Grupo denuncia falta de estrutura adequada para partos naturais.
Diretora de maternidade diz que 'assédio deve ser combatido'.
Grupo
de apoio para mulheres sobre parto e maternagem na Paraíba promove
mobilização em defesa do parto natural (Foto: Gestar & Maternar /
Wagner Araújo)
Da violência obstétrica explícita à falta de estrutura mais adequada
para a realização de partos naturais, um grupo de apoio e luta pela
humanização do parto da Paraíba
lista vários problemas que as gestantes enfrentam nas maternidades
públicas e privadas no estado. Segundo o grupo Gestar & Maternar, o
problema começa no pré-natal: ou com excesso de solicitação de exames ou
com a precariedade na forma como ele é realizado na rede pública.Juliana Sallenave é uma das criadoras do grupo e afirma que no Sistema Único de Saúde (SUS), o trato às gestantes não é acolhedor como deveria. “No SUS, a violência obstétrica é mais explícita e marcante, desde a agressão verbal até o uso rotineiro de procedimentos proscritos na medicina há mais de trinta anos, como a manobra de Kristeller, em que é feita pressão no fundo do útero para forçar a saída do bebê no período expulsivo”, afirmou.
A aceitação pela cirurgia cesariana, segundo o Gestar & Maternar, acaba sendo uma indução que atinge principalmente as mulheres que estão mais vulneráveis por conta da dor provocada pelas contrações do parto e das preocupações com a saúde do bebê. “Nas enfermarias não há privacidade e muitas de nós, como doulas voluntárias no SUS, presenciamos todo tipo de agressão, é muito triste. A mulher passa a temer pela própria vida e a do filho e permite ser separada do acompanhante, cortada e empurrada. Por isso muitas imploram para a aparente dignidade de se submeter a uma cesariana”, frisou.
Assédio deve ser combatido na hora do parto, diz diretora da Frei Damião
O tempo entre o começo do trabalho de parto até o nascimento do bebê são horas cruciais de resistência e dor, relatadas pelas participantes do Gestar & Maternar que podem ser atenuadas com uma série de preparações físicas e psicológicas da gestante e até de seu acompanhante. Em média, um parto normal pode levar de duas até 72 horas, o que requer da paciente tranquilidade e da equipe que a acompanha paciência.
Ouvir de uma profissional que quando foi fazer não sentiu dor, nem
gritou é uma violência sem tamanho para quem está num trabalho de parto"
Paciente
A justificativa é de que, mesmo após o parto, ela retornaria à unidade por conta do acompanhamento, por isso, o receio em formalizar a denúncia. “Esse tipo de tratamento está tão normalizado na socidade e nas maternidades e hospitais que a maioria das mulheres nem identifica isso como contrário à humanização do serviço”, avalia.
A diretora geral da Maternidade Frei Damião, Ana Márcia Fernandes, enfatizou que em 2013 não houve nenhuma denúncia desse tipo formalizada junto ao serviço social e à ouvidoria da maternidade. Ela enfatizou que a Maternidade Frei Damião é referência no parto humanizado e possui o selo 'Amigo da Criança'.
Atitudes que se confrontam com o atendimento humano, caso seja denunciado, segundo Ana Márcia Fernandes, serão investigados e punidos. “Todas as denúncias são recebidas pela ouvidoria da maternidade, mas é preciso que a paciente que se sentir constrangida ou mal atendida formalize a denúncia para que possamos tratar o caso de forma individual, específica e pontual", diz.
Mário Luiz (Carioca) com G1
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