quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Juiz aceita denúncia contra Cerveró e advogado por lavagem de dinheiro


Ex-diretor da Petrobras já responde a processo por corrupção e lavagem.
Operação Lava Jato investiga esquema de propinas na Petrobras.

Fernando Baiano e Cerveró (Foto: Geraldo Bubniak/AGB/Estadão Conteúdo e Geraldo Magela/Agência Senado) 
Fernando Baiano e Cerveró foram alvos de nova denúncia do MPF (Foto: Geraldo Bubniak/AGB/Estadão Conteúdo e Geraldo Magela/Agência Senado)
A Justiça Federal do Paraná recebeu nesta terça-feira (25) nova denúncia contra o ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró, por lavagem de dinheiro. Também passa a ser réu no processo criminal o advogado uruguaio Oscar Algorta. Eles foram presos pela Operação Lava Jato por suspeita de envolvimento no esquema de corrupção que atuava na estatal do petróleo. Cerveró já respondia a processo por corrupção e lavagem.
 
A decisão é do juiz federal Sérgio Moro, responsável pelo processo da Lava Jato na primeira instância. Os réus poderão apresentar defesa.
O Ministério Público Federal do Paraná também havia acusado o lobista Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano, por formação de quadrilha, mas o juiz entendeu que, se entender necessário, cabe à Procuradoria apresentar uma nova denúncia separada sobre esse crime, que será novamente apreciada.
Segundo o MPF, Nestor Cerveró adquiriu um apartamento de luxo no Rio de Janeiro com dinheiro que teria recebido como propina na Petrobras. O valor foi enviado ao exterior por meio de empresas offshores localizadas no Uruguai e na Suíça.
Os procuradores afirmam na denúncia que, apesar de estar registrada em nome de terceiros, a offshore era de propriedade de Cerveró. Já o advogado uruguaio Oscar Algorta é acusado de ter lavado parte do dinheiro desviado comprando o apartamento em nome da offshore uruguaia Jolmey, com o objetivo de tentar ocultar que o ex-diretor da área internacional era o verdadeiro dono do imóvel.
O advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, negou "veementemente" as denúncias contra o cliente dele. "Nestor Cerveró nega veementemente essas acusações. A denúncia é inepta e não aponta nenhum crime cometido por Nestor, e ainda cria um tipo penal inédito, que é a formação de quadrilha por duas pessoas. A denúncia não pode prosperar, e, se os fatos que estão dispostos fossem verdadeiros, jamais poderiam ser julgados pela Justiça do Paraná”, enfatizou.
O advogado Nilo Machado, responsável pela defesa de Fernando Baiano, afirmou que a acusação do Ministério Público é fraca e sem consistência, e que será enfrentada com tranquilidade.
Lavagem de dinheiro
Ainda segundo o MPF, Oscar Algorta foi o "mentor intelectual" da operação de lavagem de capitais que beneficiou Cerveró. O imóvel localizado no bairro de Ipanema foi adquirido pela empresa Jolmey do Brasil – filial da offshore uruguaia – pelo valor de R$ 1,532 milhão. Na reforma do apartamento, o ex-dirigente da petroleira teria gasto R$ 700 mil. Atualmente, informaram os procuradores, a cobertura estaria avaliado em R$ 7,5 milhões.
A denúncia relata que após a conclusão da operação, na tentativa de encobrir quem era o verdadeiro dono, o apartamento foi "alugado" a Cerveró por R$ 3.650. De acordo com os procuradores, o valor do aluguel estaria "muito abaixo do mercado".
"O objetivo de Cerveró e Algorta era simular uma uma locação do imóvel como forma de ocultar a real propriedade do bem e evitar que Cerveró pudesse ser alvo de investigação por enriquecimento sem causa – e claro, de corrupção", diz trecho da denúncia.
Além da abertura de processo contra Cerveró, Baiano e Algorta, foi determinado o confisco do apartamento de Ipanema. O MPF também pediu o sequestro do dinheiro depositado nas contas-correntes da empresa de fachada usada pelo ex-diretor da Petrobras para lavar a propina que recebia do esquema de corrupção e o pagamento de de R$ 7,5 milhões como reparação aos danos causados.
Outro processo
Em dezembro, o MPF já havia denunciado Cerveró e Fernando Baiano pelos crimes de corrupção contra o sistema financeiro nacional e lavagem de capital entre 2006 e 2012. O doleiro Alberto Youssef e o empresário Júlio Camargo, da Toyo Setal, também foram incluídos na mesma denúncia.
Eles são acusados de receber US$ 40 milhões de propina nos anos de 2006 e 2007 para intermediar a contratação de navios-sonda para a perfuração de águas profundas na África e no México. Segundo os procuradores, Baiano era representante de Cerveró no esquema. Sérgio Moro aceitou essa primeira denúncia dois dias após o MPF apresentá-la. Com isso, os quatro se tornaram réus.
  •  
VALE ESTE - Presos na 7ª fase da Operação Lava Jato (Foto: G1)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...