Nas questões, a defesa de Cunha levanta pontos em que Temer é apontado
por delatores como estando envolvido nas negociações de pagamentos ao
PMDB intermediados por Cunha. Em uma delas, o deputado cassado --preso
em Curitiba desde outubro de 2016 e já condenado a 15 anos de prisão--
pergunta se Temer conhece Henrique Constantino, já esteve com ele e se a
reunião teve relação com liberação de recursos do FI-FGTS.
Constantino, um dos fundadores da Gol Linhas Aéreas, contou ao
Ministério Público que teria negociado com Cunha uma doação ilegal de 10
milhões de reais ao PMDB em troca de facilitação de acesso a recursos
do FI-FGTS. Segundo o depoimento do empresário, o deputado cassado o
teria levado a um encontro com Temer para avalizar a doação.
Cunha ainda pergunta se as empresas citadas na ação por terem feitos
pagamentos indevidos nas obras do Porto Maravilha fizeram doações ao
PMDB, inclusive para a campanha de Gabriel Chalita à prefeitura de São
Paulo, em 2012, e se Temer teria participado de encontros para tratar
disso e se as doações estavam vinculadas à liberação do FI-FGTS.
Cunha também levanta, mais uma vez, a participação do atual ministro da
Secretaria-Geral da Presidência da República, Moreira Franco, à
liberação de recursos para as obras do Porto Maravilha, no Rio de
Janeiro, a pagamentos indevidos.
Cunha pergunta, por exemplo, se Temer foi o responsável pela indicação
de Moreira para a vice-presidência de fundos e loterias da Caixa e pela
indicação de seu substituto, Joaquim Lima, um dos assessores mais
próximos do ministro e atual secretário-executivo da Secretaria Geral.
"Vossa Excelência fez alguma reunião para tratar de pedidos para
financiamento com FI-FGTS, com Moreira Franco e André de Souza? Se sim,
quando? Com quem?", pergunta Cunha. André de Souza era o representante
dos trabalhadores no Conselho do FI-FGTS, indicado pelo PT.
A sequência de perguntas se encerra com Cunha questionando se Temer
sabe do recebimento de "vantagens indevidas" por Moreira Franco nas
obras do Porto Maravilha e no Porto de Santos.
Por se presidente da República, Temer tem a prerrogativa de responder
por escrito às questões e terá "preferencialmente" 10 dias para fazê-lo,
mas não é nem mesmo obrigado a respondê-las.
Questionado pela Reuters se o presidente havia recebido as perguntas e
se iria respondê-las, o Palácio do Planalto limitou-se a responder que
"até o momento nada havia sido protocolado".
Da Redação com Terra
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