraná), onde foi professor adjunto de Direito Penal.
— Tem vida absolutamente normal, diz um de seus amigos próximos.
Em palestra recente a um grupo de empresários em Curitiba, o juiz disse que se incomoda com algumas informações inverídicas que circulam sobre ele e negou que o pai fosse fundador do PSDB em Maringá, informação que já circulou.
— Meu pai já é falecido, era professor de Geografia, talvez a pessoa mais honesta que eu conheci. Tenho zero ligação com partidos (...). O juízo trabalha com fatos. Interesses partidários não são o caso dentro da minha profissão.
Relatos de pessoas próximas e até pequenos detalhes revelam o perfil do juiz paranaense. No WhatsApp, aplicativo de troca de mensagens, a foto de perfil de Moro é a foto de um crocodilo grande engolindo outro menor. Seu status é sempre “Na academia”. Apesar da paixão pelas aulas, o magistrado foi impedido de lecionar na UFPR por incompatibilidade de horários quando foi nomeado auxiliar de Rosa Weber. Ele chegou a mover uma ação contra a universidade, mas perdeu.
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Foi na Federal do Paraná que Sérgio Moro concluiu doutorado em 2002, orientado pelo doutor em Direito Administrativo Marçal Justen Filho. A paixão pelos crimes financeiros, aliás, foi despertada em Moro apenas durante o trabalho na Justiça Federal do Paraná, especialmente após sua atuação no caso Banestado.
Quando cursava Direito na UEM (Universidade Estadual de Maringá), o então estudante chegou a se questionar se queria mesmo seguir a carreira, e no Direito, pensava em ser advogado tributarista, pela afinidade que já tinha na época com números e valores.
A carreira de advogado de Sérgio Moro, no entanto, foi muito rápida. Ainda recém-formado e com 25 anos de idade, ele virou juiz federal e mudou-se de Maringá, onde nasceu, para Curitiba, onde conheceu a mulher, Rosângela Wolff.
Redação com R7
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