sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Acusado de chacina no Rangel quebra o silêncio e concede entrevista para O Norte



Um lamento e um suspiro. Assim começou a entrevista que Carlos José Soares de Lima concedeu ao jornal O Norte, dentro de uma das salas do presídio onde está preso. Talvez ele não seja tão conhecido pelo nome e sim pelo crime que cometeu junto com a mulher. A Chacina do Rangel, fato onde cinco pessoas de uma mesma família, sendo três crianças, foram assassinadas, deu a Carlos o título de "monstro" em todo o país. No crime, ocorrido em 9 de julho do ano passado, no bairro do Rangel, em João Pessoa, Carlos e a esposa Edileuza de Oliveira dos Santos, 28 anos, mataram a golpes de facão, Divanize Soares dos Santos, de 37 anos, seu marido, Moisés Soares dos Santos, de 33 anos e os filhos Raíssa Soares dos Santos, 2 anos, Rair Soares dos Santos, 4 anos e Raquel Soares dos Santos, 10 anos. No dia 16 deste mês, Carlos e Edileuza vão a júri popular e terão o destino decidido pelo corpo de jurados.

 Na entrevista, ele contou passo-a-passo do crime, falou sobre a hora em que saiu de casa armado de facão e peixeira e quando foi seguido pela esposa.
Sobre a vida na cadeia, relata os "dois dias e meio" de tortura por que passou no presídio do Róger e o que espera da vida quando sair da prisão. Ele pede perdão à familia das vítimas e "a todo Brasil", e diz querer pagar pelo que cometeu. Hoje, isolado dos demais presos, Carlos se apega à religião para encontrar algum conforto, e é elogiado pela direção do presídio PB1, em Jacarapé, pelo bom comportamento.
Em sua voz um tom de arrependimento pela barbaridade cometida naquela noite. "Eu fui um fraco", confessou. Ao descrever o dia do crime, foram frequentes as vezes em que a conversa foi interrompida por suspiros. "Eu não estou aguentando mais", repetia. A dor de ser responsabilizado pela morte das três crianças parece atormentar o servente de pedreiro. Depois de um ano da chacina ele mudou a versão inicial e atribui a mulher - agora nem tão próximo dele - a culpa pelo assassinato das crianças. Assume apenas a autoria da morte de Moisés. Mesmo com o semblante fechado, não foram poucos os momentos em que sorriu. A voz embargada ao narrar os fatos é que traziam à tona o que realmente se passa na consciência daquele tido como "monstro" pela sociedade.
Ao falar do filho de dois anos e da relação que tinha com os vizinhos, não conseguia segurar o riso. Talvez a simples possibilidade de ter uma nova vida, depois da cadeia.

Da Redação Com O Norte

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