sábado, 23 de janeiro de 2010

Brasil extradita acusado por crimes da ditadura


AFP
Cordero foi levado de ambulância para Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, fronteira com a Argentina




O militar da reserva uruguaio Manuel Cordero Piacentini, acusado de participar da Operação Condor nas ditaduras sul-americanas nos anos 70, foi extraditado neste sábado (23) para a Argentina, onde responderá por acusações relacionadas a violações aos direitos humanos, disse hoje uma fonte oficial. A Polícia Federal do Rio Grande do Sul disse que Cordero foi transferido em uma ambulância a partir de Santana do Livramento, na fronteira com o Uruguai, para Uruguaiana, onde foi recebido pelas autoridades argentinas. Em Uruguaiana, na divisa com a Argentina, Cordero foi submetido a um novo exame médico e entregue aos agentes, que o levaram de ambulância até Buenos Aires.
Segundo a informação da PF, Cordero recebeu na sexta-feira (22) a autorização para deixar o hospital em Santana de Livramento, com o compromisso da Argentina de o militar continuar o tratamento cardíaco em Buenos Aires. A extradição havia sido adiada devido aos problemas de saúde do ex-militar de 71 anos. Cordero, que passou os últimos seis meses em prisão domiciliar em Santana do Livramento, foi retirado na terça-feira (19) de sua casa por agentes da PF, mas por causa de um mal-estar, os policiais o transferiram ao hospital Casa de Saúde da cidade.
O ex-repressor tinha recorrido na segunda-feira (18) ao STF (Supremo Tribunal Federal) em uma tentativa de evitar sua extradição à Argentina. Ele foi detido no Brasil em 2007 e tentava na Justiça brasileira ser conremplado com a Lei de Anistia, que perdoou os crimes da ditadura no país.
O Supremo, porém, aprovou em agosto do ano passado a extradição à Argentina, onde ele é acusado pela morte de dez pessoas, o sequestro de um bebê e de 32 casos de torturas contra detidos em 1976 em um centro clandestino. Entre as acusações está a tortura e assassinato de Marcelo Gelman, filho do poeta argentino Juan Gelman, além do desaparecimento da mulher e da nora de Marcelo e do rapto de sua filha, localizada no ano 2000. A extradição de Cordero também foi inicialmente solicitada pelo Uruguai, mas o pedido foi rejeitado porque os crimes foram cometidos na Argentina. Em janeiro, os advogados de Cordero entraram com dois habeas corpus: um para tentar anular o julgamento de extradição e outro permitindo a transferência dele para Porto Alegre, para ser submetido a uma cirurgia cardíaca. A defesa alegou que o militar não foi acusado formalmente em nenhum tribunal da Argentina e que, na solicitação de extradição, foi omitido o compromisso de não ser condenado à prisão perpétua, o que descumpriria os tratados entre os dois países, já que no Brasil a pena máxima é de 30 anos de reclusão.

Reportagem: Mário luiz ( carioca )
Edição de Texto: Rafaela Soares
Fotos : Central Conde de Jornalismo
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