Amigos da vítima disseram que Ismar morava sozinho, mas mantinha um relacionamento com outro homem.
Uma faca e peças íntimas do ator José Ismar Eugênio Pompeu, 42 anos, que foi encontrado morto dentro do próprio apartamento na noite deste domingo (27), em João Pessoa, foram localizadas em um terreno baldio ao lado do residencial onde a vítima morava. A informação é do perito judicial pernambucano, Geovani Santana, amigo da família do ator.
“A faca que foi encontrada no terreno não pertencia ao Ismar. Duas peças íntimas do ator foram jogadas após o crime”, disse Geovani Santana.
O perito, que teve acesso a parte interna do imóvel, revelou que digitais do suposto assassino foram deixadas pelos cômodos do apartamento. “Quando entrei no local, constatou-se que vários objetos estavam sujos de sangue. O banheiro estava molhado como se tivesse sido usado pelo acusado depois do crime. Pegadas com sangue tinham pelo apartamento, inclusive, em direção a porta de saída. Latas de cervejas e copos também continham pigmentos de sangue”.
De acordo com a delegada Julia Walesca de Sá, "no decorrer das investigações, vamos saber o que caracterizou o assassinato. Se foi homofobia ou latrocínio". A Polícia Civil disse que vários objetos da vítima foram roubados do local e o apartamento estava parcialmente revirado. Uma investigação inicial no apartamento apontou que o imóvel não tinha sinais de arrombamento. O companheiro da vítima foi ouvido e liberado.
Segundo informações de Alessandro Thê, amigo pessoal do ator, foram solicitadas as imagens do circuito interno de câmeras de uma casa e concessionária de veículos localizadas nas imediações do residencial.
Entidade pede Justiça
O presidente do Movimento do Espírito Lilás (MEL), Luciano Bezerra, protocolou nesta segunda-feira (28), na Secretaria de Segurança Pública do Estado um ofício pedindo celeridade nas investigações e pleiteando uma audiência para tratar sobre os crimes homofóbicos cometidos na Paraíba. “Não podemos deixar que este crime fique impune. Só no ano passado, 27 homossexuais foram mortos na Paraíba e nenhuma elucidação”.
Artistas Lamentam morte
O vereador de João Pessoa e militante cultural, Fuba, ressaltou as qualidades artísticas do ator e disse que a morte de Ismar representa uma grande perda para a classe. “Ismar era um ator formidável. De um talento ímpar. Temos que lamentar a partida prematura dele e cobrar rigor nas investigações.
O ator Edilson Alves, amigo pessoal de Ismar há mais de 20 anos, relembrou os momentos alegres vividos ao lado do ator e o ingresso do artista no mundo circense.” Eu tive o privilégio de ter sido o primeiro artista da cidade a ensiná-lo essa coisa do palhaço. Fizemos vários show. Foi meu parceiro em grandes caminhadas. A morte abre uma lacuna enorme no meio da animação infantil, na classe artista e no rosto’.
Para o teatrólogo Sebastião Formiga, que conviveu mais 18 anos com o ator pernambucano, a partida trágica de Ismar simboliza o fim de um guerreiro que lutou por uma hegemonia cultural no Estado. “ Ismar vai deixar uma lacuna grande. Ele era um guerreiro tão lutador, tão batalhador para construir a hegemonia cultural. Tinha um talento para unir a trupe, trazer a turma para o picadeiro. Espero que o grito de alertar de ismar possa ecoar nos ouvidos das autoridades”.
Natural de Pernambuco, José Ismar estrelou diversos papéis no teatro paraibano. Um de seus trabalhos mais conhecido é o ‘Palhaço Pirulito’. Ele também participou da última edição da ‘Paixão de Cristo’ de João Pessoa.
Velório e sepultamento
O corpo de Ismar Pompeu foi velado durante à tarde desta segunda-feira (27), no Teatro Lima Penante, no Centro da Capital. Familiares, artistas e amigos participaram do evento fúnebre e cobraram justiça. Discursos e desabafos emocionantes foram feitos durante a cerimônia.
O corpo segue para Pernambuco onde ocorre o sepultamento.
Mário Luiz ( Carioca) com Correio
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