terça-feira, 3 de setembro de 2013

Câmara de SP tem tumulto durante votação de homenagem à Rota

Coronel Telhada (PSDB) concedeu 'Salva de Prata' ao grupo.

Nas galerias, manifestantes protestaram e foram contidos por PMs.

 Confronto entre manifestantes e polícia durante protesto contra a Salva de Prata, uma homenagem à Ronda Tobias de Aguiar (ROTA), realizada no plenário da Câmara Municipal de São Paulo (SP) (Foto: Alice Vergueiro/Futura Press/Estadão Conteúdo) Confronto entre manifestantes e polícia durante protesto contra homenagem à Rota na Câmara Municipal de São Paulo (Foto: Alice Vergueiro)

Houve tumulto na Câmara Municipal de São Paulo na tarde desta terça-feira (3) na quarta tentativa de aprovação do projeto do vereador Coronel Telhada (PSDB) que concede a homenagem "Salva de Prata" às Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota). A proposta foi aprovada por 37 votos a favor, 15 contra e uma abstenção.

Manifestantes que estavam na galeria protestaram contra a iniciativa. A Polícia Militar foi chamada e retirou algumas pessoas do grupo arrastadas pelos corredores da Casa. Procurada pelo G1, a PM não soube informar se houve prisões..

O projeto
Na justificativa do projeto, Telhada destaca um texto extraído do site da Polícia Militar que cita o processo de formação da Rota, criada em 1970, durante a repressão a seguidores de líderes políticos como Carlos Lamarca e Carlos Marighella, que se opunham à ditadura militar.  Diante da polêmica, o vereador diz que não pretende alterar o texto do projeto e que tem orgulho de defender a Rota.

Eleito vereador em 2012, Telhada foi tenente da Rota entre 1986 e 1992 e tenente-coronel entre 2009 e 2011. "O Lamarca matou o tenente Mendes Júnior. O Marighella e o Lamarca não são santos. O desertor Carlos Lamarca matou um tenente nosso da Rota  a coronhadas dentro de uma gruta. Não tenho que ficar poupando criminoso. Aquele texto não fui eu que fiz. É a história oficial do pais. Estamos falando de um ladrão, de um assassino. Eu não pretendo mudar", afirmou.
Telhada afirma que tinha 10 anos quando esses fatos ocorreram e portanto não participou do regime militar e não defende a ditadura. "Acho que qualquer regime tem de ser democrático", afirmou.  "Quem fala que eu defendo o regime militar é porque não tem o que falar de mim e fica procurando motivo. Eu defendo a democracia. Fui baleado em serviço duas vezes por defender a sociedade contra o crime. Sofri atentado em 2010 por defender a sociedade", afirmou.
Site da Rota cita Marighella e Lamarca  (Foto: Reprodução/ G1) 
Site da Rota cita Marighella e Lamarca
(Foto: Reprodução/ G1)
Telhada se manifesta contra o trabalho da  comissão da verdade, criada para apurar abusos de autoridades contra civis durante a ditadura militar.

"Existe uma lei da anistia que perdoava todos os crimes políticos de todos os lados tanto que as pessoas que estavam exiladas voltaram nos anos 1980. De repente essa lei não vale mais. A verdade para mim tem três faces: existe a minha verdade, a sua verdade e a verdade real. A  vida é isso. A comissão da verdade só ouve um dos lados", afirmou.

Telhada afirma que os críticos à proposta deviam olhar para problemas mais graves que a cidade enfrenta.  "Fico triste com essa polêmica sendo criada, com tantas vítimas de violência, com a cidade desesperada com esses pancadões, a criminalidade crescendo cada vez mais, políticos que são condenados em Brasília e continuam dando ordem na nossa cara. E o pessoal está preocupado que a Rota vai receber uma salva de prata. É triste. O pessoal está fora da realidade", disse Telhada.
Caso o projeto seja aprovado, a honraria será conferida em sessão solene, a ser convocada pelo presidente da Câmara Municipal de São Paulo.  A  aprovação do projeto depende do voto de 37 dos 55 vereadores.  Normalmente projetos do gênero são aprovados simbolicamente, mas há possibilidade de pedido de votação nominal.
O texto utilizado na justificativa apresentada por Telhada afirma  "Sufocado o foco da guerrilha rural no Vale do Ribeira, os remanescentes e seguidores, desde 1969, de “Lamarca” e “Mariguela” continuam a implantar o pânico, a intranquilidade e a insegurança na capital e Grande São Paulo. Ataques a quartéis e sentinelas, assassinatos de civis e militares, sequestros, roubos a bancos e ações terroristas. Estava implantado o terror.  Mais uma vez dentro da história, o 1º Batalhão Policial Militar “Tobias de Aguiar  é chamado a dar sequência no seu passado heróico, desta vez no combate à guerrilha urbana que atormentava o povo paulista.  Havia a necessidade da criação de um policiamento enérgico, reforçado, com mobilidade e eficácia de ação.  Em 15 de outubro de 1970, este “embrião” passa a denominar-se “Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar."
Mário Luiz (Carioca) com G1

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