terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Polêmicas podem minar chance de ‘aliada’ em suceder Agra

Polêmicas podem minar chance de ‘aliada’ em suceder Agra  
TIRO NO PÉ: posturas polêmicas quanto a casamento gay e aborto podem minar chance de ‘aliada’ em suceder Agra na corrida eleitoral

Cotada para substituir o prefeito Luciano Agra (PSB), na disputa pela Prefeitura Municipal de João Pessoa, a Secretária de Infraestrutura do Governo Municipal, Estelizabel Bezerra, pode bater de frente, caso escolhida, com posturas polêmicas e conversadoras, a exemplo do casamento gay e também da liberação do aborto.

Esta ultima, por exemplo, vai de encontro com a Constituição Federal e também com os preceitos religiosos.

Estelizabel é abertamente defensora da descriminalização do aborto e da união de pessoas do mesmo sexo. Há quem diga que a postura desprendida da socialista pode prejudicar a cotação da Secretária para a disputa municipal, justamente por ser polêmica.

O próprio, hoje governador, Ricardo Coutinho (PSB) foi vítima de críticas por defender a liberação da maconha, chegando a ser prejudicado pela veiculação de áudios em que se dizia a favor da erva.

Tempos depois Ricardo teve que ‘adaptar’ o pensamento sobre o uso da maconha para não ser alvo das forças conservadoras no pleito estadual.

Mesmo diante das polemicas, Estelizabel poderá não modificar a postura com relação aos dois temas, já que em recente artigo publicado em um Centro Feminista de Estudos e Assessoria, ela defende categoricamente a imposição de sua opinião sobre o tema.

Confira o artigo na integra publicado e assinado por Estelizabel no CFMEA (Centro Feminista de Estudos e Assessoria), é válido lembrar que o CFMEA é uma organização não-governamental, sem fins lucrativos. O feminismo, os direitos humanos, a democracia e a igualdade racial são os principais marcos políticos e teóricos dessa instituição.

Sediado em Brasília, o Centro atua nacional e internacionalmente em favor da cidadania plena para as mulheres e de relações de gênero igualitárias e fraternas. Lutando, de forma autônoma e não partidária, por uma sociedade e Estado justo e democrático.

Confira o artigo produzido por Estelizabel na íntegra: 

Chega, aborto  não é crime

     


 Estelizabel Bezerra de Souza Integrante do Cunhã - Coletivo Feminista(PB)

Esta frase exprime bem o sentimento feminista com relação à situação na qual as mulheres abortam no Brasil. As vésperas do dia 28 de setembro, que marca a data simbólica da Campanha Latino Americana e Caribenha pela descriminalização do aborto e com o Projeto de Lei - PL 21 que suprime o artigo 128 do código penal - tramitando na Comissão de Seguridade Social e Família, os movimentos feministas e de mulheres são chamados ao enfrentamento.

Pela frente, o desafio de, a partir dos diversos talentos, acúmulos e experiências adquiridas nestes últimos 20 anos de atuação, reanimar o debate entre nós mesmas, identificar e estabelecer diálogo com possíveis aliados, manter o fluxo de informação com a Região da América Latina e Caribe, ocupar os espaços da mídia, ganhar a opinião pública e influir junto ao poder público.

A decisão brasileira é ter o foco dirigido para o PL-21 e para a opinião pública, a proposta que vem sendo formulada pelo Cunhã-Coletivo Feminista/ PB (ponto focal da Campanha) conjuntamente com Católicas pelo Direito de Decidir, CFEMEA, Instituto Patrícia Galvão/SP e ainda em negociação junto à IWHC (International Women's Health Coalition), prioriza a iniciativa local considerando a total autonomia dos grupos e o respeito às habilidades e possibilidades de cada lugar. Em sintonia com a ação local, serão ocupados painéis eletrônicos em algumas capitais brasileiras e confeccionados cartões postais dirigidos à população como veículo de suporte que serão distribuídos para todo o país. A expectativa é que o 28 de setembro venha a envolver a Articulação de Mulheres Brasileiras e a Articulação de Mulheres Negras para potencializar a ação de respon-sabilidade da Rede Feminista de Saúde.

A ação que visa descriminalizar o aborto no Brasil e em mais 20 paises da América Latina e do Caribe, vem se desenvolvendo nos últimos 13 anos, enfrentando momentos motivantes como o que ocorre no Uruguai - onde a lei que despenaliza o aborto tramita no Senado - e momentos preocupantes como o que ocorre no Brasil.

No que se refere ao aborto, os movimentos feministas e de mulheres brasileirasse deparam com um grande desafio que tem como arena a opinião pública e como opositor a atuação reanimada dos seguimentos conservadores. A preocupação relativa ao recrudescimento fundamentalista ocidental, bem expresso no posicionamento do Vaticano - a exemplo das reedições de pecados e da recente condenação da união civil entre pessoas do mesmo sexo - e na demonstração de poder do imperialismo Estadunidense que repercutem nas forças conservadoras brasileiras, exige reação enérgica e reformulação de nossa prática.

Pode-se afirmar que na década de 90 priorizamos a garantia da assistência ao aborto previsto em lei fazendo multiplicar na rede pública de saúde os programas de atenção às mulheres vítimas de violência sexual. Contudo, essa luta não está ganha, esses programas (total de 24), ainda não distribuídos plenamente em toda a rede, já demandam monitoramento e apoios permanentes tendo, na maioria das vezes, fragilidades políticas e precariedades no seu funcionamento. É possível perceber que o posicionamento estratégico pela conquista do atendimento ao aborto previsto em lei fragilizou o foco da ação pela descriminalização do aborto tornando-o um tema periférico na agenda feminista Brasileira. Esse breve contexto descreve parte do ambiente no qual a campanha pela descriminalização do aborto precisa se desenvolver e provoca nossa criatividade ao combate.

A campanha regional e a situação brasileira

A campanha 28 de setembro pela descriminalização do aborto na América Latina e no Caribe é uma articulação instituída em 1990 durante a realização do V Encontro Feminista Latino-Americano e Caribenho, ocorrido na Argentina, como resposta aos inúmeros casos de mortes, seqüelas e traumas que acontecem diariamente com milhares de mulheres que recorrem ao aborto clandestino na Região.

A necessidade de se articular para organizar e sistematizar a luta pelo direito de decidir é a grande força motriz da campanha que integra 21 países e sete redes regionais. A sua gestão se dá por uma coordenação regional e pelos grupos focais responsáveis pela ação da campanha em cada país. No momento, a coordenação Regional é da responsabilidade do grupo Flora Tristán no Peru e o Cunhã - Coletivo Feminista/ PB responde pelo Ponto Focal Brasileiro como representante da Rede Feminista de Saúde.




Da Redação com PB Agora

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