No último dia 25, última vez em que foi visto pelos vizinhos do beco
da Vila Cruzeiro, Rafael Mota Ribeiro, de 10 anos, sacudia para os
vizinhos o presente de Natal que acabara de ganhar.
— Olha a roupa boladona que eu ganhei da vovó, Aline! — exibia-se para a manicure Aline Neves, uma vizinha que o viu nascer.
— Maneiro, Rafinha! Não vai sumir de novo, que eu não vou mais atrás de você!
— Pode deixar, Aline! Esse ano, eu vou estudar. Minha vovó vai arrumar escola para mim — sonhou.
Mas 2013 só durou dez dias para o garoto. Dependente de crack, Rafael morreu na manhã desta quinta-feira atropelado na Avenida Brasil, fugindo de uma operação municipal de acolhimento de usuários de crack. O motorista fugiu.
Era o desfecho trágico de uma vida que teve o crack como protagonista. O menino fumava a pedra desde os 8 anos. Passava dias sem aparecer em casa. Desta vez, estava sumido há nove. Parou de estudar em 2012, enquanto aprendia uma lição bem distante da rotina amena dos bancos escolares: segundo a avó, Marta, e a vizinha Aline, via a própria mãe, Renata, usando drogas em casa.
Nesta quinta-feira à tarde, no enterro do menino, entre o choro e o riso, como se fora de órbita, Renata desmentia a versão de vizinhos e de sua própria mãe.
— Ele fugia. Se eu deixasse (Rafael usar crack), ele não estava lá. Saía muito de casa $vender bala no trem e no ônibus. Ele só fumava um baseado — afirmou, durante o cortejo fúnebre, escorando o peso e o desespero em um franzino menino de 14 anos.
Era seu outro filho, irmão de Rafael, que vagou na quarta-feira passada pela Avenida Brasil em busca do irmão. As duas crianças, além de Renata e Marta, a avó, dividiam o sobradinho da família com um tio.
A casa dos cinco se esconde em um beco, com esgoto vazando no chão, e postes com marcas de tiro. Na casa, todos dormem num só cômodo. Segundo Marta, Renata usava drogas desde a gravidez.
Manicure, bordadeira e faxineira, a avó revezava-se entre o drama da filha e a agonia do neto. À noite, recorria às vizinhas para ajudá-la a achar o garoto:
— Eu sempre ia buscar o Rafael na Avenida Brasil. Há dois dias, fui lá. Não o achei. Insisti, mas a Renata não foi.
Ontem, no Cemitério do Caju, a família Mota Ribeiro reuniu-se pela última vez. Numa oração, pediram pela alma do menino.
— Olha a roupa boladona que eu ganhei da vovó, Aline! — exibia-se para a manicure Aline Neves, uma vizinha que o viu nascer.
— Maneiro, Rafinha! Não vai sumir de novo, que eu não vou mais atrás de você!
— Pode deixar, Aline! Esse ano, eu vou estudar. Minha vovó vai arrumar escola para mim — sonhou.
Mas 2013 só durou dez dias para o garoto. Dependente de crack, Rafael morreu na manhã desta quinta-feira atropelado na Avenida Brasil, fugindo de uma operação municipal de acolhimento de usuários de crack. O motorista fugiu.
Era o desfecho trágico de uma vida que teve o crack como protagonista. O menino fumava a pedra desde os 8 anos. Passava dias sem aparecer em casa. Desta vez, estava sumido há nove. Parou de estudar em 2012, enquanto aprendia uma lição bem distante da rotina amena dos bancos escolares: segundo a avó, Marta, e a vizinha Aline, via a própria mãe, Renata, usando drogas em casa.
Nesta quinta-feira à tarde, no enterro do menino, entre o choro e o riso, como se fora de órbita, Renata desmentia a versão de vizinhos e de sua própria mãe.
— Ele fugia. Se eu deixasse (Rafael usar crack), ele não estava lá. Saía muito de casa $vender bala no trem e no ônibus. Ele só fumava um baseado — afirmou, durante o cortejo fúnebre, escorando o peso e o desespero em um franzino menino de 14 anos.
Era seu outro filho, irmão de Rafael, que vagou na quarta-feira passada pela Avenida Brasil em busca do irmão. As duas crianças, além de Renata e Marta, a avó, dividiam o sobradinho da família com um tio.
A casa dos cinco se esconde em um beco, com esgoto vazando no chão, e postes com marcas de tiro. Na casa, todos dormem num só cômodo. Segundo Marta, Renata usava drogas desde a gravidez.
Manicure, bordadeira e faxineira, a avó revezava-se entre o drama da filha e a agonia do neto. À noite, recorria às vizinhas para ajudá-la a achar o garoto:
— Eu sempre ia buscar o Rafael na Avenida Brasil. Há dois dias, fui lá. Não o achei. Insisti, mas a Renata não foi.
Ontem, no Cemitério do Caju, a família Mota Ribeiro reuniu-se pela última vez. Numa oração, pediram pela alma do menino.
Mário Luiz (Carioca) com Extra
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