domingo, 9 de dezembro de 2012

Crescimento da frota faz paraibano passar em média três meses no trânsito

Crescimento da frota faz paraibano passar em média três meses no trânsito
Na Paraíba, 178,5 mil pessoas levam até uma hora para se deslocar de casa para o trabalho - em especial nos maiores centros urbanos, como João Pessoa e Campina Grande -, conforme os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além disso, 52,9 mil pessoas levam mais de uma hora para fazer esse trajeto. O problema é quando se somam todas as horas perdidas durante o dia e a saúde que vai embora com elas.

O principal motivo para tanta lentidão é o crescimento de 240,7% da frota nos últimos 12 anos, Conforme os dados do Departamento Estadual de Trânsito da Paraíba (Detran-PB). Hoje já são mais de 876,6 mil veículos disputando as ruas e causando lentidão e congestionamentos.

De acordo com o psicólogo Rainero Aquino, as pessoas que enfrentam o trânsito têm o dobro de chances de adoecer e se licenciar do trabalho. Se for considerado o tempo de pelo menos duas horas gastas diariamente no trânsito para ir e voltar do trabalho - contando os cinco dias da semana, exceto sábados e domingos -, chega-se a um total de 40 horas gastas por mês se deslocando nas ruas durante os dias úteis da semana. Enquanto isso, o trabalho demanda 160 horas por mês. É como se para cada 12 meses trabalhando durante o ano, o trabalhador tivesse que passar três meses no trânsito.

O psicólogo Rainero Aquino ponderou que o estresse no trânsito afeta diretamente a produtividade do trabalhador e desestimula o cumprimento de horários. “Alguém que precise de 30 minutos a uma hora para chegar ao trabalho acaba desenvolvendo uma intolerância maior, algumas resistências que influem na frequência do trabalho. Uma pessoa que acorda de manhã sabendo que tem que ir para o trabalho, mas tem outra barreira a vencer, acaba desenvolvendo resistência ao trabalho”, observou.

Na opinião do psicólogo, uma vivência de frustrações diárias e estresse pode se perdurar e evoluir para um transtorno ansioso como uma fobia de trânsito ou um processo depressivo, por exemplo. “O indivíduo fica mais limitado, acumulando insatisfação, angústia e tristeza. Tudo isso acaba configurando um transtorno ansioso ou um transtorno fóbico. O estresse e a depressão estão muito ligados a isso”, pontuou.

Mesmo sem ter passado por problemas de saúde como esses, a secretária Janiele Costa é um exemplo do desgaste provocado pelo trânsito. A jovem pega quatro ônibus por dia para se deslocar até a faculdade de manhã e ao trabalho, à tarde. “Já teve dias em que eu tive que passar duas horas em um único ônibus. Foi quando aconteceu um acidente na rua que é o único caminho por onde o ônibus passa. A gente só podia esperar”, contou.

Mário Luiz (Carioca) com Correio

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