sexta-feira, 4 de julho de 2014

Em nota, AETC diz que vai negociar com categoria para evitar caos no transporte de João Pessoa






Em nota, AETC diz que vai negociar com categoria para evitar caos no transporte de JPFoto: Walla Santos
Associação de Empresas de Transportes Coletivos de João Pessoa (AETC JP) divulgou uma nota na noite desta quinta-feira (3), informando que os salários dos funcionários de transporte público foram superiores aos da inflação e apelou para a extensão do prazo de negociação com a categoria e a participação da Prefeitura para buscar uma solução para o impasse. Os funcionários do transporte público prometem entrar em greve a partir da próxima segunda-feira.
Confira a nota na íntegra:
Tomando-se por base só os últimos dois anos, em cujos meses de julho, mediante acordos, aconteceram as Convenções Coletivas de Trabalho entre o Sindicato das Empresas de Transportes Coletivos Urbanos de João Pessoa e o Sindicato dos Motoristas da Paraíba, os salários dos trabalhadores desse serviço (que é essencial para a população) foram aumentados em índices superiores aos da inflação oficial. Isso é o que informa a AETC.
Segundo a Associação, em julho de 2012, enquanto a inflação anual registrava o índice de 4,92%, o aumento salarial acordado foi de 10%. E em julho do ano passado (2013) diante de uma inflação anual de 6,7%, os trabalhadores do transporte coletivo urbano de João Pessoa tiveram aumento salarial de 9%.
Melhor ilustrando esse quadro, o salário dos motoristas de ônibus desta capital que era de R$ 1.264,00 (fora os 22% do tíquete alimentação), isto até junho de 2012, depois daqueles dois aumentos passou para R$ 1.515,00 (também sem incluir os 22% do tíquete alimentação).
Estes dados bem demonstram os esforços do setor empresarial do transporte coletivo de João Pessoa para contemplar condicentemente os trabalhadores deste segmento, fato que mais se evidencia se houver a comparação de que em junho de 2012 a tarifa, desde janeiro daquele mesmo ano, era de R$ 2,20, igual valor atualmente praticado, quando já se passaram 30 meses.
O peso salarial na tarifa
Quando especialistas desse setor afirmam que ele se encontra em crise em quase todas as cidades brasileiras, ressalvando raras dessas cidades que o encaram de forma tecnicamente gerencial, as reações de alguns segmentos são as de não acreditarem. Persistem na idéia de que, no transporte coletivo o lucro é fácil, como que só existam receitas e não hajam despesas. Esquecem ou não compreendem que o cálculo tarifário é realizado pelo órgão público gerenciador do setor, e não pelas empresas, que podem – por óbvio – contestar os dados utilizados.
Entretanto, por mais leigo que se seja nesse assunto, qualquer pessoa medianamente informada entende que o combustível e a parte de pessoal e encargos sociais são os que mais pesam em relação à tarifa. E esta parte de “pessoal e encargos sociais” – repetindo: só essa parte de “pessoal e encargos sociais” – corresponde, geralmente, a cerca de 42% na composição dos custos operacionais. É preciso, pois, ter-se muita responsabilidade quando se acorda uma Convenção Coletiva de Trabalho.
Redução tarifária x desoneração do PIS/COFINS
Em 2012 houve um reajuste em 4,76% na tarifa, saindo de R$ 2,10 para R$ 2,20, enquanto, logo em seguida, as empresas enfrentaram o aumento salarial de seus funcionários no percentual de 9%.
No ano de 2013 houve um temporário reajuste tarifário em função do cálculo de equilíbrio econômico-financeiro feito em dezembro de 2012 pela SEMOB, aprovado pelo Conselho Municipal de Transporte e Trânsito e homologado pelo Prefeito. A tarifa passou de R$ 2,20 para R$ 2,30, havendo uma variação de 4,54%. Mas, logo em seguida, 1º de julho do ano passado (2013), justificando que houve a desoneração do PIS/COFINS em 3,65%, a tarifa foi reduzida em 10 centavos, voltando ao valor de R$ 2,20, e sem se considerar que o óleo diesel (outro item que muito pesa na composição tarifária, em média com 26%) já tinha tido aumento de custo de nada menos do que 10,4% por autorização do governo federal.
E para mais defasar o equilíbrio econômico-financeiro dos serviços, na mesma data (1º de julho/2013) as empresas tiveram de assumir o novo aumento salarial negociado com seus funcionários e que correspondeu, em termos gerais, a 9%, como anteriormente já esclarecido.
184% no tíquete alimentação
Este quadro aqui apresentado objetiva demonstrar e justificar o porquê das empresas de transporte coletivo urbano de João Pessoa haverem oficiado ao Sindicato dos Motoristas a incapacidade de acordarem um nova convenção coletiva do trabalho nos moldes por ele reivindicado, em que, só no item salário, aponta aumento de 14%. Entretanto, entre outras reivindicações de ordem econômica está a de unificação do tíquete alimentação em R$ 500,00.
Esta unificação já existe atualmente em termos percentuais, porquanto todos os trabalhadores têm direito a um valor de 22% sobre os respectivos salários básicos, isto a título de tíquete alimentação. Mas, se possível fosse atender esta reivindicação de unificação em termos absolutos, significaria dizer que, por exemplo, o cobrador que hoje tem tíquete alimentação de R$ 176,00 passaria a tê-lo de R$ 500,00 correspondendo a um aumento de nada menos do que 184%.
Data-base da categoria
Nos esclarecimentos prestados no ofício que o setor empresarial encaminhou ao Sindicato dos Motoristas, deixou garantida àquela categoria profissional e demais trabalhadores do transporte coletivo de João Pessoa a respectiva data-base, que é 1º de julho, mas enfatizou ser necessária um maior prazo para uma mais ampla negociação, da qual deva participar representação da Prefeitura Municipal e/ou do órgão gestor do sistema, a Semob, para buscar-se uma solução ao impasse. Por isto, o setor empresarial nutre a esperança de que os trabalhadores possam revisar o posicionamento de greve já para o dia 7.

Mário Luiz (Carioca) com Click PB

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