segunda-feira, 4 de maio de 2015

Maestro caloteado leva APALAVRA a descobrir ‘curiosidades’ em contrato do Carnaval

Um surpreendente calote - mais conhecido como “xexo”, na linguagem popular - produzido pela prefeita do Conde, Tatiana Correa (PTdoB), corajosa e incrivelmente denunciado na página dela no Facebook pela vítima, o maestro Marcos Vidal, engrossa nesse começo de maio o mar de lama que envolve a atual gestão do rico Município do litoral sul paraibano, envergonhando ainda mais a população local.
 O maestro (de preto) caloteado em quase R$ 18 mil
“Fiz toda a minha obrigação como maestro de orquestra de frevo, realizei um maravilhoso trabalho no Carnaval de Conde e Jacumã e no final das contas só recebi uma parte do contrato, e ainda fui obrigado a assinar recibo do valor total”, revela o maestro informando ter sido caloteado em R$ 17.600,00.
A Orquestra de Frevo Paraíso Tropical foi contratada para diversos eventos, começando no dia 11 de fevereiro ao tocar para o bloco “Melhor Idade”. No dia seguinte (13/02) acompanhou os blocos “Pimentinhas de Gurugi” e “Pipoquinhas de Jacumã”. No sábado (14/02), tocou para os blocos “Eternamente Flamengo” e “Me leva jacumã”. No domingo (15/02), acompanhou “Mundicinhas de Jacumã”, “Marujo do amor”, “Os canalhas de Jacumã” e “Virgens de Jacumã”.
 A postagem, no perfil de Tatiana
Seguiram-se várias outras apresentações, conforme contrato ao qual APALAVRA teve acesso: “Bloco do Nandão (Tabatinga)”, “Xiclete cum batata”, “Galo do mar e sol”, “Pega na Biluca”, “Timbus de Carapibus”, “Vovô garoto (Carapibus)”, “Transbêbado”, “Boca de litro”, “Perdidos em Jacumã”, “Descabaçadas de Conde”, dentre outras, culminando pós Carnaval com o ‘Limpa Jacumã”, onde a orquestra animou o trabalho e a festa dos garis que recolheram o lixo da quadra.        
O maestro avisa em sua postagem que está passando por sérias dificuldades financeiras por conta da dívida não honrada pela prefeita e conclui com uma fina dúvida: “não sei como vocês ainda tem a coragem de botar a cabeça em um travesseiro e dormir tranquilos sabendo que prejudicaram uma pessoa que não merecia”.

TERCEIRIZAÇÃO
Mais intrigante ainda do que o calote é o vínculo contratual do negócio. Do modo como foi feito o acerto da orquestra com o Município, o maestro na realidade não poderia cobrar a dívida da prefeita, salvo se exista algo mais que APALAVRA não tomou conhecimento, como se permite especular diante da gravidade da denúncia postada no perfil de Tatiana.
Fac-simile de parte da capa do contrato com a Bred
O Carnaval do Conde foi terceirizado, ficando a cargo da empresa pernambucana de Igarassu, Bred Viagens e Eventos, pelo valor global de R$ 874 mil, tudo que diz respeito à festa, tais como contratação de cantores, orquestras e bandas, além da logística do evento, aí incluídos gastos com pessoal, locação de palcos e tendas, etc.
Conforme o contrato, a Orquestra de Frevo Paraiso Tropical está na relação das atrações contratadas pela Bred. Só ela, segundo a lista, teria direito a receber em torno de R$ 70 mil, valor não muito distante daquele que teria sido pago à principal atração da festa, a cantora baiana Margareth Menezes - em torno de R$ 120 mil.
Lista dos contratos do maestro
E aí é onde aparece a grande e curiosa questão, somente agora revelada quando APALAVRA localizou o contrato da terceirização. No Sagres, do Tribunal de Contas do Estado, o contrato de R$ 847 mil foi lançado, presumindo-se que também já tenha sido feito o pagamento, dúvida que somente será dirimida quando os balancetes do primeiro trimestre de 2015 forem disponibilizados.
Ocorre que, segundo o contrato firmado, a despesa com o Carnaval será honrada em 10 longas e suaves prestações de R$ 84 mil, ficando várias outras perguntas sem resposta: a primeira delas, por exemplo, remete logo ao maestro, que disse ter assinado o recibo total do serviço, sem a devida contrapartida numerária. Outra coisa: se ele está cobrando da prefeita e não da empresa, teria havido uma outra negociação à parte entre Tatiana e o maestro? E Margareth Menezes, estrela de primeira constelação, aceitou dividir seu cachê também em módicas 10 parcelas?
Esse é o mistério, para o qual mais uma vez se impõem investigações da Câmara Municipal do Conde, do Ministério Público e do Tribunal de Contas do Estado.

Mário Luiz (Carioca) com A Palavra on Line

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