RIO - Morreu na tarde desta quinta-feira um homem que ficou ferido
durante o incêndio de que atingiu um depósito de combustível da
Petrogold, em Duque de Caxias. De acordo com a prefeitura de Duque de
Caxias, na Baixada Fluminense, Gelson da Silva Ferreira, 43 anos, era
funcionário da empresa e foi socorrido antes da chegada dos bombeiros.
Ele foi levado para Hospital estadual Adão Pereira Nunes, em Saracuruna,
mas não resistiu aos ferimentos.
O incêndio de
grandes proporções atinge o depósito da transportadora desde o fim da
manhã desta quinta-feira. O local fica numa área residencial, na Rua
Geraldo Rocha, número 298, na localidade de Jardim Primavera. Pelo menos
sete tanques foram consumidos pelas chamas, que também atingiram
algumas casas próximas. Bombeiros do Grupamento Operacional com Produtos
Perigosos e de outros quatro quartéis foram acionados, por volta das
10h55m, isolaram a área e retiraram os moradores. Um bombeiro que
combatia as chamas passou mal e foi atendido em uma ambulância. O fogo
de pelo menos quatro tanques já foi controlado.
Devido
ao risco de novas explosões, a Defesa Civil decidiu aumentar a área de
isolamento na região onde fica a transportadora. Segundo o tenente
coronel Gil Kempers, diretor do Centro estadual de Desastres, há ainda o
risco de explosão dos outros três tonéis.
— O risco
maior é o gás que esse tonel gera, não propriamente o combustível.
Estamos aumentando a área de isolamento para garantir a segurança da
população — afirmou Kempers, que disse ainda que a área de isolamento
passou de quatro para cinco quarteirões.
Mais cedo,
em nota, a direção do Hospital Adão Pereira Nunes informou que foi
montado um plano de contingência para atendimento a possíveis vítimas do
incêndio. A unidade não foi esvaziada, e os pacientes já internados
permanecem onde estão. O hospital, no entanto, pede ainda que "pessoas
que não estejam envolvidas no incêndio que atinge o depósito de
combustível" evitem se dirigir ao hospital.
— Nossas
equipes do Corpo de Bombeiros estão fazendo um trabalho muito cuidadoso
de resfriamento no entorno do incêndio. O trabalho da Defesa Civil,
junto com o Corpo de Bombeiros, é isolar a área — explicou Jerry Pires,
subsecretário de Defesa Civil de Duque de Caxias.
O
governador Sérgio Cabral, que participou da abertura de uma exposição no
Centro do Rio, afirmou que também está acompanhando os trabalhos dos
bombeiros para controlar o incêndio:
- Todo o
contingente está lá trabalhando, me mantendo informado e oxalá a gente
consiga debelar o mais rápido possível. Nossa equipe está lá, o Corpo de
Bombeiros, presente. Já há unidade lá e reforçamos. Estamos
acompanhando.
Testemunhas contaram que era possível
ouvir barulhos das explosões. Muitos moradores deixaram suas casas
abertas e saíram apenas com a roupa do corpo. Alguns conseguiram salvar
os animais de estimação. Segundo o morador Dario Ferreira, de 56 anos, o
incêndio ocorreu por volta das 10h e todos começaram a correr de suas
casas, provocando um tumulto na região. Ele conta que teve tempo apenas
para sair e socorrer a mulher, deixando a casa aberta.
— Nesta hora não podemos pensar em bens materiais, o mais importante é a vida — contou ele, apreensivo ao lado da mulher.
Os moradores que foram retirados de suas casas se aglomeram às margens da rodovia aguardando informações sobre seus imóveis.
—
Minha mãe está com 80 anos e acabou de perder o marido. Não sei se ela
aguentaria perder a casa também. Até agora não sabemos o que foi
atingido — conta o pedreiro Edimar Nunes, de 54 anos, que mora em um
imóvel ao lado da distribuidora.
Por medida de
segurança, alunos da Escola municipal Anton Dworsak, que fica na Rua
Geraldo Rocha sem número, próximo ao depósito da transportadora, foram
liberados. A Secretaria municipal de Educação de Duque de Caxias está
apurando o caso.
A vice-diretora da escola Anton
Dworsak, Celia Loureiro, afirmou que poucas pessoas estavam na escola
devido a uma greve e, por isso, a unidade foi esvaziada rapidamente.
Apenas alguns funcionários e 12 alunos precisaram correr do local.
—
A sorte foi que devido ao início da paralisação, a escola estava vazia,
foi fácil retirar todo mundo e estamos todos bem. Meu carro ficou
abandonado, ainda aberto, lá dentro — explica.
Depósito irregular
A
Transportadora Petrogold já foi embargada por irregularidade pela
Polícia Federal. De acordo com informações do coronel José Maurício
Padrone, coordenador de Combate aos Crimes Ambientais (Cicca) da
Secretaria estadual do Ambiente, a empresa - que fica em em Duque de
Caxias, na Baixada Fluminense - foi autuada em 2012 por crime de
poluição. Na ocasião, cerca de 500 mil litros de combustível foram
apreendidos, dois caminhões foram lacrados e uma pessoa presa. De acordo
com o coronel, o álcool anidro era utilizado para adulterar
combustível.
— Isso é um absurdo. Qualquer morador
que tenha alguma denúncia sobre casos como esse podem denunciar. Eu me
comprometo a fiscalizar em 24 horas. O que eu posso garantir é que essas
bombas-relógio vão ser desmontadas. É inadmissível uma empresa desse
porte em uma área residencial — disse o prefeito de Duque de Caixas,
Alexandre Cardoso, que afirmou ainda que montou um gabinete de crise
para lidar com a situação.
Em entrevista à Globonews
TV, o o secretário estadual do Ambiente Carlos Minc, afirmou que a
Petrogold funcionava através de liminares obtidas na Justiça e de uma
licença municipal. O secretário esclarece que uma empresa desse porte só
pode operar com licença do estado. A Petrogold tinha uma licença
estadual antiga e que não foi renovada pelo Inea. No entanto, a Agência
Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) informou que é
regular a situação da empresa Petrogold. Segundo a agência, a
transportadora está legalizada, com documentação em dia e em ordem, e
várias ações de fiscalização foram realizadas no local. O histórico de
multas, eventualmente aplicadas aos donos da Petrogold, está sendo
rastreado pela ANP.
Mário Luiz (Carioca) com Extra
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