“Sexting” --que em inglês é a junção de “sex” (sexo) e “texting” (escrever)-- é a nova mania entre adolescentes. Criado nos Estados Unidos, o comportamento chegou recentemente ao Brasil e em pouco tempo se espalhou. A prática consiste em tirar e enviar fotos sensuais de seus próprios corpos nus ou seminus e depois enviá-las por celular, e-mail ou webcam. Os destinatários são, geralmente, paqueras, ficantes, namorados ou amigos. Por ser uma fase de descoberta da paixão e da sexualidade, a adolescência é um período onde decisões impensadas como essa podem deixar de ser apenas diversão e acabar virando um tormento para quem se expôs.
A internet e outras tecnologias, como o bluetooth e os smartphones conectados as redes sociais, ajudam a eternizar o erro. Na maioria das vezes, o “sexting” não termina bem, já que as imagens acabam se espalhando na rede e os autores viram vítimas de suas próprias fotos. Foi o caso da estudante de São Bernardo H.N., de 15 anos, que foi hostilizada pelos colegas após mandar fotos nuas para o namorado.
“O papo no telefone começou a esquentar e eu resolvi enviar por mensagem minhas fotos. Fiz isso só para provocar, nunca imaginei que ele espalharia no colégio”, contou a menor. Após o acontecido, a menina teve que mudar de colégio e quase entrou em depressão. “Fiquei super envergonhada, fechei todas as contas em redes sociais, não queria mais sair de casa cheguei a pensar em fugir de cidade”, desabafou.
Enquanto os adolescentes encaram esta atitude como inofensiva, para os educadores essa é uma prática muito perigosa, uma vez que o jovem que espalha as fotos pode ter problemas com a justiça. Segundo o artigo 241 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a publicação de imagens de crianças e adolescentes em situações sexuais é crime.
A mãe de H.N sofreu junto às conseqüências. “Quando fiquei sabendo, me senti muito culpada, fiquei pensando que o erro foi meu de não ter conversado com ela antes e sofri junto ao ver minha filha sendo hostilizada. Mas depois me conformei que não vou conseguir protegê-la de tudo”, disse a mãe, que não quis se identificar.
Além dos problemas com a justiça, o perigo acontece com a exposição da vítima que facilita a intimidade e aproximação de pedófilos e outros criminosos. Apesar da existência do estatuto, o adolescente que virou refém tem dificuldade em punir o culpado, pois, em geral, não levam a acusação adiante por medo de ser ainda mais exposto. Neste caso, cabe aos pais entrarem em acordo com os filhos.
Para evitar que os filhos entrem nesse movimento, é importante ficar de olho na internet e no celular sem constrangê-los e invadir a privacidade. “Conversar e informar os filhos sobre os riscos na internet é fundamental, pois além desse movimento, existem outros diversos riscos na rede”, explicou a psicóloga Beatriz Sant’anna.
Ao se deparar com o “sexting” , pais e responsáveis devem denunciar pelo pelo site da ONG Safernet. A Delegacia de Crimes Eletrônicos também recebe denúncias e as encaminham para a Polícia Federal e para o Ministério Público Federal.
Segundo a ONG Safernet, algumas atitudes podem evitar constrangimentos futuros. A instituição sugere que nunca se envie pela internet ou por celulares arquivos que podem expor o remetente. As fotos e vídeos podem virar instrumento de vingança no futuro.
Quando o adolescente tiver dúvidas em relação ao comportamento sexual, o recomendado é que ele converse com seus pais.
*Esta reportagem foi produzida por alunos do curso de Jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário