África
Além da possível trégua, presidente da Costa do Marfim está negociando saída
Soldados das forças leais ao presidente eleito Ouattara diante do Hotel Golf, em Abidjan, nesta terça-feira
(AFP)
Horas antes do anúncio de trégua feito pelo ex-ministro de Gbagbo, o
porta-voz do presidente derrotado nas urnas ainda tentava mostrar que a
situação era favorável a eles
De acordo com o porta-voz da Operação da ONU na Costa do Marfim (Onuci), Hamadoun Touré, Gbagbo estava entrincheirado com um grupo de auxiliares no bunker de sua residência. O ex-ministro Alcide Djedje, que abandonou o regime, diz que a casa está sob ataque das forças de Alassane Ouattara, o presidente eleito. "Ele está acompanhado da família, incluindo sua esposa, membros do governo e do gabinete", informou Djede, que está refugiado na residência do embaixador francês Jean-Marc Simon. Conforme o ministro francês das Relações Exteriores, Alain Juppé, Gbagbo já discute uma forma de enfim largar o poder - e, em troca, conseguir escapar do confronto com vida.
O general Philippe Mangou, chefe do Estado-Maior marfinense, disse que as forças leais ao atual presidente pediram nesta terça um cessar-fogo à Onuci. "Depois de um bombardeio das forças francesas contra algumas das nossas posições, nós mesmos decidimos interromper os combates e e pedimos ao general comandante da força da ONU um cessar-fogo", afirmou o comandante militar. "Essa trégua permitirá proteger a população, os militares e, por consequência, o presidente e sua família, assim como os membros do governo." A ofensiva final das forças de Ouattara, presidente reconhecido pela comunidade internacional, começou na noite de segunda, com ajuda da ONU e dos franceses.
'Muitas mortes' - Horas antes do anúncio de trégua feito pelo ex-ministro de Gbagbo, o porta-voz do presidente derrotado nas urnas ainda tentava mostrar que a situação era favorável a eles. Conforme o representante, Ahoua Don Mello, as forças de Gbagbo se mantinham com o controle do palácio presidencial em Abidjan, da residência de Gbagbo e do acampamento militar de Agban. Indagado sobre uma possível rendição de Gbagbo, o porta-voz respondeu: "Neste momento, isso não está sendo considerado". Os bombardeios da ONU e da França contra alvos militares em Abidjan provocaram "muitas mortes", disse o porta voz. "Os militares vivem com suas famílias nos acampamentos", lembrou ele.
A batalha de Abidjan, iniciada em 31 de março pelas forças de Ouattara, adquiriu uma nova dimensão com a participação, desde segunda, das Nações Unidas e da França, quatro meses depois de uma crise pós-eleitoral que levou o país à beira da guerra civil. A situação humanitária em Abidjan, capital econômica da Costa do Marfim, se tornou "absolutamente dramática" para os civis em meio aos combates, diz a ONU. O pleito de novembro de 2010 deu a vitória a Ouattara, que é opositor de Gbagbo - e o presidente se recusou a deixar o poder. O triunfo do opositor nas urnas foi reconhecido pela ONU. Apesar de todas a pressão e dos confrontos, Gbagbo permanecia irredutível até a manhã desta terça..
(Com agência France-Presse)
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