A vida da jornalista Renata Mondelo Mendonça tem hoje poucas
semelhanças com a de dois anos atrás. Depois do acidente da Air France,
no dia 31 de maio de 2009, ela mudou de cidade, de emprego e passou a
ser mãe e pai para o pequeno Thiago. Ele tinha apenas 11 meses quando o
pai morreu.
'Hoje meu filho me pergunta por que é o único menino da escola que não tem pai. Ele me pede um pai de brinquedo', conta Renata (veja reportagem em vídeo).
Renata trabalhava na área de comunicação da mineradora, mas conta ter sido demitida dois meses após o acidente. Resolveu voltar para o Rio, onde nasceu, e conseguiu um novo emprego na área de relações públicas e imagem corporativa.
'Não tenho dificuldade financeira porque eu trabalho. Mas o meu padrão de vida hoje é outro', diz.
Renata define dois momentos após o acidente: o primeiro é o 'de lidar com a perda da pessoa', algo que 'vai ser sempre doloroso, não tem reparação', diz. O segundo são as negociações com a Air France.
ProcessosAo lado da dor da perda, a questão prática de enfrentar processos e negociar acordos e indenizações é um capítulo vivido por todas as famílias das vítimas, mais cedo ou mais tarde.
O advogado João Tancredo, que representa famílias de 15 vítimas em ações contra a Air France, diz que os processos são por dano moral e material, e que a indenização por dano moral tem sido de mil salários mínimos por parente. Eles levam em média três anos para ser concluídos, ou seja, as primeiras indenizações devem começar a ser pagas no ano que vem.
Tancredo diz que tem conseguido antecipar parte da compensação material para que os familiares não enfrentem dificuldades financeiras. 'Inúmeros clientes recebem uma quantia por mês de pensão ou para tratamento psicológico ou psiquiátrico', afirma o advogado.
A pensão mensal é paga a dependentes econômicos, que podem ser filhos, esposas ou mesmo pais das vítimas. Já a verba para tratamento psíquico foi concedida a quase todos os familiares durante dois anos, período que o advogado vai tentar prorrogar em função dos últimos desdobramentos. 'Com mais corpos sendo resgatados, o quadro se piorou. Isso é um caos, destrói o psique das pessoas.'
Outras famílias do Rio tentaram entrar com processos nos Estados Unidos, apostando na maior velocidade da justiça norte-americana. Presidente da Associação de Familiares das Vítimas do Voo AF 447, Nelson Marinho diz que a corte americana não aceitou o processo. Eles agora procuram negociar um acordo com a companhia.
Tancredo diz que seis processos de seu escritório já têm valores definidos e ainda enfrentam recurso da Air France. No caso da família da psicóloga Luciana Clarkson Seba, o recurso da companhia aérea foi indeferido no início de maio, quando a 11ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio bateu martelo sobre a indenização cabível à família.
De acordo com a decisão, a Air France terá que pagar R$ 1,6 milhão de indenização à família de Luciana, sendo R$ 1,2 milhão aos seus pais e os demais R$ 400 mil às suas duas avós. A mãe de Luciana receberá pensão R$ 5 mil por mês até a data em que a vítima completaria 70 anos.
Pai de Luciana, o médico Oswaldo Seba, de 60 anos, se mostra indiferente à decisão. Alheio, diz que o dinheiro 'não faz muito sentido' e que a indenização é uma coisa 'terciária' para a família. A psicóloga viajava com o marido e os sogros para a França, e era a única filha e neta dos Seba.
'Em primeiro lugar está o sentimento da perda. Em segundo, a necessidade de saber a causa do acidente. Em terceiro e último, bem longe, está essa parte do dinheiro. Ela serve apenas como uma coisa punitiva. Mas não sabemos nem a quem que vai punir, se vai atingir algum dirigente da Air France, ou da Airbus', diz Seba.
Da Redação com G1
'Hoje meu filho me pergunta por que é o único menino da escola que não tem pai. Ele me pede um pai de brinquedo', conta Renata (veja reportagem em vídeo).
A jornalista Renata Mondelo Mendonça, cujo marido morreu no acidente com o voo 447 da Air France
O marido de Renata, Marco Antonio Camargos Mendonça, de 44 anos, era um
dos 228 passageiros do voo AF 447. Eles eram casados havia cinco anos e
moravam em Belo Horizonte em função do trabalho de Mendonça, diretor
internacional do Departamento de Manganês da Vale.Renata trabalhava na área de comunicação da mineradora, mas conta ter sido demitida dois meses após o acidente. Resolveu voltar para o Rio, onde nasceu, e conseguiu um novo emprego na área de relações públicas e imagem corporativa.
'Não tenho dificuldade financeira porque eu trabalho. Mas o meu padrão de vida hoje é outro', diz.
Renata define dois momentos após o acidente: o primeiro é o 'de lidar com a perda da pessoa', algo que 'vai ser sempre doloroso, não tem reparação', diz. O segundo são as negociações com a Air France.
Renata com o marido, Marco Antonio Camargos
Mendonça, de 44 anos, e o filho, que tinha 11 meses quando o pai morreu
Ela afirma que está tendo 'muita dificuldade' de chegar a um valor que
considere satisfatório. 'Eles devem garantir pelo menos que meu filho
tenha o futuro que teria com o pai, porque ele ficou com essa lacuna',
ressalta.Mendonça, de 44 anos, e o filho, que tinha 11 meses quando o pai morreu
ProcessosAo lado da dor da perda, a questão prática de enfrentar processos e negociar acordos e indenizações é um capítulo vivido por todas as famílias das vítimas, mais cedo ou mais tarde.
O advogado João Tancredo, que representa famílias de 15 vítimas em ações contra a Air France, diz que os processos são por dano moral e material, e que a indenização por dano moral tem sido de mil salários mínimos por parente. Eles levam em média três anos para ser concluídos, ou seja, as primeiras indenizações devem começar a ser pagas no ano que vem.
Tancredo diz que tem conseguido antecipar parte da compensação material para que os familiares não enfrentem dificuldades financeiras. 'Inúmeros clientes recebem uma quantia por mês de pensão ou para tratamento psicológico ou psiquiátrico', afirma o advogado.
A pensão mensal é paga a dependentes econômicos, que podem ser filhos, esposas ou mesmo pais das vítimas. Já a verba para tratamento psíquico foi concedida a quase todos os familiares durante dois anos, período que o advogado vai tentar prorrogar em função dos últimos desdobramentos. 'Com mais corpos sendo resgatados, o quadro se piorou. Isso é um caos, destrói o psique das pessoas.'
Outras famílias do Rio tentaram entrar com processos nos Estados Unidos, apostando na maior velocidade da justiça norte-americana. Presidente da Associação de Familiares das Vítimas do Voo AF 447, Nelson Marinho diz que a corte americana não aceitou o processo. Eles agora procuram negociar um acordo com a companhia.
Tancredo diz que seis processos de seu escritório já têm valores definidos e ainda enfrentam recurso da Air France. No caso da família da psicóloga Luciana Clarkson Seba, o recurso da companhia aérea foi indeferido no início de maio, quando a 11ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio bateu martelo sobre a indenização cabível à família.
De acordo com a decisão, a Air France terá que pagar R$ 1,6 milhão de indenização à família de Luciana, sendo R$ 1,2 milhão aos seus pais e os demais R$ 400 mil às suas duas avós. A mãe de Luciana receberá pensão R$ 5 mil por mês até a data em que a vítima completaria 70 anos.
Pai de Luciana, o médico Oswaldo Seba, de 60 anos, se mostra indiferente à decisão. Alheio, diz que o dinheiro 'não faz muito sentido' e que a indenização é uma coisa 'terciária' para a família. A psicóloga viajava com o marido e os sogros para a França, e era a única filha e neta dos Seba.
'Em primeiro lugar está o sentimento da perda. Em segundo, a necessidade de saber a causa do acidente. Em terceiro e último, bem longe, está essa parte do dinheiro. Ela serve apenas como uma coisa punitiva. Mas não sabemos nem a quem que vai punir, se vai atingir algum dirigente da Air France, ou da Airbus', diz Seba.
Da Redação com G1
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