segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Ações do Governo levaram cachaças da Paraíba a ganhar primeiro lugar no Brasil

A Paraíba atravessa a sua melhor fase no tocante à produção e comercialização da cachaça, a mais popular bebida do Brasil. Isto porque a Serra Limpa e a Volúpia empataram em primeiro lugar e a Serra Preta, ficou em quarta colocação no ranking nacional apurado pela revista Veja. Em termos de produção, o Estado, que produziu 15 milhões de litros na safra de 2009, poderá chegar a 30 milhões, caso haja incentivos e os produtores se unam em um consórcio. O secretário de Estado do Turismo e Desenvolvimento Econômico (SETDE), Edivaldo da Nóbrega, disse que considera como uma das medidas mais importantes para que a cachaça chegasse a esse patamar a que foi adotada nos anos de 2001/2002, pela então Secretaria da Indústria e Comércio, que tinha a frente o secretário José Fernandes, e ele como presidente da Cinep, que foi a realização de um convênio que contratou a prestação de serviços de um consultor de Minas Gerais. O consultor mineiro, segundo o secretário, começou a qualificar aqueles que produziam cachaça na Paraíba. Desde o fabrico do açúcar mascavo até a produção da cachaça de qualidade. Na época, foi uma atitude relevante do Governo José Maranhão, que iniciou a qualificação da mão de obra, incluindo aí os produtores que tiveram participação decisiva. Portanto, de parabéns o governador que, juntamente com os demais paraibanos, pode comemorar mais esse destaque das nossas marcas de cachaças.

Dobrando a produção

A coordenadora do Programa de Qualidade das Cachaças da Paraíba, Marise Barreto, que é ligada à estrutura da Secretaria de Estado do Turismo e Desenvolvimento Econômico, disse que a medida mais importante adotada pelo Governo Maranhão foi a criação do Programa Compet Sucroalcooleiro que, na época, trabalhava com a cachaça e rapadura. Depois, houve a separação em face de serem produtos diferenciados e passou a ser Programa de Qualidade das Cachaças da Paraíba. Com esse programa, que inclusive trouxe consultores de outros estados e criou estações pilotos de produção, as cachaças paraibanas passaram a ter uma qualificação de excelente qualidade, passando a ser premiadas todos os anos, no Brasil e no exterior, com as suas diversas marcas, em revistas como a Playboy e Veja. Sobre a produção, Marise disse que no ano de 2008 foi em torno de 13 milhões de litros/safra e a meta do programa foi chegar a 15 milhões de litros em 2009. “Se for formado um consórcio dos engenhos com o objetivo de atingir o mercado externo, a gente tem condições de praticamente dobrar essa produção porque temos todas as condições. A matéria prima pode ser produzida em todo o Litoral, com espécimes de cana de açúcar pesquisadas especialmente para esse fim, com teor de sacarose mais alto. Com certeza temos condições de dobrar a produção e aumentar as exportações que, atualmente, não chegam a 10% da produção”, explicou Marise. Top of Mind O proprietário da Serra Limpa, o empresário Antônio Inácio da Silva, informou que mantém uma produção limitada de aproximadamente 100 mil litros por ano, no Engenho Imaculada Conceição, no Município de Duas Estradas, onde ocupa uma área de 40 hectares e emprega 30 pessoas. A produção foi iniciada em 1992. “Nós não temos planos de aumentar a produção porque a nossa preocupação principal é com a manutenção da qualidade, que já nos rendeu muitos prêmios. Ganhar mais dinheiro em um menor prazo aumentando a produção poderia parecer atraente pra muitos empresários. Pra nós o que vale é a qualidade”, explicou Antônio. Depois de lembrar que já chegou a receber um telegrama do presidente Luiz Inácio Lula da Silva dando os parabéns pela qualidade da Serra Limpa, Antônio Inácio, disse que a qualidade da cachaça já o fez ganhar oito edições do Prêmio Top Of Mind, concedido pelo Sistema Correio. Em 2006, o Engenho Imaculada Conceição recebeu o prêmio FINEP de Inovação Tecnológica, uma premiação de âmbito regional. No mesmo ano, o engenho e a Serra Limpa tornaram-se objetos de estudo da monografia de um graduando do curso de Administração do Campus I da Universidade Estadual da Paraíba.

Gratificante

Ainda em 2006, o empresário Antônio Inácio ganhou das mãos do então diretor de Serviços da Petrobras, Irany Varella, um troféu em reconhecimento de qualidade e produtividade da cachaça Serra Limpa.

”Essa premiação é extremamente gratificante, pois reflete o reconhecimento de um produto feito com muita dedicação e respeito ao consumidor. Nossa produção é 100% natural, desde a plantação até ao processo de fermentação, já que não fazemos uso de adubos químicos devido utilizarmos a levedura produzida a partir da própria cana-de-açúcar”, disse o proprietário da Serra Limpa, o empresário Antônio Inácio.

Volúpia

O proprietário da Volúpia, Vicente Lemos, disse que o engenho é da família há cinco gerações, desde o século XVII e fica em Alagoa Grande.”Está sob minha responsabilidade há 28 anos. Temos 45 funcionários, na fase de safra e produzimos, entre outubro e março, cerca de 180 mil litros, todos os anos”, explicou. Indagado se tinha planos de aumentar a produção, ele disse que não e explicou que a meta é manter a qualidade, uma vez que o que é o produzido é suficiente para atender a clientela que, em sua maioria, está no Nordeste e nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e em Brasília. “Também atendemos pelo nosso site e enviamos a encomenda solicitada por avião ou transporte terrestre”, enfatizou. Sobre a premiação disse que é muito importante, uma vez que se trata de uma revista que tem venda de 1,3 milhão de exemplares e atinge as principais classes sociais. “Já recebemos prêmios da Playboy em 2003, 2007 e 2009. Em 2004, recebemos menção honrosa da USP de São Carlos, que realiza, de dois em dois anos, um Congresso Internacional de Alimentos e Bebidas e faz concurso de cachaça de qualidade; em 2006 ganhamos o 1º lugar e em 2008, o segundo”, explicou. Serra Preta O proprietário da Serra Preta, Olavo Cruz, disse que se algum dia resolver aumentar a produção será num percentual muito pequeno porque a sua preocupação é com a manutenção da marca em alta, através do aprimoramento da qualidade que, atualmente, já é capaz de render muitos prêmios, inclusive de melhor cachaça do Brasil, em 2008. Produzida em Alagoa Nova, a Serra Preta também segue a tradição nordestina de produzir aguardentes mais doces e com alto teor alcoólico. Obedece, segundo seu proprietário, aos mesmos moldes da época de seu início no tocante a plantação, colheita, fermentação e destilação. Ele disse que acompanha as tendências do mercado, mas não abre mão das antigas tradições.

Reportagem: Mário luiz ( carioca )
Fotos : Central Conde de Jornalismo
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