quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Problemas de visão excluem milhares de pessoas do prazer em assistir a TV e filmes em 3D

É preciso enxergar bem com os dois olhos simultaneamente para que o efeito aconteça

TV 3D Samsung


As TVs 3D, os filmes e games produzidos com essa tecnologia chegaram ao Brasil há pouco tempo e devem ser uma grande aposta da indústria nos próximos anos, mas muita gente pode ficar de fora do mundo tridimensional por não conseguir “enxergar” total ou parcialmente os resultados dessa inovação tecnológica.
O estrabismo – mau alinhamento ou desvio de um olho que faz com que a linha de visão não aponte ao mesmo objeto que o outro olho – é a principal disfunção que impede enxergar em 3D. Mas, de acordo com especialistas ouvidos pelo R7, o número de pessoas que têm a visão tridimensional prejudicada deve ser bem maior porque vários outros problemas na visão também fazem com que o 3D não seja percebido.
O 3D é uma ilusão construída na nossa mente a partir das imagens recebidas simultaneamente pelo olho direito e pelo olho esquerdo. A distância entre eles – de 6,5 cm, em média – faz com que cada olho receba a imagem da tela de TV ou do cinema em ângulos um pouco diferentes entre si. No cérebro, as duas imagens serão juntadas e ganharão profundidade, o que chamamos de terceira dimensão.
A TV ou tela do cinema vai emitir as ondas de imagens para cada olho e os óculos 3D funcionam como um filtro, como explica Mikiya Muramatsu, professor de física da USP (Universidade de São Paulo).
- Os óculos funcionam apenas como um sensor para receber as ondas de imagem e diferenciar os dois pontos de vista. A lente direita encaminha ao olho direito o que foi emitido para ele e a lente esquerda também faz o seu respectivo papel. A partir daí, o cérebro é que vai construir essa ilusão 3D.
Para ver em 3D é necessário que os dois olhos trabalhem juntos, enxergando bem.

Portadores de estrabismo tendem a enxergar melhor por um dos olhos e as duas imagens vindas da tela são processadas no cérebro com idêntica nitidez, luminosidade e brilho. As imagens podem parecer embaçadas, ou seja, o 3D não funciona.
O vendedor Guto Moniz, de Brasília, tem um problema ocular identificado desde criança que o impede de ver em 3D.
- Cheguei a usar tampão, dos 10 aos 13 anos de idade, mas não deu certo. Há cinco anos, ao entrar em uma sala de cinema que exibia uma produção em 3D eu via tudo embaçado. Abandonei o filme logo no começo.
No caso de alguém estrábico, o cérebro fica “preguiçoso” com o passar dos anos e “esquece” as imagens de um dos olhos, porque há muito tempo a mente foi se acostumando a bloquear uma das duas imagens para evitar sua duplicação.
Uma cirurgia não resolveria o problema, pois a operação tem basicamente uma finalidade estética.
Quanto antes uma criança fizer exame oftalmológico, aumentam as chances de evitar que o cérebro se acostume a ver mais por um dos olhos.
Claudio Lottenberg, oftalmologista e presidente do hospital Albert Einstein, explica que além do estrabismo, outros problemas que limitam a visão, como catarata, além de miopia e hipermetropia, podem impedir a percepção do 3D.
- Quem tem uma diferença de grau muito grande entre os dois olhos, acima de 2,5 graus, terá problemas para ver em 3D. Então, é possível dizer que o número de pessoas que não enxergam o efeito é muito maior do que se imagina.
O médico diz que é importante consultar com frequência um oftalmologista desde cedo. Assim, a visão amadurece o quanto deve durante a infância e adolescência. Estrábicos podem, por exemplo, usar na idade infantil um tampão como forma de estimular o olho “preguiçoso”.
Osvaldo Travassos, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Paraíba, conta que é comum a descoberta de que algo não vai bem com a visão após uma visita frustrada ao cinema 3D.
- Quem assiste a um filme 3D está diante de fatores que obrigam os nossos olhos a convergirem mais, dando a sensação de que a imagem saltou da tela. Desconforto em excesso, como tontura, náusea, dor de cabeça e enjoo são motivos para procurar um especialista.

Da Redação com R7

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