Pratos,
garrafas, faiança inglesa e até uma cacimba, possivelmente, datados do
século XVII até o começo do século XX, foram encontrados nas escavações
realizadas em cinco dos oito casarões da Avenida João Suassuna, no
Centro Histórico de João Pessoa,
durante a investigação arqueológica que está sendo feita no local.
Também foram encontrados material orgânico como conchas malacológicas e
outros como ferro e até osso humano. O trabalho minucioso de pesquisa é
obrigatório antes da revitalização dos imóveis para projetos de
habitação da prefeitura da capital, segundo o diretor de Planejamento da
Secretaria de Habitação de João Pessoa, Pascal Machado.
Os
achados somam 500 peças que podem contribuir para que arqueólogos,
historiadores e antropólogos recontem um pouco da história de João
Pessoa, justamente, na área por onde a cidade foi colonizada a partir de
1585, segundo o arqueólogo Antônio Canto. Aproximadamente 80% desse
total são peças dos séculos XIX e XX. Junto ao trabalho de prospecção de
solo e de paredes, identificação e análise das peças, a equipe vai
realizar atividades de educação patrimonial e a de registro da memória
por meio da oralidade dos moradores da região.
A previsão é de
que, até o mês de junho, todo o trabalho seja concluído e as peças, após
catalogadas, fiquem acessíveis à população por meio de uma exposição
permanente mantida pela Coordenadoria de Patrimônio Cultural de João
Pessoa (Copac).
Dentre os achados arqueológicos estão faianças,
que são louças, além de pratos e garrafas utilizadas para guardar
cerveja e bebidas gaseificadas. À medida que são encontradas, as peças
são alocadas pela equipe em quatro categorias: faiança, cerâmica, ferro e
gres.
Uma curiosidade é que a equipe encontrou, segundo Pascal
Machado, uma cacimba que se suspeita ser anterior ao século XIX. A
estrutura demonstra como era o sistema para armazenar água daquela
época. No entanto, o arqueólogo Antônio Canto, responsável pelo trabalho
de pesquisa nos casarões, afirmou que não é possível precisar a data ou
período histórico da construção da cacimba, exceto após a conclusão dos
testes de termoluminescência, utilizado para datar objetos de cerêmica,
tijolos e telhas. O material será enviado a São Paulo para avaliação.
Vestígios
de construções anteriores nos imóveis e encanamento de cerâmica também
foram localizados durante a pesquisa arqueológica, segundo o arqueólogo
Antônio Canto. Após a conclusão do trabalho, previsto para o mês de
junho deste ano, a equipe de arqueologia irá avaliar a possibilidade de
deixar algumas partes antigas dos imóveis em áreas comuns aparentes para
visitação, a exemplo do que ocorre na Igreja de São Frei Pedro
Gonçalves. Outras, segundo ele, terão que ser cobertas para garantir a
funcionalidade dos prédios.
Os oito imóveis serão incluídos em
projetos de habitação. O térreo será ocupado por estabelecimentos
comerciais e de serviços, segundo o diretor de Planejamento da
Secretaria de Habitação, Pascal Machado. As moradias serão, a princípio,
restritas à parte de cima desses imóveis, que serão financiados por
meio do projeto Minha Casa, Minha Vida do governo federal.
Uma das
constatações feitas pela equipe é de que os canos encontrados nos
casarões são do começo do século XX. Segundo o arqueólogo Antônio Canto,
os canos foram fabricados pela empresa Cerâmica Industrial do Cabo, que
concentrou toda a sua atividade em Pernambuco nas décadas de 20 e 30 do
século passado.
Antônio Canto reforçou que o trabalho
arqueológico, além de ser obrigatório para imóveis tombados antes de
intervenção, possibilitará informações importantes sobre essa área
histórica da cidade. "A principal importância é que nós temos a
oportunidade de conhecer mais sobre a história dessa área da cidade, dos
costumes, hábitos e formas de construções", afirmou.
Mário Luiz (Carioca) com Click PB
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