Quadrilhas treinam por meses para disputa em Campina Grande

Concurso entre grupos de dançarinos movimenta festa de São João.

Participantes chegam a pagar por suas próprias fantasias.

Apresentação da quadrilha junina Chamego Medonho, na noite de segunda-feira (Foto: Daniel Buarque/G1)

Jovens com roupas bem coloridas corriam com grande ansiedade de um lado para o outro no início da noite de segunda-feira (20) em uma das principais áreas da festa junina de Campina Grande, na Paraíba. Eles se revezavam em grupos de quase cem pessoas em apresentações de quadrilhas que representavam bairros do agreste da Paraíba, em uma disputa que concentra as atenções de comunidades locais por quase todo o ano.
A disputa de grupos de quadrilhas juninas é um dos principais eventos das cidades que festejam o São João no Nordeste. A organização do evento, a estrutura da disputa, os quesitos de avaliação e o visual chegam a lembrar os desfiles de escolas de samba do carnaval do Rio de Janeiro e de São Paulo.
“São dois espetáculos parecidos”, disse ao G1 Bruno Rocha, presidente da associação de quadrilhas juninas. Segundo ele, a cada ano, dezenas de grupos tentam inovar e criar uma apresentação diferente. “A rivalidade é muito grande, e todas as comunidades querem ganhar.
Cada quadrilha é avaliada em itens como o casamento matuto, entrada, saída, marcador, animação, harmonia, coreografia, repertório musical e o figurino.

 

Quadrilha junina Chamego Medonho se apresenta
em Campina Grande (Foto: Daniel Buarque/G1)

A premiação é feita com um troféu e com um prêmio simbólico em dinheiro. “As vencedoras ganham R$ 3 mil”, disse Rocha. “Todos querem ganhar, mas é mais pelo mérito e por poder disputar concursos regionais de que pelo dinheiro”, contou.
O desapego financeiro da disputa fica evidente no caso da quadrilha que ganhou a disputa de Campina Grande neste ano. Os 96 integrantes que dançaram na quadrilha vencedora da cidade não apenas participam sem receber pagamento, como todos têm que pagar por suas próprias fantasias.
Cada um dos dançarinos gasta entre R$ 350 e R$ 400 com as roupas usadas na apresentação, mas não é nada que desanime os grupos, segundo Mahatma Gandhi, presidente da quadrilha Moleka 100 Vergonha, que venceu a disputa neste ano pela quarta vez.
“Passamos oito meses nos preparando, ensaiando, planejando essa apresentação”, disse Gandhi. Ele explicou que há um estudo para definir os temas e as formas da apresentação da quadrilha. O grupo liderado por ele dançou sob o tema “Crenças e Crendices”, e vai agora disputar a etapa paraibana do concurso.
Da Redação com G1