Estudantes, desempregados e trabalhadores fazem manifestações.
Ministro do Interior diz que insatisfação pode levar a 'espiral de rebelião'.
Polícia entra em confronto com estudantes durante protesto em universidade de Roma (Foto: Daniele Leone, Lapresse/AP)
Caminhoneiros, pequenos empresários, desempregados, estudantes e
trabalhadores malremunerados realizam há quatro dias manifestações em
cidades do país, desde Turim, no norte, até a capital da Sicília, no
sul."Nossa universidade não é uma passarela para aqueles que querem vender austeridade", dizia uma faixa no protesto em Roma.
Passeadas, concentrações e outros protestos continuaram em Milão, Turim, Florença e na capital siciliana, Palermo. Manifestações maiores estão programadas para a capital italiana na próxima semana.
"Há milhões de nós e estamos crescendo a cada hora. Esse governo tem de sair", disse o agricultor Danilo Calvani, que emergiu como um dos líderes dos protestos.
O ministro do Interior, Angelino Alfano, disse ao Parlamento que a insatisfação poderia "conduzir a uma espiral de rebelião contra as instituições nacionais e europeias".
Protestos de várias categorias irrompem em Roma e Milão (Foto: Daniele Leone, Lapresse/AP)
Os protestos são alimentados pela queda da renda, desemprego acima de
12% - dos quais um número recorde de 41% têm menos de 25 anos -,
corrupção e escândalos entre os políticos, que de modo geral os
italianos consideram que buscam apenas servir aos seus interesses, e não
aos do país.O objetivo exato da manifestação permanece vago, a não ser pela exigência de substituição do governo e dissolução do Parlamento. As metas variam muito e incluem críticas ao órgão de coleta de impostos e ao aumento dos preços dos combustíveis, à elite privilegiada e ao euro.
Alfano disse aos parlamentares que o governo compreende "o sofrimento das pessoas pobres", mas não irá permitir que a violência continue. Catorze policiais ficaram feridos e lojas e outras propriedades foram danificadas nos últimos dias. "Nós pretendemos defender a liberdade de nossos cidadãos viverem em segurança e de nossos comerciantes fazerem negócios", disse ele.
Alfano afirmou que o governo tentou manter diálogo com os manifestantes, mas isso foi difícil porque há muitos grupos diferentes e nenhum líder evidente.
Sem partido
Embora a maioria dos manifestantes insista não ter nenhuma filiação política, vários partidos, como o movimento antissistema Cinco Estrelas, e a Liga Norte, pró-autonomia do norte, expressaram apoio aos protestos.
Na quarta-feira (11), o líder de centro-direita Silvio Berlusconi propôs reunir-se com uma delegação de caminhoneiros que integram o movimento, mas se retirou no último momento e foi substituído por um de seus aliados.
Mario Borghezio, um proeminente membro da Liga Norte no Parlamento Europeu, aproveitou os protestos desta quinta-feira para atacar o euro e o dirigente do Banco Central Europeu, Mario Draghi. "O vento da revolta que está soprando hoje na Itália é resultado direto do euro e as escolhas erradas feitas pela UE e o BCE", disse ele durante um depoimento do dirigente do banco no Parlamento Europeu.
Mário Luiz (Carioca) Com G1
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