As lavouras germinaram, mas não chegaram à fase adulta, com o estado perdendo uma safra superior a 60 mil toneladas de grãos. De acordo com o secretário de Agricultura do Estado, Ruy Bezerra Cavalcanti Júnior, somente o governo do estado perdeu 1.400 toneladas de milho e feijão distribuídos com os agricultores. o suficiente para gerar uma produção de mais de 28 mil toneladas, caso o Inverno fosse satisfatório.
Bezerra informou que 84 mil famílias agricultoras no estado receberam os grãos, plantaram mas não tiveram o lucro por falta de chuva. Ele argumentou que o estado resolveu doar as sementes porque os meteorologistas apontavam, no início do ano, para um período regular de inverno na Paraíba.
A indicação era de que 40% seria de inverno abaixo da regularidade, 35% na média e 25% acima da média. "Se somarmos 35% da regularidade com os 25% acima da regularidade, teríamos 60% de bom inverno contra 40% do abaixo da média. Por isso resolvemos fazer a distribuição. Depois, passaram a falar do fenômeno El Ñino e tudo deu errado", desabafou.
Alguns agricultores, inclusive, sequer tiveram condição de plantar por falta de chuva. Apesar do prejuízo, Ruy informou que os agricultores vão receber o valor de R$ 600 cada, em quatro parcela, do Seguro Safra. Todos, segundo ele, foram cadastrados e, como a perda superou os 50% das suas lavouras, terão direito ao Seguro.
Os primeiros a perderem as lavouras foram os sertanejos paraibanos, onde o período chuvoso começa mais cedo, a partir do mês de fevereiro até o mês de maio. O agricultor Geraldo Anacleto, 58 anos, residente em São Gonçalo, na região sertaneja, disse que perdeu cinco hectares de plantaçõesde milho, feijão, melancia e jerimum este ano.
"Eu não sei o que aconteceu este ano; a seca acabou com tudo. Fez uma ameaça de chuva, nós plantamos e perdemos tudo. Isso foi em todo o Sertão da Paraíba", afirmou.
Em Campina Grande, onde residem cerca de 20 mil famílias de agricultores, a situação não foi diferente. De acordo com o coordenador de Desenvolvimento Rural, Vladimir Chaves, a prefeitura distribuiu no início do ano cerca de 20 toneladas de sementes de milho e feijão a cerca de 3.600 agricultores da zona rural do município. Ele afirmou que ninguém conseguiu lucrar.