Tiros que atingiram Matemático partiram de helicóptero, diz piloto
Traficante foi encontrado morto dentro de um carro em Bangu.
Para Beltrame, morte de Matemático não é um troféu.
Os tiros que atingiram o traficante Márcio José Sabino Pereira, o Matemático, foram disparados de um helicóptero, disse neste sábado (12) o piloto da Polícia Civil Adonis Oliveira. Ele falou em entrevista coletiva na sede da Polícia Federal do Rio, na Zona Portuária, da qual participam policiais militares, civis e federais, entre eles o comandante do 14º BPM (Bangu), tenente-coronel Alexandre Fontenelle.
Ao RJTV o subchefe operacional da Polícia Civil, Fernando Veloso, confirmou que os tiros partiram de um helicóptero.
"A Divisão de Homicídios esteve cedo no local e o delegado me afirmou que não há dúvidas deque os disparaos que atingiram não só Matemático, mas como alguns de seus comparsas, partiram da aeronave", disse.
Ele explicou que a ação começou no final da noite de sexta-feira (11) e entrou pela madrugada deste sábado e que foi um trabalho integrado das polícias Federal, Civil e Militar.
"O tráfico não acabou e o trabalho da polícia também não", completou.
Representantes das polícias Civil, Militar e Federal
falam sobre a ação que resultou na morte de
Matemático (Foto: Alba Valéria Mendonça/G1)
O traficante foi encontrado morto dentro de um Gol preto carro próximo
ao antigo viaduto de Bangu, na Zona Oeste do Rio. O chefe da Delegacia
de Repressão a Entorpecentes (DRE), da Polícia Federal, delegado João
Luiz Araújo, explicou que o trabalho em conjunto entre as polícias já
vinha sendo desenvolvido há cinco meses. E que muitas vezes eles
estiveram perto de prender Matemático, que ganhou esse apelido por ter
sido o responsável pela contabilidade da quadrilha de Robinho Pinga, seu
antecessor.falam sobre a ação que resultou na morte de
Matemático (Foto: Alba Valéria Mendonça/G1)
O delegado da DRE contou que recebeu informações de que o traficante estava circulando pela Favela da Coreia num Logan prata, durante a operação realizada na noite de sexta-feira. Ele pediu o apoio do helicóptero da Polícia Civil para localizar o veículo pelo alto, e da PM para fazer o cerco nas ruas do entorno da favela. Os quatro homens que estavam dentro do carro, percebendo que tinham sido identificados, começaram a atirar contra o helicóptero, segundo a polícia. Matemático foi morto por volta das 23h30 de sexta, mas seu corpo só foi localizado em outro carro - o Gol preto - por volta das 5h30 deste sábado, por policiais do Batalhão de Choque da PM.
"Os disparos foram intensos e vinham não só do carro, mas de vários pontos da favela", disse Araújo.
Artilharia pesadaJá o piloto Adonis contou que, para defender a aeronave, teve de abrir artilharia pesada contra o Logan onde estava o traficante.
"Eles estavam a cerca de cem quilômetros por hora na favela, tentando fugir do cerco, e disparavam contra a aeronave. Para interceptá-los, baixamos a uma altitude que variou de 20 a 60 metros, para que nenhum barraco fosse atingido pelos tiros disparados pelos policiais que estavam na aeronave. Na tentativa de fugir, o Logan bateu num muro. Três homens conseguiram fugir, mas tenho a impressão que Matemático ficou preso às ferragens e só pôde ser removido pelos comparsas mais tarde", detalhou Adonis, informando que o traficante levou ao menos um tiro que atravessou suas costas e atingiu o joelho. O traficante tinha um torniquete improvisado com um cinto no joelho, quando o corpo foi encontrado no Gol preto.
Além da morte de Matemático, um outro suspeito foi preso na operação da sexta-feira. Segundo o delegado Araújo, em cinco meses de operação, até este sábado, 12 pessoas foram presas e foram apreendidos cinco fuzis, uma metralhadora, três pistolas, cinco granadas, 14 carregadores, 177 munições de calibres variados, seis radiotransmissores, 300 quilos de maconha, pouca quantidade de cocaína e 1.580 pedras de crack.
'Não é um troféu', diz BeltrameNa manhã de sábado, o secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, disse que a morte do traficante não é um troféu nem um emblema.
“Não vejo com tanta importância essa morte. É um trabalho que a polícia já vem fazendo. O mais importante é retirar essas pessoas de circulação com a prisão delas e a retomada do território. Já prendemos muita gente e não vejo essa morte como um troféu ou um emblema”, disse Beltrame.
Para o secretário, é importante ressaltar o processo de ocupação das áreas antes dominadas pela criminalidade, prometido pela polícia e que vem acontecendo em várias comunidade, e a integração das polícias Civil, Militar e Federal.
“A morte de Matemático é a soma dessas duas ações, que deixa os traficantes vulneráveis e eles acabam presos", disse o secretário.
O cartaz do Disque-Denúncia
(Foto: Reprodução/TV Globo)
O corpo do traficante Matemático, apontado como chefe do tráfico nas favelas Coreia e Taquaral, em Senador Camará, e Vila Aliança, em Bangu, foi encontrado na madrugada deste sábado dentro de um carro, ao lado de um colégio, próximo ao viaduto antigo de Bangu, na Zona Oeste do Rio.(Foto: Reprodução/TV Globo)
Matemático era um dos traficantes mais procurados pela polícia. Recentemente o Disque-Denúncia aumentou a recompensa por informações que levassem à prisão dele de R$ 3 mil para R$ 10 mil. Ele é investigado em 26 inquéritos, tem 15 mandados de prisão pelos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico e formação de quadrilha.
A Polícia Federal, o Batalhão de Operações Especial da PM (Bope) e o 14º BPM participaram da ação que resultou na morte do traficante. Segundo informações de policiais militares do 14º BPM (Bangu), na noite de sexta-feira (11), no complexo de favelas de Senador Camará, houve confronto entre traficantes e PMs e Matématico foi ferido, mas os policiais não conseguiram capturá-lo.
Bope publica no Twitter foto do carro com o corpo do
traficante 'Matemático' (Foto: Reprodução/Twitter)
Segundo a PM, foi montado um cerco à favela para impedir que ele
fugisse ou que fosse socorrido. Os policiais acreditam que ele morreu e
seu corpo foi colocado no carro.traficante 'Matemático' (Foto: Reprodução/Twitter)
Há cerca de 20 dias, após a prisão de Joãozinho da Vila Kennedy, que seria o braço-direito de Matemático, a polícia anunciava que esta perto de prender o traficante.
Matemático estaria tentando invadir Vila Kennedy, comunidade de Bangu, para controlar o tráfico de drogas, nas mãos de Fabinho Noronha. Ele era suspeito de atuar em comunidades vizinhas à Vila Kennedy como Coreia, Rebu e Vila Aliança.
Curiosos olham de longe o local onde o traficante foi encontrado morto (Foto: Christiano Ferreira/G1)
Rafaela Soares com G1
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