A advogada de Lindemberg disse que seu cliente falará pela primeira vez sobre o caso no julgamento. O acusado se manteve em silêncio em todas as vezes que foi chamado a prestar depoimento. No julgamento, ele também poderia ficar calado.
Lindemberg deixou, por volta das 6h20, o presídio de Tremembé 2, em direção ao Fórum de Santo André. O veículo em que ele estava foi escoltado por seis policiais que seguem em dois carros da Polícia Militar.
Pouco antes das 7h, já havia pessoas em uma fila em frente ao fórum, aguardando por uma vaga para conseguir acompanhar o julgamento. Policiais militares faziam a segurança do local.
Além desse crime, o réu responde por duas tentativas de homicídio (contra Nayara Rodrigues da Silva, baleada no rosto, e o sargento da Polícia Militar Atos Antonio Valeriano, que escapou de um tiro); cárcere privado (de Eloá, Victor Lopes de Campos, Iago Vilera de Oliveira e duas vezes de Nayara) e disparo de arma de fogo (foram quatro) praticados entre os dias 13 e 17 de outubro de 2008 dentro do apartamento onde Eloá morava, no segundo andar de um bloco da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) no Jardim Santo André.
No presídio, que fica a cerca de 140 km da capital, Lindemberg trabalha para uma fábrica que produz peças para boxes de banheiro. Ele participa de grupos de oração e costuma ler bastante. Na madrugada, algumas pessoas já aguardavam na frente ao Fórum para assistir ao julgamento. Cerca de 170 senhas serão distribuídas para o público.
O julgamento de Lindemberg
está marcado para iniciar às 9h e deve durar três dias, segundo o
Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). Ao todo, foram arroladas 19
testemunhas para prestarem depoimentos, que poderão ser gravados pela
Justiça. Pela lei, as testemunhas que moram fora de Santo André não
precisam comparecer. Mais de 180 pessoas deverão assistir ao júri na
plateia, entre parentes do réu, familiares das vítimas, público
interessado que adquiriu senhas, membros da Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB), estudantes de direito, magistrados do Tribunal de Justiça
de São Paulo (TJ-SP) e jornalistas (serão cerca de 50 profissionais). A
segurança em torno do fórum será reforçada pela PM para garantir a
integridade física das pessoas que participarão do júri. Estão sendo
aguardados eventuais protestos do lado de fora do prédio.
Depois será feito o interrogatório de Lindemberg, que está preso
preventivamente na Penitenciária de Tremembé, no interior de SP, à
espera do júri. Quando foi preso pela PM, ele nunca falou oficialmente
sobre o desfecho do sequestro na delegacia, na reconstituição e na
audiência de instrução na Justiça. Terá de comparecer agora ao fórum,
mas tem o direito continuar em silêncio se quiser e não responder a
nenhuma pergunta.Sete jurados vão votar secretamente e decidir se o acusado é culpado ou inocente. Em seguida, a juíza Milena Dias, que presidirá o júri, contará os votos e dará a sentença de condenação ou absolvição do réu. Segundo o Ministério Público, responsável pela denúncia, se Lindemberg for condenado por todos os crimes atribuídos a ele, a pena mínima poderá ser de 50 anos e a máxima de 100 anos de reclusão. Pela legislação do país, no entanto, ninguém pode ficar preso a mais de 30 anos.
G1
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