Pacto destinará R$ 840 milhões em projetos beneficiando a Região Metropolitana de JP e Campina Grande
Na Região Metropolitana de João Pessoa estão previstas três obras para comportar o crescente fluxo de veículos: a implantação dos Veículos Leves sobre Trilhos (VLT), corredores para ônibus rápidos (BRT) e o Projeto de Adequação de Capacidade e Segurança da BR-230, com a construção de dez viadutos no trecho entre Cabedelo e Oitizeiro, além de uma terceira faixa para a circulação de veículos.
Em Campina Grande, as obras do programa de mobilidade urbana custarão R$ 130 milhões, com R$ 5 milhões de contrapartida da Prefeitura. O projeto inicial, que ainda pode sofrer alterações, consiste na construção de quatro viadutos e 16 quilômetros de avenidas, com corredores de ônibus que cortam 21 bairros da cidade. Segundo o secretário de Obras do Município, André Agra, a produção do projeto está na fase final e o processo licitatório deve ser concluído até o final deste ano. “A expectativa é começar as obras no primeiro semestre do próximo ano”, indicou.
O Ministério das Cidades informou que disponibilizou R$ 492 milhões para investimentos em mobilidade urbana na Paraíba e todos os projetos estão em fase de contratação. O BRT custará R$ 188 milhões e o VLT Metropolitano, R$ 168,77 milhões. Os 135,4 milhões restantes serão investidos nas obras de Campina Grande. Outros R$ 350 milhões deverão ser investidos na infraestrutura da BR-230 da Região Metropolitana de João Pessoa, através de recursos do Ministério dos Transportes. Segundo o engenheiro fiscal responsável pelo projeto, Rainer Branco, o valor é uma estimativa inicial e pode sofrer alterações.
Transporte público
O aumento constante da frota de veículos nas cidades brasileiras transforma a questão da mobilidade urbana em um dilema difícil de ser solucionado. Algumas medidas paliativas, como o alargamento de avenidas, são adotadas por prefeituras, mas não resolvem os problemas a longo prazo. Para o presidente da Comissão de Educação de Trânsito da OAB-PB, Samuel Aragão, investir em transporte de massa é um passo importante para oferecer um transporte público de qualidade.
“O problema do trânsito no Brasil está ligado diretamente ao transporte público, que não é eficiente. É preciso investir nesse setor para que as pessoas confiem no sistema de transporte e, assim, deixem seus veículos em casa, ajudando a diminuir o fluxo nas ruas. O ideal seria a construção de metrôs, mas nem todas as cidades têm condições para isso e, nesses casos, o BRT é uma boa alternativa”, avaliou Samuel Aragão.
De acordo com dados do Detran-PB, a Paraíba tem atualmente uma frota de 922.952 veículos (até o final de maio). O número reflete um crescimento de 174% nos últimos dez anos, quando o Estado contava com 336.333 veículos. Do total, 290.185 estão em João Pessoa e 138.929 em Campina Grande. Na Capital, a quantidade de veículos em circulação cresce aproximadamente 8% a cada ano.
BRT pode ter mais dois corredores
O projeto inicial do Bus Rapid Transit (BRT) de João Pessoa prevê quatro grandes corredores exclusivos para ônibus, construídos nas avenidas Cruz das Armas, Dom Pedro II, Dois de Fevereiro (Cristo Redentor) e Epitácio Pessoa. Com a possibilidade de receber novos recursos do Governo Federal, a Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana (Semob) analisa estender o BRT para outras áreas da Capital, como as avenidas Tancredo Neves e Beira Rio, caso o pacto anunciado pela presidente Dilma Rousseff contemple a Paraíba.
A expectativa é que o novo sistema, orçado em R$ 188 milhões, seja até três vezes mais rápido que os veículos tradicionais. Conforme o diretor de Planejamento da Semob, Adalberto Araújo, as duas localidades que estão sendo estudadas merecem atenção especial porque apresentam gargalos constantes. “Estamos pensando em incluir a (avenida) Tancredo Neves no projeto porque contemplaria toda a população do Bessa, Padre Zé, Mandacaru e outros bairros. Já a Beira Rio é importante por causa do desenvolvimento e crescimento do Altiplano”, avaliou.
Adalberto Araújo afirmou que ainda não é possível prever quando as obras começarão, devido ao andamento do processo licitatório. No entanto, em entrevista concedida ao CORREIO em abril, o superintendente da Semob, Nilton Pereira, adiantou que as obras poderiam começar já em dezembro deste ano, sendo necessários mais dois anos para a conclusão. As obras envolvem a troca de pavimentação (passará a ser de concreto), construção de estações de embarque e desembarque e implantação de vias exclusivas.
Maior agilidade e conforto são as principais vantagens prometidas pelo sistema BRT. Com capacidade de até 180 passageiros, os veículos serão climatizados e atenderão usuários de diversas estações, que substituirão os atuais pontos de ônibus. As novas paradas serão completamente fechadas – também com ar condicionado – e terão um sistema informatizado que mostrará ao usuário as linhas que passam no local e o tempo estimado para a chegada do veículo.
Além das estações espalhadas pela cidade, existirão os terminais que farão a integração entre as linhas. Serão quatro: Cruz das Armas, Centro, Cristo e Centro. Este último será construído ao lado do Terminal Rodoviário e fará também a integração com as linhas de transporte metropolitano. Na semana passada, foi definida a área do primeiro terminal, que ficará em Cruz das Armas, próximo ao Viaduto de Oitizeiro. O decreto publicado no Semanário Oficial transformou dois terrenos do local em áreas de utilidade pública.
Os terminais contarão com bicicletários e área de estacionamento para que a população possa utilizar o transporte público em pelo menos uma parte do trajeto percorrido. “A ideia é atrair o usuário do carro também. Por isso, é preciso oferecer conforto para que ele precise usar o automóvel só quando for necessário”, afirmou Adalberto Araújo. O sistema de transporte público atende hoje cerca de 280 mil usuários diariamente, segundo a Semob.
Semob não prevê tarifa maior
Embora o BRT seja um sistema mais moderno e eficiente, a Semob não acredita que o usuário terá que pagar mais para usufruir do serviço. Segundo o diretor de Planejamento da Semob, Adalberto Araújo, os custos de manutenção não serão tão frequentes como acontece hoje e, além disso, as linhas são planejadas para circular de maneira mais “inteligente”, evitando gastos desnecessários.
“O nosso sistema atual não funciona de forma racional como deveria ser. Em Mangabeira, por exemplo, temos 15 linhas e cinco terminais. Essas linhas não se comunicam e convergem para o Centro, e isso é ruim porque muitas vezes um ônibus segue atrás do outro, quando deveria estar circulando em outra parte do trajeto. Com o BRT isso não deve acontecer e, assim, diminuirá a quilometragem dos veículos”, explicou Adalberto Araújo.
Leia a reportagem completa na edição deste domingo do Jornal Correio da Paraíba.
Mário Luiz (Carioca) com Correio
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