sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Com 66 mil habitantes, Sousa está à beira do colapso no abastecimento de água

Desde março, a cidade sofre racionamento e, até a semana passada, todos os bairros estavam passando por rodízio para ter água nas torneiras das casas

Moradores de Sousa enfrentam filas para conseguir água
Moradores de Sousa enfrentam filas para conseguir água
Terceiro maior município do Estado em extensão territorial, Sousa (na região do Alto Sertão paraibano, a 472 quilômetros da Capital do estado) está à beira de um colapso total no abastecimento de água para consumo humano. Com  66 mil habitantes, o município tem uma área de pouco mais de 842,4 quilômetros quadrados e o seu principal manancial, o açude de São Gonçalo está com apenas 29,7% de sua capacidade total de armazenamento de água.
O açude tem capacidade para armazenar mais de 44,6 milhões de metros cúbicos. Segundo a Aesa, na terça-feira (03), dispunha de pouco mais de 13,2 milhões de metros cúbicos. O que preocupa é que essa marca, cada vez mais, vem caindo.
Desde março o abastecimento na cidade sofre racionamento e até a semana passada todos os bairros estavam passando por rodízio para ter água nas torneiras das casas. A água do manancial é captada e tratada pela Companhia de Água e Esgoto da Paraíba e distribuída pelo Departamento de Água, Esgotos e Saneamento Ambiental – (Daesa).
Nesta quinta-feira (05), em solenidade no Palácio da Redenção, em seu discurso o governador Ricardo Coutinho fez uma alerta sobre o “risco iminente de Sousa entrar em colapso total” e a população ficar sem água para o consumo humano. 
De acordo com a superintendente da Aesa, Margela Elias, o fornecimento em Sousa foi normalizado, apenas, devido a um problema no registro da cidade o que comprometeu por três dias o abastecimento quase por completo em todo município. Ainda segundo ela, o sistema de rodízio deve ser retomado já na próxima semana.
“Estamos fazendo o estudo para um novo sistema de rodízio que já deve ser implantado na próxima semana. Antes a cidade estava dividida em dois blocos. Quando um tinha água o outro ficava sem e vice-e-versa”, afirmou.
A superintendente apresentou uma perspectiva preocupante. Caso não chova e ações efetivas não resolvam o problema da falta de água, os moradores podem ficar sem água para beber em fevereiro do próximo ano.
Nos dias em que toda região ficou com o fornecimento interrompido, os moradores enfrentaram enormes filas. Muitas pessoas precisaram pedir ajuda a vizinhos que possuem poços artesianos.
Nesta quinta-feira o ministro da Agricultura, Antônio Andrade, estava presente à solenidade realizada no Palácio da Redenção Ele ouviu o pedido do governador para que levasse esse recado à presidente Dilma Rousseff (PT).
O deputado estadual Lindolfo Pires, que ocupa a Casa Civil do Estado e é de Sousa, informou que o perímetro irrigado de São Gonçalo é a área mais prejudicada pela estiagem.
Canais de adução
O perímetro irrigado de São Gonçalo está localizado no distrito do mesmo nome, próximo à cidade, no vale do rio Piranhas, às margenes da BR–230. Sua implantação foi iniciada no ano de 1972. A precipitação média anual registrada na região do perímetro irrigado gira em torno de 894 milímetros, com o período chuvoso se estendendo de janeiro a maio.
A rede de irrigação de uso comum é constituída por canais principais e secundários, responsáveis pela condução de água até o limite dos lotes agrícolas. A captação é feita diretamente na tomada d’água do açude São Gonçalo, que é conduzida pelos canais principais, Norte e Sul.
Os canais secundários somam 81 quilômetros de extensão, construídos em terra com revestimento de pedra rejuntada, ou placa de concreto. Suas vazões variam de acordo com a área a ser irrigada.
Agravantes
A situação vem se agravando nos últimos oito anos. Com a municipalização dos serviços de abastecimento de água em 2005, na gestão do então prefeito Salomão Gadelha, vários problemas passaram a ser registrados. O corte de água por falta de pagamento deixou de existir o que gerou um descontrole no consumo.
Segundo informações recentes do Escritório Regional da Cagepa, a cidade de Sousa consome duas vezes mais água do que a cidade de Patos, que tem mais de 100 mil habitantes.
Dados revelados pela atual direção do DAESA apontam que dos vinte mil imóveis cadastrados no município de Sousa, apenas dois mil proprietários pagam as contas de água.
Sem a presença de hidrômetros o volume consumido pela população não é mensurado.Existe também descontrole com relação aos postos de “lava jato” de carros e motos.

Mário Luiz (Carioca) com Portal Correio 

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