Complexo que inclui PB1 e PB2 foi destruído em rebelião de 18 horas.
Washington França confirmou que não vai haver transferências de detentos.
A reconstrução do Complexo Penitenciário de Segurança Máxima Romeu
Gonçalves de Abrantes, mais conhecido como PB1 e PB2, que foi
parcialmente destruído por uma rebelião que durou cerca de 18 horas, vai
demorar ao menos um mês. A informação foi dada nesta quinta-feira (31)
pelo secretário de Administração Penitenciária da Paraíba, Washington
França, em entrevista à TV Cabo Branco.
De acordo com a direção do complexo, os detentos destruíram três dos
quatro pavilhões do local. O motim no PB1 e no PB2 aconteceu entre a
terça-feira (29) e a quarta-feira (30) e no mesmo período também houve
rebelião na Penitenciária Flósculo da Nóbrega, o Roger, em João Pessoa.
“Acredito que nos próximos 30 ou 40 dias nós vamos estar com esse
ambiente recuperado”, disse Washington França. Ele também confirmou que
apesar da situação do complexo não vai haver transferência de detentos.
“Visitamos o ambiente e avaliamos que mesmo com a situação de depredação
seria mais seguro mantê-los naquela unidade”, completou. Os detentos
estão abrigados na área de emergência do complexo.
Após tumulto, Pavilhão 2 do PB2 ficou destruído (Foto: Divulgação/Seap)
O secretário também falou sobre a morte de um detento durante a
rebelião. Ele disse que os policiais que estavam no presídio no motim
estavam trabalhando com armas não-letais e disse que os presidiários
também estavam armados. “Um inquérito vai ser aberto e tudo vai ser
apurado”, enfatizou garantindo que o fato será investigado. Washington
negou que tivessem bananas de dinamite tenham sido encontradas durante
operação pente fino no complexo, de acordo com ele são “artefatos
artesanais utilizados como explosivos”.
Ele admitiu que existem falhas na segurança dos presídios da Paraíba.
“Não existe segurança 100% em nenhuma unidade prisional do mundo”,
completou.
Durante a manhã o gerente executivo do Sistema Penitenciário da
Paraíba, tentente-coronel Arnaldo Sobrinho, realizou uma vistoria para
avaliar os prejuízos causados pelos detentos nas unidades prisionais.
Rebeliões
Rebelião teve início na noite de terça-feira
(Foto: Walter Paparazzo/G1 PB)
Por volta das 20h da terça-feira (29) detentos das penitenciárias
Desembargador Flósculo da Nóbrega, mais conhecidos como Roger, e
Complexo Penitenciário de Segurança Máxima Romeu Gonçalves de Abrantes,
mais conhecido como PB1 e PB2, iniciaram as rebeliões.
No Complexo de Segurança Máxima PB1 e PB2 na noite da terça-feira os
detentos atearam fogo em objetos, provavelmente, em colchões. Um dos
detentos foi ferido com um tiro na cabeça e encaminhado para o Hospital
de Emergência e Trauma. Ele chegou em estado gravíssimo e morreu às
18h30 da quarta-feira (30) no hospital.
Já no presídio do Roger, na quarta-feira (30) os detentos também
atearam fogo em áreas dos pavilhões. A Secretaria de Comunicação da
Paraíba informou às 10h30 que a rebelião no Roger já havia sido contida,
mas às 11h30 os detentos incendiaram mais objetos e barulho de tiro foi
ouvido. De acordo com Josenildo Porto, diretor da penitenciária, os
tiros foram disparados para que os detentos descessem do teto do
presídio e são usadas armas não letais. Ele está negociando com os
rebelados e o fogo foi controlado
Um comitê de negociações foi formado pelas Secretarias de Segurança e
Defesa Social, Administração Penitenciária, Comando da PM, Bombeiros e
Pastoral Carcerária, para realizar as negociações com os detentos. Após
18 horas de tumulto as rebeliões foram controladas ainda na quarta-feira
(30).
Motivos
O presidente da Ordem dos Advogados (OAB) do Brasil, seccional Paraíba,
Odon Bezerra, afirmou que entrou em contato com os rebelados e eles
apontaram dois possíveis motivos para os tumultos registrados nos
presídios. Odon disse que os presidiários falaram que a briga entre duas
facções criminosas deu início ao tumulto. Uma outra causa apontada pelo
advogado, foi o atraso nos processos penais.
Mário Luiz (Carioca) com G1 PB