Preso há 12 anos e condenado a mais de 110 anos de
prisão, o
ex-deputado federal e ex-coronel da Polícia Militar Hildebrando Pascoal -
o "homem da motosserra" - driblou a vigilância da penitenciária de
segurança máxima do Acre e enviou duas cartas de ameaça e extorsão a
autoridades do Judiciário local. Ele exige dinheiro e afirma ter fatos a
revelar aos Conselhos Nacional de Justiça (CNJ) e do Ministério Público
(CNMP), conforme revelou o Estado no domingo, na coluna Direto de
Brasília, de João Bosco Rabello. As cartas integram um inquérito
sigiloso em tramitação no Ministério Público do Acre.
Na carta enviada à procuradora, Hildebrando pede que ela lhe envie R$
6 mil "para me manter e manter minha família". E prossegue: "Caso não
me atenda, tenha a gentileza de encaminhar esta carta para os órgãos
competentes, pois caso contrário eu a encaminharei e apresentarei
esclarecimentos provando os fatos".
O Ministério Público atribui as ameaças e tentativa de extorsão à
cassação da patente de coronel da PM, decretada em 2005, mas que se
efetivou no ano passado, com o trânsito em julgado (esgotamento dos
recursos) da decisão. O ex-deputado explicita esse ressentimento na
carta: "Você (Vanda) conseguiu com sua turma tirar a minha patente e o meu salário, posição que conquistei, com honra".
Eva foi a juíza-revisora do processo de cassação da
patente. "É claro
que me senti constrangida. Em 36 anos de magistratura, nunca fui
ameaçada", disse Vanda ao Estado. Ela encaminhou a carta ao Ministério
Público e ao presidente do TJ, pedindo reforço na ronda feita em sua
residência.
Caneta. Na carta a Eva, Hildebrando diz que a única
arma que possui no momento é uma "caneta" e avisa que pretende usá-la.
Em 2009, ele foi julgado e condenado por um dos crimes mais bárbaros da
década de 90: a morte de Agilson Santos, o Baiano. Segundo o MP, em
julho de 1996, ele teve os olhos perfurados, braços, pernas e pênis
amputados com o uso de uma motosserra. Ele teria sido morto por não
revelar o paradeiro de José Hugo Alves Júnior, suspeito de matar Itamar
Pascoal, irmão de Hildebrando.
Na mesma carta, afirma que teria presenciado Vanda entregar a Eva o
gabarito das provas do concurso para o MP em que a filha dela, Gilcely,
teria sido aprovada. Na carta a Vanda, acusa-a de sabotar uma reunião em
que ele tentaria encerrar as desavenças com o desembargador Gercino da
Silva Filho, mediada pelo então governador Orleir Cameli.
Da Redação com O Estadão
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