Índice de pior escola da PB, de acordo com Ideb, caiu mais de 50%

Escola foi fundada em 2009 e índice caiu de 2.1 para 0.9.
"Alunos pegaram prova sem saber o que estavam fazendo", diz diretora.

Escola estadual do distrito de Galante teve a pior
classificação do Ideb na PB (Foto: Rafael Melo/G1)

Os dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) recentemente divulgados pelo Ministério da Educação (MEC) não foram muito animadores para uma escola de Campina Grande, no Agreste da Paraíba. O G1 foi até a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Isabel Rodrigues de Melo, que obteve o pior índice de todo o Estado. A nota obtida foi 0.9 para o 9º ano do ensino fundamental, o que representa uma queda de mais de 50% em relação ao último índice da escola no exame.

O índice da escola em 2009 foi de 2.1 e no ano passado este índice foi de apenas 0.9. Isso representa uma queda de 57% no rendimento escolar de acordo com o exame nacional. A expectativa do MEC era de que em 2011 a nota chegasse a 2.4, mais que o dobro da nota obtida. A escola foi inaugurada em 2009 e tem estrutura relativamente nova. A equipe de reportagem do G1 conseguiu falar com a direção, mas foi impedida de ter acesso às salas de aulas e a entrevistar os alunos.
A diretora da escola, a professora Luciana Lisboa, atribui a culpa do resultado negativo à gestão anterior do colégio. "Nós recebemos a escola em uma situação precária, sem proposta pedagógica e planejamento eficazes. Era uma direção tirana que afugentou os alunos de sala de aula e fez com que os que ficaram estudassem desmotivados. Basicamente, foi isso", afirmou.
As provas do Ideb foram aplicadas em novembro de 2011 e a atual gestão está à frente da escola desde março do mesmo ano. A diretora informou ainda que em 2009, ano em que a escola passou a funcionar, mais de 900 alunos estavam inscritos. Segundo ela, esse número caiu para pouco mais de 400 em 2010 e chegou a cerca de 380 no ano seguinte. "A evasão mostra que a pedagogia adotada não estava dando certo ", argumentou a diretora.
Apesar do número ruim, a escola possui dez salas de aulas, laboratório de informática, laboratório de ciências, biblioteca, pátio para recreação, além de refeitório. A estrutura tem até rampas de acessibilidade. A escola fica no distrito de Galante, que pertence a Campina Grande. São 350 alunos nos três turnos, além de 30 professores e 25 funcionários trabalhando na escola.

Ideb Paraíba PB (Foto: Editoria de Arte/G1)

A direção da escola não permitiu que o G1 tivesse acesso aos laboratórios, mas o professor de informática admitiu que os computadores estavam todos desativados e que, após a divulgação dos dados do Ideb, foi iniciado um trabalho para reativar o laboratório. O laboratório de ciências também não está funcionando e alguns objetos estavam espalhados pelo chão.
A diretora, que já é a terceira desde 2009, disse que a defasagem no ensino também pode ter contribuído para o mal aprendizado dos alunos. "Também não tinha um plano diretor do ensino e as aulas ministradas era muito vagas. Alunos pegaram a Prova Brasil sem saber o que estavam fazendo", denunciou.
Segundo ela, no ano passado apenas três alunos do ensino médio se inscreveram em vestibulares. Para melhorar a educação na escola, ela disse que vai reelaborar o projeto pedagógico incluindo os pais de alunos nas atividades escolares para incentivar os estudantes. Ela afirmou ainda que realizou o censo escolar para ter dados reais sobre a vida escolar de cada aluno e que já pediu ônibus de estudante para facilitar a ida das crianças à escola.
A Terceira Região de Ensino informou que vai dar maior atenção à situação da instituição de ensino para melhorar os resultados. De acordo com o MEC, as projeções dos índices para os próximos anos são de 2.7 para 2013, 3.1 em 2015, 3.3 para 2017, 3.6 em 2019 e 3.9 em 2021. "Não é algo que acontece do dia para a noite, mas nós vamos reverter esse quadro", garantiu Luciana Lisboa.

Mário Luiz (Carioca) com G1