Ataques ao movimento causam polêmica e organizadores acusam parlamentares de homofobia. Para eles, "homossexuais" já têm todos os direitos respeitados
Na Câmara Municipal, durante toda a semana, o assunto virou pauta de discussão. Alguns dos parlamentares se posicionaram publicamente contra o patrocínio do poder público à Parada do Orgulho LGBT. Nesta sexta-feira (23), um dos outdoors que divulgam o evento amanheceu pichado na avenida Epitácio Pessoa, a mais movimentada da cidade. Um outro outdoor, localizado na BR, próximo ao Macro, foi rasgado.
Por toda a semana, as sessões na Câmara de Vereadores de João Pessoa anotaram posturas contrárias à realização da Parada do Orgulho LGBT com apoio financeiro do poder público. Na opinião da vereadora Eliza Virgínia (PSDB), os homossexuais estão querendo fazer intimidações e interferir nos direitos heterossexuais. "Os direitos dos homossexuais? Todos eles já foram adquiridos, mas o perigo agora é que eles querem que os direitos dos héteros sejam retirados. Querem tirar direitos que não concordam com as práticas deles", afirma.
Renan Palmeira, presidente do Movimento Espírito Lilás (MEL) contesta as críticas dos vereadores pessoenses. "Nós vivemos numa sociedade hoje que existem esse modelo matriarcal familiar, mas já há um entendimento de famílias uniparentais. Infelizmente essas falas só reforçam o preconceito desses vereadores e de outras lideranças políticas", disse.
A Parada do Orgulho LGBT de João Pessoa tem como tema ‘Respeito e Liberdade Caminhando Lado a Lado’. O assessor técnico do evento, Michael Rodrigues, condenou os ataques ao material de divulgação da Parada. Na sua opinião, "foi uma ação homofóbica".
Michael adiantou que a grande novidade deste ano é que a Parada Gay em João Pessoa terá eventos por três dias. Nesta sexta-feira (23), haverá uma sessão de cinema com o filme “Como Esquecer” e um debate no Café São Jorge, no centro de João Pessoa. No sábado (24), o ‘Sabadinho Bom” terá uma edição especial dedicada ao evento com apresentações de DJ’s e da banda Marinês Samba Bom.
Créditos: Divulgação
O percurso tem cerca de 2,5 quilômetros. O evento terá várias atrações musicais, perfomances de drag queens e o show da cantora Ellen Oléria, previsto para começar às 22h, logo após o encerramento da caminhada.
A vereadora Eliza Virgínia culpa o Governo Federal pelo que chama de "distorção da realidade". Segundo ela, o Ministério da Saúde e o Ministério da Educação "estão induzindo à erotização precoce. Há uma busca incessante por essa postura dos adolescentes e ninguém entende isso. É incentivo às práticas homossexuais instituídas e pagas com o dinheiro público".
Outros vereadores seguem o discurso de Eliza. Para João Almeida (PMDB), trata-se de uma questão de coerência. "Não é ser radical, é uma questão de ser coerente. A exceção não pode virar a regra, nem me obrigar a virar essa exceção. A família é formada por pai, mãe e filhos. Devemos combater essa onda de desagregação das famílias que atingiu o Brasil", pregou.
Renan Palmeira sustenta que a Câmara Municipal de João Pessoa está agindo de forma "preconceituosa" quando se refere apenas aos eventos do movimento LGBT. "Esses vereadores que criticam tanto o movimento LGBT como o investimento na Parada Gay são preconceituosos e não sabem o que estão falando. O Estado brasileiro gastou quase R$ 70 milhões na visita do Papa ao Brasil, mas ninguém critica. A posição dos vereadores é homofóbica", avalia.
Para o vereador peemedebista, o poder público não poderia apoiar financeiramente esses eventos. Ele entende que o movimento LGBT quer transformar uma "exceção numa regra" e a família não deve permitir isso. "Ser homosexual é ser diferente, sim. Não sou eu que digo sempre, são os próprios homossexuais que o dizem. Eles devem ser respeitados sim, mas devem ocupar o seu lugar, cada qual no seu quadrado (SIC). Agora, fazer disso uma regra e ainda querer me obrigar a fazer parte dessa regra, é um absurdo", argumentou.
Mário Luiz (Carioca) com Correio
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