sexta-feira, 24 de maio de 2013

Gigantismo e fama de zebra marcam jornada do paraibano Pezão rumo ao título do UFC


Gigantismo e fama de zebra marcam jornada do paraibano Pezão rumo ao título do UFC
Antonio Silva, o Pezão, tem aquele perfil de eterna zebra. Por quase toda a sua carreira, chegou visto com certo menosprezo para enfrentar favoritos. E provou o contrário na maioria das vezes. Neste fim de semana, mais um capítulo dessa história será escrito, e com enredo parecido. O paraibano encara no UFC 160 Cain Velásquez, campeão dos pesos pesados, em uma revanche do nocaute técnico sofrido em 2012.

Mas não foi só dentro do ringue que ele superou obstáculos. Fora dele, teve um tumor que lhe causou acromegalia (ou gigantismo) e o levou para a mesa de cirurgia, num procedimento complicado. Também foi pai cedo, aos 19 anos, e se virou em diversos empregos para se sustentar, deixando sua estreia no MMA apenas para os 25 anos, tardiamente frente ao padrão normal dos atletas.

Pezão sempre diz: "Gosto das dificuldades, é assim que dou mais valor. Tudo na minha vida foi com dificuldades, e isso só me torna uma pessoa melhor e também um atleta melhor".

É assim que ele entrará no octógono em Las Vegas. Se na primeira luta com Velásquez ele tomou uma surra e não durou um round, agora tentará mostrar que a raça vista contra Overeem pode transformá-lo no terceiro brasileiro a se tornar dono do cinturão dos pesos pesados do UFC, depois dos amigos Rodrigo Minotauro e Júnior Cigano - este último encara Mark Hunt na penúltima luta do card do UFC 160.

Relembre a trajetória e os causos que levaram Pezão a esta disputa de cinturão:

Pezão começou a lutar cedo, aos quatro anos, fazendo caratê. Mas isso não foi uma escolha de carreira por muito tempo. Pai aos 19 anos, ele teve de trabalhar muito para sustentar a família, com empregos de vendedor, vigilante, segurança de boate e até de carro forte. Foi só em 2005, com 25 anos, que o paraibano estreou profissionalmente no MMA, embalando com sete vitórias seguidas, todas na Inglaterra e no Japão.


Aos 26 anos, Pezão recebeu uma notícia assustadora. "Eu descobri este tumor quando fui lutar no Japão. Nunca tinha feito uma ressonância na cabeça e nestes exames descobriram que ele era responsável por um excesso de hormônio de crescimento. Logo depois de lutar lá, já marquei a cirurgia", relembrou ele, ao UOL, antes de sua estreia no UFC. O tumor era benigno e causava acromegalia (ou gigantismo), e o levou para cirurgia. "Quando você se senta numa cadeira de rodas e não sabe se vai voltar, passa um filme na sua cabeça."

Uma lenda na época do Pride, Fedor Emelianenko já não era o mesmo no Strikeforce. Ainda assim, Pezão chocou o mundo ao bater o russo. O brasileiro teve altos e baixos em sua passagem pelo evento: perdeu para Werdum, bateu o favorito Andrei Arlovski e, quando era favorito contra Daniel Cormier, foi derrotado no GP dos pesados. A luta com Fedor é a que mais marcou. Em uma disputa dura, o brasileiro castigou o russo no ground and pound e a luta teve de ser paralisada por decisão médica ao fim do segundo assalto.

Pezão foi um dos lutadores que foi do Strikeforce para o UFC, depois da compra do evento. E logo de cara teve casada uma luta de alto risco: enfrentar o ex-campeão dos pesados Cain Velásquez. E o resultado não foi nada bom. O paraibano foi afobado e deixou espaço para o norte-americano lhe aplicar uma queda logo no princípio do duelo. Com cotoveladas, Velásquez abriu um largo corte no seu rosto, espalhando sangue no octógono. Sem enxergar, não houve chance de defesa e a luta acabou em nocaute técnico para o ex-detentor do cinturão.

A redenção de Pezão veio com uma vitória sobre o invicto Travis Browne em outubro de 2012. Em seguida, já ganhou uma nova chance entre os grandes, encarando o favorito Alistair Overeem, na volta de doping do holandês. Era aquele tipo de combate que as casas de apostas pagavam fortunas pela vitória da zebra brasileiro. Overeem dominou dois rounds no UFC 156, mas no terceirou round veio a virada. Uma sequência avassaladora do paraibano levou a nocaute o holandês e lhe rendeu uma chance 2 em 1: revanche contra Velásquez, e valendo o cinturão que o norte-americano pegou de volta em sua segunda luta contra Júnior Cigano.

Mário Luiz (Carioca) com UOL

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