terça-feira, 26 de agosto de 2014

Relatório aponta 41 favelas sem segurança nas eleições, mas Pezão dispensa Exército

Relatório aponta intervenção de traficantes em campanhas na Rocinha

Relatório aponta intervenção de traficantes em campanhas na Rocinha Foto: Rafael Moraes / Extra
Apesar de admitir que não há segurança para que a campanha ocorra em 41 favelas do Rio, sendo dez pacificadas, o governo do Rio não planeja pedir que as Forças Armadas sejam convocadas, a exemplo do que ocorreu em 2012. Nesta segunda-feira, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) recebeu um relatório da Secretaria de Segurança afirmando que há interferência de traficantes e milicianos, por exemplo, em favelas do Lins, na Rocinha e nos complexos do Alemão e da Maré. O governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), no entanto, decidiu não pedir ajuda.
— Quem define a condução das políticas de segurança no estado é a Secretaria de Segurança. De acordo com a secretaria, até o momento, não há necessidade de requisição de forças federais para garantir a realização das eleições de outubro de 2014 — afirmou o governador.

Pezão descartou necessidade do Exército
Pezão descartou necessidade do Exército Foto: Marcelo Piu / Agência O Globo
Durante a sessão plenária do TRE, na tarde desta segunda, o desembargador eleitoral Fábio Uchôa apresentou o relatório. Segundo o texto, das 31 favelas sem UPP, 15 são dominadas por traficantes e 16, por milicianos. Uchôa defende que as Forças Armadas sejam chamadas antes do dia da eleição, para assegurar a normalidade da campanha.
— O relatório mostra que existem várias comunidades dominadas por bandidos em que os candidatos precisam pagar para entrar ou simplesmente são proibidos. A situação é caótica, por isso trouxe ao plenário — afirmou Uchôa.
Mas o presidente do TRE, desembargador Bernardo Garcez, lembrou que, por exigência do Tribunal Superior Eleitoral, o pedido de ajuda dependeria de Pezão.
— O governo do estado está cheio de meias palavras. Se o governo pode antever que boa parte das regiões com favelas está dominada, não entendo temor em esclarecer essa posição. A resposta sobre segurança dos eleitores não pode ser de um subalterno — cobrou Garcez, antes da resposta de Pezão.

Na favela do Guarda, placas só do deputado federal Marcelo Simão
 
Na favela do Guarda, placas só do deputado federal Marcelo Simão Foto: Marcelo Theobald / Agência O Globo
O procurador regional eleitoral, Paulo Roberto Bérenger, também é favorável.
— As denúncias já são suficientes e mostram que é necessária a entrada de forças nacionais na eleição do Rio — propôs o procurador Paulo Bérenger.
Segundo o relatório, na favela Vila Ipiranga, em Niterói, traficantes estão cobrando R$ 10 mil para permitir a entrada de candidatos. Já no Caramujo, também no município, candidatos ligados ao atual governador também seriam proibidos de entrar e tiveram suas propagandas retiradas do local. Há uma semana, PMs da UPP do Lins descobriram um local usado por traficantes para pintar, com tinta preta, propagandas de Pezão.
O cadastro de eleitores para o controle dos títulos eleitorais, mostrado pelo EXTRA há duas semanas, também foi confirmado pela secretaria. “A milícia vem atuando de forma diferente quanto ao pleito eleitoral. A secretaria identificou que milicianos vêm atuando no controle de cadastro de eleitores para a próxima eleição”, diz o relatório.

Mário Luiz (Carioca) com Extra

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