Todos os trabalhadores já foram trazidos à superfície; falta retirar seis socorristas
Hector Retamal/13.10.2010/AFPFamiliares de Dario Segovia não contém a emoção com sua chegada do fundo da mina; drama dos 33 trabalhadores chega ao fim
O momento que todos esperavam finalmente chegou: foi resgatado o 33º mineiro, o último do grupo que permaneceu preso por 69 dias em uma jazida no norte do Chile. Na espera desde 0h12 desta quarta-feira (13), a chegada à superfície do líder Luis Urzúa, de 54 anos, chefe dos trabalhadores, encerra com mais um momento emocionante o incrível resgate dos trabalhadores.
Urzúa agradeceu o presidente chileno, Sebastián Piñera, que por sua vez elogiou a coragem do topógrafo e exaltou sua coragem por ter sido o último resgatado. Todos cantaram o hino nacional do país.
No entanto, ainda restam seis socorristas no interior da jazida, que desceram para ajudar nas operações, na preparação dos mineiros e também testar a cápsula de resgate.
Segundo o jornal chileno El Mercurio, até 2.000 pessoas, incluindo parentes, funcionários, equipes de resgate, técnicos e jornalistas, estiveram no acampamento Esperanza (Esperança, em português) acompanhando a chegada dos trabalhadores durante toda esta quarta-feira (12).
Um a um, os trabalhadores foram içados a 622 de profundidade pela Fênix, uma cápsula de 53 cm de diâmetro (2 cm mais larga do que o maior dos mineiros), em um trajeto que durava em média 15 minutos, além dos preparativos e verificações de segurança. Ao todo, a operação de resgate durou quase 22 horas.
O estado de saúde dos resgatados supera as expectativas. Mesmo assim, todos sofreram um aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca durante a subida, e dois foram encaminhados a uma cirurgia dentária.
De acordo com o ministro da Saúde, Jaime Manalich, outros dois mineiros, que o chileno não identificou, serão operados nesta quinta-feira (14) "devido a infecções severas", e constituem os únicos casos de complicação médica ainda não solucionados. Um caso de pneumonia já estava sendo tratado havia alguns dias, acrescentou o ministro à imprensa, no hospital de Copiapó.
Resgate dos mineiros foi acompanhado com emoção
A trajetória sensibilizou o mundo. O momento quando a cápsula Fênix 2 trouxe o mineiro Florencio Ávalos para a superfície foi um dos mais comoventes. Aos gritos de "Chi, Chi, Chile”, o primeiro a ser socorrido foi recebido com entusiasmo por sua família, e ganhou as boas-vindas do presidente Piñera.
Para Ávalos, foi o começo do fim de uma odisseia que começou em 5 de agosto, quando um deslizamento de terra o enterrou na mina de San José, com outros 32 colegas, incluindo seu irmão Renan. Bloqueados, eles foram achados depois de 17 dias de buscas, quando as autoridades já davam como mínimas as chances de encontrá-los com vida.
Desde então, no acampamento próximo à cidade de Copiapó foi tomado por otimismo e festa a cada nova chegada das profundezas.
Com a velocidade surpreendente do resgate, 230 meios de comunicação, das quais 180 são estrangeiros, reportam ao vivo a continuidade dos trabalhos e acompanhamentos médicos aos quais os mineiros são submetidos. Muitos se referem ao fato como um “verdadeiro reality show”.
Mario Sepúlveda (2º resgatado) - Um dos mais entusiasmados, o eletricista de 40 anos subiu o túnel gritando dentro da cápsula de resgate e na saída distribuiu pedras trazidas da mina às autoridades. Pouco antes de sua chegada, alguns membros da equipe faziam coro: "Estamos te esperando". O clima era de euforia e emoção. Foi o apresentador da maioria dos vídeos do grupo.
José Ojeda (7º resgatado) - Encarregado de perfuração, viúvo, diabético, ele é o autor da famosa mensagem "Estamos bem no refúgio, os 33", que no dia 22 de agosto revelou ao mundo que os trabalhadores estavam a salvo. Foi recebido pela filha, que tinha uma bandeira do Chile nas mãos.
Claudio Yáñez (8º resgatado) - Operador de máquinas foi recebido com um longo abraço da companheira, com quem prometeu se casar antes de deixar a mina. O momento foi registrado por uma das filhas com uma câmera de vídeo.
Daniel Herrera (16º resgatado) - Com 27 anos, casado, ele foi o último do grupo dos mineiros considerados mais frágeis por suas condições físicas. Deixou de ser taxista para virar motorista de caminhão na mina de San José, onde começou a trabalhar em janeiro deste ano. Foi saudado carinhosamente pela mãe, Alicia Campos. Também foi abraçado pela primeira-dama Cecilia Morel.
Yonni Barrios (21º resgatado) - Eletricista, casado, de 50 anos, era o encarregado do acompanhamento médico dos mineiros por seus conhecimentos de enfermagem. No exterior da mina, duas mulheres que são suas companheiras travaram uma disputa que terminou em briga. Por fim sua amante, Susana, o recebeu com um longo abraço na saída do duto. A mulher se recusou a recebê-lo.
Franklin Lobos (27º resgatado) - Ex-jogador de futebol, Lobos atuou na década de 1980 pela seleção do Chile e pelo Cobresal, onde jogou com o famoso meio campista Iván Zamorano, na época em início de carreira. Após abraçar familiares e socorristas, ele recebeu uma bola de presente e arriscou algumas embaixadas, em sinal de bom humor e condições físicas.
Da Redação com R7
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