Empresa é a única do Brasil a produzir foles de oito baixos.
Demanda de outros países já existe, diz gerente administrativa.
Acordeons produzidos na Paraíba custam entre R$ 13 mil e R$ 20 mil (Foto: Rafael Melo/ G1)
Na terra do 'Maior São João do Mundo', Campina Grande, na Paraíba, está
a única fábrica a produzir foles de oito baixos no país. A empresa
surgiu há dez anos e se prepara para expandir as vendas para outros
países, diante da demanda já existente. Artista consagrados, a exemplo
de Dominguinhos e das duplas sertanejas Jorge e Mateus e César Menotti e
Fabiano, já utilizaram instrumentos fabricados na Lettice, como foi
batizada a fábrica paraibana, em uma homenagem do proprietário, o músico
José Amazan da Silva, à mãe dele.Para a expansão, o grande problema enfrentado na fábrica ainda é falta de mão de obra. São mais de 10 mil peças na composição do acordeon em um trabalho que se divide entre processo industrial de marcenaria, e artesanal de colagem, montagem, revestimento e afinação.
Fábrica paraibana é a única a produzir instrumento
com ressonância dupla (Foto: Rafael Melo/G1)
Na Lettice, são 20 funcionários trabalhando e todos eles foram
treinados pelo próprio Amazan. "Não existe capacitação para trabalhar na
área e nós é que fazemos este trabalho, que leva quase um ano para
habilitar um profissional. No começo eu ia à Itália, trazia o
conhecimento do que aprendia lá e passava para algumas pessoas, através
de fala e de vídeos", explicou o músico.com ressonância dupla (Foto: Rafael Melo/G1)
Quase 80% das peças internas ainda são importadas, mas toda a fabricação é feita em Campina Grande. Algumas das máquinas que existem no local são particularmente para a fabricação de acordeons e foram projetadas em Campina Grande por engenheiros contratados pela empresa. A empresa tenta parcerias para tentar nacionalizar a fabricação das peças internas, o que baratearia o preço para o consumidor e facilitaria a inserção da Lettice no exterior.
"Além de nós e da Minuano, a outras fábricas que existem no Brasil apenas montam teclados, foles e outros componentes que já vêm prontos com os nomes das marcas estrangeiras, inclusive. Nós fazemos estes componentes", explicou Marileide Azevedo.
Instrumentos também podem ser personalisados
(Foto: Rafael Melo/G1)
São 40 dias para o produto ficar pronto e a capacidade de fabricação é
de dez equipamentos por mês. No local também há assistência técnica até
de instrumentos de outras marcas. Os foles de oito baixos custam de R$
3,5 mil a R$ 7,8 mil e os acordeons ficam entre R$ 13 mil e R$ até R$ 22
mil, no caso dos personalizados.(Foto: Rafael Melo/G1)
Um dos clientes da marca, o cantor de uma banda de forró de Campina Grande Felipe Lemos encomendou o instrumento todo em madeira, com um material que ele mesmo levou à fábrica. No fim, o equipamento inteiro ficou mais leve por não ter revestimento. "Essa possibilidade de vir ao local dizer como se quer a sanfona é ímpar. O teclado do acordeon é mais leve do que os demais", disse. Além dele, outros grandes artistas a exemplo de Genival Lacerda, Dominguinhos, Alcymar Monteiro e Dorgival Dantas já utilizaram o instrumento paraibano.
As sanfonas Lettice também estão no programa Superstar, da Rede Globo, em todas as apresentações da banda Luan e Forró Estilizado. A sanfona que o vocalista, Luan Silva, filho de José Amazan, foi produzida em Campina Grande.
Aulas de música em Campina Grande
Preservando a tradição, artistas como Luizinho Calixto e Edmar Miguel dão aulas na Universidade Estadual da Paraíba a dezenas de alunos ensinando a tocar acordeons de 120 baixos e foles de 8 baixos. "Campina Grande virou um celeiro de artistas do segmento, produzindo instrumentos e tocadores", analisou Luizinho.
Mário Luiz (Carioca) com G1
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