A informação é do laudo preliminar do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE)
Rio - Pelo menos um dos tiros disparados contra o ônibus da
viação Jurema atravessou três bancos do coletivo. Mas dentro do veículo
foram encontrados ainda marcas de disparos e muito sangue. A Polícia
Civil informou nesta quarta-feira que, em laudo preliminar, peritos do
Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) concluíram que o ônibus
foi atingido por pelo menos 14 disparos de fora para dentro.
>> FOTOGALERIA: Imagens do terror na Presidente Vargas
Cinco armas foram entregues para perícia — duas eram de PMs que participaram do confronto e outras três pistolas, uma calibre 40, que estava com o policial rendido no ônibus — foram apreendidas com presos. A delegada da 6ª DP (Cidade Nova), Sânia Cardoso, disse não ter visto motivos para apreender armas dos mais de 50 PMs envolvidos:“Se só dois admitiram ter disparado, não há porque solicitar apreensão de todas as armas”. A PM pôs à disposição armas de 34 militares.
Se a perícia confirmar que os tiros foram dos PMs, eles responderão por lesão corporal culposa (sem intenção). A delegada requisitou imagens da CET-Rio e Metrô para apurar suposta participação de quinto bandido.
Polícia admite erros
Um dia após o sequestro do ônibus (Praça XV-Caxias) que levou pânico ao Centro do Rio, a cúpula da segurança pública do estado admitiu erro na operação policial que terminou com cinco baleados, entre eles um suspeito de participar do crime. Passageiros afirmam que os bandidos não atiraram de dentro do veículo. A perícia constatou que 14 disparos perfuraram a lataria, todos feitos da rua. “Só ouvimos tiros de fora para dentro”, relembrou Sandra Romana, 38 anos, uma das 20 passageiras.
>>> INFOGRÁFICO: Veja detalhes da ação dentro de ônibus sequestrado
“A rigor, tiros não deveriam ter ocorrido. Nosso protocolo não é para dar tiros no pneu, pois podem atingir alguém”, disse Mário Sérgio. A PM investiga a conduta dos PMs, que serão avaliados por psicólogos, e promete adotar medidas como reciclagem ou até afastamento.
Para o ex-instrutor do Bope, Paulo Storani, a ação colocou inocentes em risco. “A violência extrema é a arma dos despreparados. O erro foi atirar no pneu. Deveriam ter feito o cerco, isolado a área e aguardado o Bope”, disse.
Apesar de apontar falhas na ação, a polícia considerou um sucesso a operação. “O cerco com as viaturas e a bem-sucedida negociação com os assaltantes foram fundamentais para o desfecho que culminou na rendição deles e a libertação dos reféns”, avaliou Beltrame. A opinião revoltou familiares das vítimas. “Bem-sucedida porque não foi a mãe deles que ficou ferida”, revoltou-se Tammy Pereira, filha de Liza Mônica, passageira em estado grave. “O tiro parou o ônibus. Poderia ter sido uma desgraça maior”, minimizou o coronel Duarte.
Câmeras não registraram
Não foram encontradas imagens nas câmeras de vídeo do ônibus. A empresa informou, através da Fetranspor, que os equipamentos estavam funcionando normalmente e que os bandidos podem ter danificado de propósito.
A Viação Jurema informou que o motorista Wagner Silva França, 40 anos, trabalha há dois anos na empresa. Em nota, a conduta dele foi elogiada: “Colocou em prática o treinamento que recebe com supervisão da PM, sobre segurança e como conduzir os passageiros em situações de perigo”. A Fetranspor confirma curso em parceria com a PM.
O sequestro
O ônibus com itinerário Praça XV - Duque de Caxias, foi cercado pela polícia na pista sentido Praça da Bandeira, na altura do Sambódromo, no Centro do Rio. Quando o ônibus parou no ponto, os criminosos entraram e pagaram a passagem. O motorista desconfiou e no ponto seguinte conseguiu fazer sinal para dois policiais e aproveitou para fugir.
Agentes da PM, do Batalhão de Policiamento de Choque e do Bope foram acionados para o local. Os pneus do coletivo foram furados após duas tentativas de fuga dos criminosos. Policiais armados de fuzis e pistola se posicionaram do outro lado da pista.
Dos bandidos que entraram no ônibus, um saltou do veículo com uma refém e depois fugiu, roubando um carro e mantendo um casal refém até Manguinhos, no subúrbio. Segundo a polícia, testemunhas afirmaram em depoimento que os criminosos não dispararam dentro do veículo.
Prisões
Dois criminosos responsáveis pelo sequestro ao ônibus foram capturados logo após a ação e foram identificados como Renato da Costa Júnior, de 21 anos, e Bruno Silva Lima, de 19 anos. O terceiro preso, Jean Júnior da Costa Oliveira, apontado como sobrinho do traficante Fernandinho Beira-Mar, foi capturado no início da madrugada desta quarta-feira, quando deu entrada no Hospital São Lucas, em Copacabana. Um quarto bandido foi identificado por fotos do banco de dados da Polícia Civil como Clerivan da Silva Mesquita e terá um mandado de prisão preventiva expedido.
De acordo com a polícia, Clerivan desceu do ônibus levando um passageiro. Na altura do Estácio, ele começou a dar tiros a esmo. Em seguida, roubou um Zafira com um casal. Dois PMs pediram emprestado o veículo de motorista e seguiram o bandido até a favela do Mandela, em Manguinhos. O criminoso abandonou o veículo e as vítimas e fugiu a pé para a favela.
Feridos
Entre os cinco feridos durante o assalto ao ônibus na Avenida Presidente Vargas, três permanecem internados no Hospital Municipal Souza Aguiar, também no Centro. O caso mais grave é o de Liza Monica Pereira, que foi baleada no tórax e está em estado grave com fraturas na costela e na clavícula e uma contusão no pulmão. Ela está no Centro de Terapia Intensiva do hospital e não há previsão de alta.
Alcir Pereira, de 56 anos, foi atingido no pescoço e está em observação na enfermaria. O estado de saúde dele é estável. Fabiana Gomes da Silva, de 30 anos, levou um tiro na região do glúteo e passa bem. Também não há previsão de alta para eles também. Um outro homem foi atingido de raspão na perna e já foi liberado. o cabo da PM Marco Antônio Blanco também ficou ferido. Atingido na perna, ele segue internado no Hospital Central da Polícia Militar. Entre os reféns, 11 saíram ilesos na operação.
Da Redação com O Dia
>> FOTOGALERIA: Imagens do terror na Presidente Vargas
Perícia achou 14 perfurações no ônibus da Viação Jurema, sendo que dois atravessaram o outro lado da lataria | Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Os tiros acertaram o maleiro do ônibus, perto dos pneus do lado esquerdo. Dois atravessaram a lataria e saíram do outro lado. “Provavelmente, foram os que feriram as vítimas”, explicou a diretora do ICCE, Nelly Soares Reis. Ontem, os peritos reexaminaram o coletivo.Cinco armas foram entregues para perícia — duas eram de PMs que participaram do confronto e outras três pistolas, uma calibre 40, que estava com o policial rendido no ônibus — foram apreendidas com presos. A delegada da 6ª DP (Cidade Nova), Sânia Cardoso, disse não ter visto motivos para apreender armas dos mais de 50 PMs envolvidos:“Se só dois admitiram ter disparado, não há porque solicitar apreensão de todas as armas”. A PM pôs à disposição armas de 34 militares.
Se a perícia confirmar que os tiros foram dos PMs, eles responderão por lesão corporal culposa (sem intenção). A delegada requisitou imagens da CET-Rio e Metrô para apurar suposta participação de quinto bandido.
Polícia admite erros
Um dia após o sequestro do ônibus (Praça XV-Caxias) que levou pânico ao Centro do Rio, a cúpula da segurança pública do estado admitiu erro na operação policial que terminou com cinco baleados, entre eles um suspeito de participar do crime. Passageiros afirmam que os bandidos não atiraram de dentro do veículo. A perícia constatou que 14 disparos perfuraram a lataria, todos feitos da rua. “Só ouvimos tiros de fora para dentro”, relembrou Sandra Romana, 38 anos, uma das 20 passageiras.
>>> INFOGRÁFICO: Veja detalhes da ação dentro de ônibus sequestrado
Foto: Marcelo Regua / Agência O Dia
Tanto o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, quanto o comandante-geral da PM, coronel Mário Sérgio Duarte, afirmaram que atirar no pneu não é procedimento padrão. “Houve erro na forma com que a polícia tentou parar o ônibus, porém os militares evitaram o pior”, disse Beltrame.“A rigor, tiros não deveriam ter ocorrido. Nosso protocolo não é para dar tiros no pneu, pois podem atingir alguém”, disse Mário Sérgio. A PM investiga a conduta dos PMs, que serão avaliados por psicólogos, e promete adotar medidas como reciclagem ou até afastamento.
Para o ex-instrutor do Bope, Paulo Storani, a ação colocou inocentes em risco. “A violência extrema é a arma dos despreparados. O erro foi atirar no pneu. Deveriam ter feito o cerco, isolado a área e aguardado o Bope”, disse.
Apesar de apontar falhas na ação, a polícia considerou um sucesso a operação. “O cerco com as viaturas e a bem-sucedida negociação com os assaltantes foram fundamentais para o desfecho que culminou na rendição deles e a libertação dos reféns”, avaliou Beltrame. A opinião revoltou familiares das vítimas. “Bem-sucedida porque não foi a mãe deles que ficou ferida”, revoltou-se Tammy Pereira, filha de Liza Mônica, passageira em estado grave. “O tiro parou o ônibus. Poderia ter sido uma desgraça maior”, minimizou o coronel Duarte.
Câmeras não registraram
Não foram encontradas imagens nas câmeras de vídeo do ônibus. A empresa informou, através da Fetranspor, que os equipamentos estavam funcionando normalmente e que os bandidos podem ter danificado de propósito.
A Viação Jurema informou que o motorista Wagner Silva França, 40 anos, trabalha há dois anos na empresa. Em nota, a conduta dele foi elogiada: “Colocou em prática o treinamento que recebe com supervisão da PM, sobre segurança e como conduzir os passageiros em situações de perigo”. A Fetranspor confirma curso em parceria com a PM.
O sequestro
O ônibus com itinerário Praça XV - Duque de Caxias, foi cercado pela polícia na pista sentido Praça da Bandeira, na altura do Sambódromo, no Centro do Rio. Quando o ônibus parou no ponto, os criminosos entraram e pagaram a passagem. O motorista desconfiou e no ponto seguinte conseguiu fazer sinal para dois policiais e aproveitou para fugir.
Agentes da PM, do Batalhão de Policiamento de Choque e do Bope foram acionados para o local. Os pneus do coletivo foram furados após duas tentativas de fuga dos criminosos. Policiais armados de fuzis e pistola se posicionaram do outro lado da pista.
Dos bandidos que entraram no ônibus, um saltou do veículo com uma refém e depois fugiu, roubando um carro e mantendo um casal refém até Manguinhos, no subúrbio. Segundo a polícia, testemunhas afirmaram em depoimento que os criminosos não dispararam dentro do veículo.
Prisões
Dois criminosos responsáveis pelo sequestro ao ônibus foram capturados logo após a ação e foram identificados como Renato da Costa Júnior, de 21 anos, e Bruno Silva Lima, de 19 anos. O terceiro preso, Jean Júnior da Costa Oliveira, apontado como sobrinho do traficante Fernandinho Beira-Mar, foi capturado no início da madrugada desta quarta-feira, quando deu entrada no Hospital São Lucas, em Copacabana. Um quarto bandido foi identificado por fotos do banco de dados da Polícia Civil como Clerivan da Silva Mesquita e terá um mandado de prisão preventiva expedido.
De acordo com a polícia, Clerivan desceu do ônibus levando um passageiro. Na altura do Estácio, ele começou a dar tiros a esmo. Em seguida, roubou um Zafira com um casal. Dois PMs pediram emprestado o veículo de motorista e seguiram o bandido até a favela do Mandela, em Manguinhos. O criminoso abandonou o veículo e as vítimas e fugiu a pé para a favela.
Feridos
Entre os cinco feridos durante o assalto ao ônibus na Avenida Presidente Vargas, três permanecem internados no Hospital Municipal Souza Aguiar, também no Centro. O caso mais grave é o de Liza Monica Pereira, que foi baleada no tórax e está em estado grave com fraturas na costela e na clavícula e uma contusão no pulmão. Ela está no Centro de Terapia Intensiva do hospital e não há previsão de alta.
Alcir Pereira, de 56 anos, foi atingido no pescoço e está em observação na enfermaria. O estado de saúde dele é estável. Fabiana Gomes da Silva, de 30 anos, levou um tiro na região do glúteo e passa bem. Também não há previsão de alta para eles também. Um outro homem foi atingido de raspão na perna e já foi liberado. o cabo da PM Marco Antônio Blanco também ficou ferido. Atingido na perna, ele segue internado no Hospital Central da Polícia Militar. Entre os reféns, 11 saíram ilesos na operação.
Da Redação com O Dia
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