segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Consolidação do etanol na economia atrasa carro elétrico no Brasil

Indústria e mercado automobilístico defendem imposto único sobre veículos zero-quilômetro
Sean Gallup/01.04.2010/Getty Images
Êxito do programa brasileiro do etanol atrapalhada chegada do carro elétrico no Brasil, avalia montadora que desenvolveu modelo
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O sucesso do álcool combustível no mercado brasileiro é a principal barreira - pelo menos por enquanto - para a chegada do carro elétrico ao Brasil, segundo o vice-presidente da Chevrolet, José Carlos Pinheiro Neto, durante lançamento de um modelo da marca no mês passado.

A GM, dona da Chevrolet, desenvolveu o Volt nos Estados Unidos, mas até agora não começou a vender o carro elétrico em larga escala.

- O Volt já está pronto, mas a consolidação do etanol no mercado brasileiro atrapalha o desenvolvimento do carro elétrico aqui. Hoje, você pode sair de Belém (PA) e ir até Porto Alegre (RS) com etanol, não há obstáculos para isso.

Segundo Pinheiro Neto, “existe uma manifestação positiva do governo” em relação ao assunto.

- Entretanto, não significa muita coisa porque é um assunto que interessa a todos, já que existe problema dos combustíveis fósseis [que correm o risco de esgotamento no médio prazo e ainda são altamente poluentes].

O empresário Eike Batista afirmou recentemente que vai construir uma fábrica nacional de carros elétricos no Rio de Janeiro em 2014. O orçamento para a obra é de R$ 1,66 bilhão (cerca de US$ 1 bilhão) e o dinheiro viria de financiamentos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

- A gente está enxergando que, nos próximos dez anos, o Brasil vai consumir 8 milhões de automóveis por ano. Então, tem espaço para gente nova, para a indústria nacional, até pelo carinho que o brasileiro teria em comprar um carro bem feito. Vai ser uma empresa nacional, com know-how estrangeiro.

Para a presidente da Chevrolet no Brasil, Denise Johnson, outro fator contribui para barrar o Volt no Brasil: a tecnologia local ainda não está desenvolvida.

- Nós devemos estar preparados porque os clientes vão procurar por isso [no futuro]. A tecnologia ainda é muito cara e a oferta e a procura por veículos deste tipo serão muito pequenas no começo. Mesmo assim, devemos estar preparados para a sustentabilidade ou pagaremos o preço por isso.

Taxa única para carro zero 

O mercado automobilístico, em geral, defende a implantação de um imposto único para o setor. Para os representantes da Chevrolet, quem tem que escolher o carro é o consumidor, sem levar em conta os impostos.
A reclamação recai, sobretudo, sobre o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), que varia de acordo com a potência do veículo. Carros de até mil cilindradas - os modelos 1.0 - têm 7% do valor destinados ao imposto. Já os automóveis com motores 2.0 ou mais potentes têm, no mínimo, 25% do seu valor em tributos.

O presidente da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), Sergio Reze, aprova a ideia.

- Nós defendemos um imposto único para os veículos desde que seja nivelado pelo mais baixo [o patamar estipulado para o carro 1.0, que é de 7%]. Caso contrário, seria um contrassenso. Hoje, o ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços] e o PIS/Cofins [Programa de Integração Social/Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social] cobrados dos carros zero-quilômetro são os mesmos. O que difere de um para o outro é o IPI.

De acordo com Reze, entre 25% e 48% do valor total do carro são só tributos.

- Nós defendemos ainda uma separação do preço real do produto e o montante que corresponde aos impostos. Quando o consumidor descobre o quanto ele paga de tributos, fica assustado.

Da Redação com R7

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