Em
uma Vila bem pequena chamada Paraíso, morava uma senhora muito bonita e
carismática, que depois de muita luta conseguiu o privilégio de por um
tempo, cuidar dos destinos do povo de lá. Todos os moradores de Paraíso
depositavam naquela mulher muita confiança e sonhos de uma vida melhor.
Ela era tão amada por lá, que a chamaram de Mamãe.
O
tempo foi passando, os sonhos não se realizando, Paraíso foi ficando
cada dia mais infernal, violenta, suja e cheia dos mais variados
problemas. O poder de “Mamãe” passou a ser questionado, suas atitudes,
que já não eram como as de antes de ser a “toda poderosa” da Vila, foram
ficando cada dia mais desacreditadas. Muitos dos seus fiéis escudeiros,
ressentidos, magoados e tomados de ira, deixaram-na de lado e buscaram
outros rumos.
Foi
aí que surgiu a brilhante ideia de trazer de longe uma pessoa especial,
alguém que fosse habilidosa, boa de conversa, cheia das prosas, enfim,
alguém que ajudasse a melhorar a forma como as pessoas viam “Mamãe”.
Então um amigo que sempre esteve presente entrou na história e disse:
- Olhe, eu tenho um “menino” de meu agrado, um rapaz talentoso, muito
cheio dos “paranauê”, muito desenrolado, influente. É um verdadeiro
“menino rico”. Ele virá para cá e será seu grande defensor. Aposto que
em pouco tempo, toda Vila de Paraíso voltará a lhe amar.
Mamãe
acreditou e então o “menino” foi chamado. Logo no começo pareceu que
seria fantástica sua atuação. Cheio das promessas, das conversas
bonitas, das prosas enfeitadas, se dizendo muito poderoso, cheio “disso e
daquilo outro”. O menino foi ganhando a confiança de alguns. Parecia
que finalmente as coisas iriam mudar para Mamãe.
Mas
tudo isso durou muito pouco. Em alguns dias o menino ficou agressivo,
enchendo os ouvidos das pessoas com ameaças e palavrões, todo metido a
“arrochado”. Um verdadeiro Capitão do Mato. Isso mesmo, o
“menino” parecia um daqueles capitães do mato das antigas novelas da
Globo. Dar ordens e ameaçar era com ele mesmo.
Até
com os “milico” de Paraíso ele arranjou confusão. Mais que isso,
atrapalhou quem queria ajudar o povo e ainda deixou claro que com ele, a
coisa se resolve ou se resolve.
Pense
num menino “arrochado”. Mas será que era mesmo? O povo fala que quando
ficou sabendo que um certo “Coronel” da região queria lhe dar uns
corretivos, o menino “arrochado” afrouxou-se todinho e foi correndo
“pedir arrego” ao filho do “Coronel”. Não sabemos se isso de fato
aconteceu. Mas há um ditado antigo que diz assim: “Quando se fala muito
de uma determinada conversa, ou foi, ou é, ou tá pra ser”
No
final das contas, o “menino” bonzinho que chegou à Vila para ajudar a
Mamãe, só conseguiu atrapalhar. Até com outras pessoas que tentavam
ajudar “Mamãe” o menino conseguiu confusão.
O que aprendemos da lição do “menino”?
A ter cuidado, pois muitos capitães do mato com cara de anjinho podem estar soltos, prontos a acatar.
Ficamos com uma pergunta aqui no pé da orelha: Será que Mamãe vai continuar segurar e sustentar o Menino Capitão do Mato?
Um abraço..
*PS: Esta é uma crônica acerca de uma vila no mundo imaginário de Caco Pereira. Todavia, é impossível que algumas pessoas leiam e não se reportem a tantas "Vilas Paraíso" espalhadas pelos rincões dos brasis. Certamente em vários lugares encontraremos muitos "Papais, Mamães, Coronéis, Capitães do Mato e muito mais figuras presentes na realidade da politicagem brasileira".
Mário Luiz (Carioca) com Caco Pereira
Nenhum comentário:
Postar um comentário