Um ano após massacre em Realengo, R7 entra
na escola e mostra que segurança é falha
Sem identificação, reportagem entrou em quatro colégios; prefeitura vai investigar
Equipe
do R7 entrou facilmente na Tasso da Silveira; em 2011, no mesmo
horário, o atirador Wellington Menezes de Oliveira matou 12
O ex-aluno deu a desculpa de que iria apresentar uma palestra em comemoração aos 40 anos da escola. Lá dentro, Wellington atirou em 24 estudantes. Assim como o atirador, a equipe do R7 não precisou se identificar para passar pelo portão principal e ir à secretaria da unidade buscar informações sobre vagas.
Por alguns minutos, a reportagem se misturou aos alunos que estavam no pátio e percorreu dependências da escola, que não contavam com a presença de guardas municipais ou vigias. Para pais, alunos e professores, as promessas de mais segurança na Tasso da Silveira ficaram para trás.
Mãe da menina Thayane, de 14 anos, que perdeu os movimentos das duas pernas depois de ser baleada pelo atirador, Andreia Tavares teme que a filha seja vítima de uma nova tragédia na escola. Apesar das reformas, o colégio, segundo ela, continua vulnerável à violência e à falta de segurança.
- Se fosse hoje, aconteceria novamente, porque um qualquer pode entrar na escola a todo momento. Para mim, continua do mesmo jeito. Se você fosse louco, psicopata ou bandido, chegaria atirando em todo mundo. Eu acho que a escola só está bonita. Não é impossível entrar.
A professora Leila D’Angelo também tem a mesma preocupação. Funcionária da escola há 18 anos, ela estava na sala em que Wellington entrou e fez as primeiras vítimas.
- Se eu vejo uma pessoa estranha na escola, eu volto a me assustar. Hoje, por exemplo, eu entrei no elevador com um homem desconhecido e já fiquei com medo.
As paredes coloridas e as novas instalações da escola não devolveram a tranquilidade aos alunos. O estudante Isaías de Souza Teixeira, de 12 anos, diz que os visitantes não passam por uma revista na entrada, o que reforça a sensação de insegurança dentro do colégio.
- Eles não revistam ninguém na portaria. Qualquer pessoa pode entrar com uma arma ou faca na bolsa.
R7 testou outras escolas na zona oeste
No ano passado, o R7 testou a segurança de 12 escolas municipais espalhadas por toda a capital fluminense. Nos colégios vizinhos à Tasso da Silveira, a reportagem constatou falhas na segurança. Um ano após o massacre, a equipe retornou às instituições e nada mudou.
A 3 km da Tasso da Silveira, no Ciep Thomas Jefferson, que fica próximo de uma comunidade dominada pelo tráfico de drogas, os portões estavam abertos e sem nenhum funcionário por perto.
A Escola Municipal Moacyr Padilha, em Padre Miguel, fica perto de uma das entradas da Vila Vintém, outra favela comandada por traficantes armados. Lá, o R7 flagrou os dois portões da instituição abertos durante o horário das aulas no turno da manhã.
Um funcionário chegou a dizer que a escola não recebe a visita de guardas municipais. Na Escola Municipal Presidente Roosevelt, em Realengo, a reportagem também não teve dificuldades para entrar.
Prefeitura abre sindicância para apurar “invasão”
Procurada pelo R7, a Secretaria Municipal de Educação informou que abrirá uma sindicância para apurar em que circunstância ocorreu a entrada da equipe de reportagem nas escolas da zona oeste, sem que houvesse a identificação dos visitantes.
Segundo a secretaria, a entrada só deveria ser permitida com o uso de crachás de identificação, que são obrigatórios, inclusive para professores e funcionários das escolas.
A secretaria informou ainda que todas as escolas receberam determinações por escrito sobre como agir em caso de entrada de visitantes nas unidades. A proposta da Prefeitura do Rio, segundo a secretaria, é abrir as escolas de forma organizada para a comunidade.
Já a GM (Guarda Municipal), que é responsável pelas rondas escolares, informou que três agentes estavam na Escola Municipal Tasso da Silveira no dia da visita do R7. Segundo a GM, eles estariam em uma sala de monitoramento de câmeras.
Apesar da justificativa da GM, uma professora, que não quis se identificar, disse que o espaço (sala de monitoramente) não existe e que as imagens são monitoradas pelos funcionários, na secretaria da escola.
Escola foi reformada; instalações ganharam cores e climatização. Foto: Jadson Marques/R7
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