Para polícia, Michel Costa foi responsável por batidas e tiros.
Crime ocorreu na segunda; ele disse que não tentou matar ninguém.
Administrador de empresas se entrega em São
Paulo (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)
O administrador de empresas Michel Goldfarb Costa, de 34 anos, suspeito
de provocar uma série de acidentes em São Paulo na manhã de
segunda-feira (9), se entregou à polícia na noite desta quarta-feira
(11).Paulo (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)
Ele chegou junto com seu advogado e com a namorada por volta das 20h15 no 26º Distrito Policial, no Sacomã.
Costa afirmou aos jornalistas que não tentou matar ninguém. Segundo ele, os tiros não foram disparados na direção das pessoas, mas nas maçanetas dos veículos. "Estava em fuga e pedia para as pessoas saírem do carro. Eu falava: 'sai, sai'. E elas não saíam. Eu atirava na fechadura para abrir o carro", afirmou.
Segundo as investigações, ele bateu em pelo menos dois carros e um ônibus, baleou um homem na barriga e feriu outro de raspão.
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Costa afirmou que saiu de casa após seus cães latirem e ele pensar que
haviam invadido sua casa. "Eu desci para pegar minhas coisas, para bater
em fuga, para preservar minha vida. Nesse momento, fui pegar minha
carteira, meu celular e eles tinham desaparecido. Só estavam lá a chave e
o controle da garagem." Ele contou que já estava com a arma na cintura e
o colete à prova de balas.O administrador, que chegou de sandálias, bermuda e vários ferimentos pelo corpo, contou que já haviam jogado pedras em sua casa. E afirmou que por conhecer bem seus cachorros sabia que algo de errado estava contecendo. Ele disse que achava que estava sendo seguido por vizinhos. "Não estou imputando a eles a culpa. Eu não vi ninguém, ouvi só o barulho e os cães latindo", disse.
Costa apareceu na delegacia com ferimentos na
perna (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)
Costa afirmou que mesmo após parar o último carro roubado ainda sentia
estar sendo perseguido e, por isso, se escondeu em um cano de esgoto
próximo ao Rio Tietê. Ele calculou ter ficado cerca de 12 horas no
local. "Quando vi que o pessoal não estava perto, eu saí. Tenho indícios
de que eles estavam perto. Eu ouvia as vozes."perna (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)
Ele contou que saiu a pé do cano de esgoto e seguiu até a casa do pai.
"Quero dizer a todo o Brasil que o que eu fiz foi uma atitude errada. É melhor se prevenir e colocar câmera em casa para não ter esse tipo de paúra, esse medo de morrer."
Costa afirmou que bebeu apenas duas cervejas antes de sair de casa dirigindo e negou que tenha utilizado drogas, apesar de admitir já ter sido usuário. Ele também disse que nunca teve nenhum problema psiquiátrico e que apenas fez "terapia".
No fim da entrevista, pediu perdão às vítimas da fuga alucinada. "Quero dizer a todas as pessoas que passaram pelo perigo da minha fuga, perdão. Foi uma atitude muito errada."
O delegado responsável pelo caso, Marcos Antônio Manfrin, do 26º Distrito Policial, disse acreditar que o administrador tenha tido um "surto psicótico". "Aparentemente não há motivação, a não ser um surto", afirmou. O policial acrescentou que ao menos 20 tiros foram disparados.
Segundo o delegado, foi encontrada uma pequena quantidade de maconha na residência de Costa. Ele disse que Costa será interrogado nesta quinta pela manhã e que testemunhas serão chamadas para fazer o reconhecimento. O administrador será indiciado por quatro tentativas de latrocínio, tentativas de homicídio que não foram quantificadas ainda, disparos de arma de fogo e lesões corporais.
A namorada de Costa prestou depoimento na segunda. Ela o descreveu como uma pessoa fechada, com poucos amigos, quase nenhum contato com a família e que não trabalhava.
'Dia de fúria'
O tenente da Polícia Militar Guilherme Willian Pacheco definiu a ação como um "dia de fúria". Segundo ele, a ação "foge do padrão de um assalto". “Ele em um dia de fúria e loucura teria pego uma arma e um colete e efetuado vários disparos em via pública”, afirmou.
Costa levou colete à prova de balas usado por ele
(Foto: Paulo Toledo Piza/G1)
Os policiais descobriram a identidade do suspeito após constatarem que
ele é o dono do Corolla encontrado na Avenida dos Bandeirantes, na Zona
Sul.(Foto: Paulo Toledo Piza/G1)
O Corolla, após derrapar, foi visto pela primeira vítima do criminoso, o taxista Elias da Silva, de 37 anos, que levava uma passageira para o aeroporto. Ele parou no semáforo e foi abordado pelo homem armado com uma pistola calibre 380.
Para o tenente, a ação foge do padrão. “Em nenhum momento ele falou 'desce, que é um assalto', como a gente costuma ver. Ele atirou, depois tirava a pessoa de dentro do carro. Foge do padrão de um roubo normal."
Em alta velocidade, o suspeito, que havia roubado o táxi nas proximidades do Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul, colidiu com um Fiat Brava na Avenida Presidente Tancredo Neves, próximo da Avenida Nossa Senhora das Mercês. Um Fiat Idea também foi atingido.
"Eu só ouvi a pancada. Foi tão forte que eu pensei que era um caminhão. Só pensava no meu filho”, afirmou David Neves, técnico em instalação de TV a cabo, que dirigia o Fiat Brava. A mulher dele, de 28 anos, e o filho, de 2 meses, tiveram que ser levados ao Hospital Cruz Azul, mas passavam bem. “Minha mulher deve ter uns arranhões, mas está em choque. Meu filho estava na cadeirinha. Eles estão só estão em observação. Está tudo bem.”
Depois da colisão, o criminoso deixou o carro e saiu atirando para todos os lados. Ele baleou o motorista de uma EcoEsport e tentou fugir no carro, mas não conseguiu. Posteriormente, o criminoso atirou contra um Logan. “Acho que ele queria o meu carro para fugir”, disse o engenheiro Ademir Carlos Guerretta, de 61 anos, que ia para o trabalho no Logan. O tiro atingiu o engenheiro de raspão no braço.
O ladrão abordou, então, a professora Ivete Souza Cruz, de 48 anos, que estava no Polo prata. “Ele atirava a esmo. Ele deu um tiro na maçaneta e tentou me tirar com cinto e tudo. Ele me arrancou do carro. Não tinha percebido que ele estava ferido, mas estou com a roupa toda suja de sangue dele”, disse a professora.
À frente, já próximo à Rua Vergueiro, ainda na Avenida Presidente Tancredo Neves, ele colidiu com um ônibus. Para prosseguir em fuga, um Ford Ka foi roubado, com o qual seguiu até o Parque Dom Pedro, no Centro de São Paulo. Nesse ponto, ele roubou um Celta e seguiu até a Ponte da Casa Verde. Depois, desapareceu.
O motorista da EcoEsport foi levado para o Hospital Heliópolis, onde passou por uma cirurgia. Segundo um familiar da vítima, a bala perfurou a barriga e ficou alojada na perna.
Da Redação com G1
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