sexta-feira, 20 de abril de 2012

Congresso cria CPI inédita de todos para investigar todos

Congresso cria CPI inédita de todos para investigar todos

Maioria de parlamentares assina pedido para que CPI mista investigue conexões de Cachoeira.
Com a adesão de 90% dos senadores e de 75% dos deputados, a Comissão Parlamentar Mista de Investigação (CPMI) do Cachoeira foi criada ontem no Congresso Nacional. O tamanho do apoio é proporcional à atenção que os partidos estão dando à comissão neste momento. Os líderes da base aliada resolveram seguir o que já havia sido feito pela oposição e estão indicando alguns de seus parlamentares mais experientes para integrar a comissão de investigação sobre as suspeitas relações do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com políticos e empresários - por enquanto, a empreiteira Delta figura no inquérito da Polícia Federal como parceira do esquema. A CPI mista será instalada na próxima terça-feira, e deve começar a funcionar já na semana que vem.
Até o PMDB, que no início não queria se envolver no caso, pode rever nos próximos dias as indicações que havia feito na Câmara. O PMDB já decidiu que o senador Vital do Rêgo , da Paraíba, será o presidente da comissão. A sensação disseminada é que os rumos que a comissão tomará são imprevisíveis e que, portanto, é bom todos estarem preparados.
- O número de assinaturas inédito e o volume de acusações com fatos documentados colocam o Congresso diante de uma tarefa decisiva. Uma CPI que acabe em pizza vai ser a maior desmoralização da nossa história - disse o líder do PSOL, Chico Alencar, ao discursar na sessão do Congresso que criou a comissão.
Na última parcial divulgada ontem à noite pela Secretaria Geral do Senado, 385 deputados e 72 senadores haviam assinado o requerimento da CPI mista. Mas esse número poderia ser alterado até meia-noite. Segundo líderes dos partidos, no PT, 80 dos 85 deputados da bancada assinaram. No PMDB, 60 dos 79. No PSDB 50 dos 53 e todos os 27 do DEM.
Assinatura enviada até pelo correio
A preocupação em figurar entre os que assinaram levou o deputado Otávio Leite (PSDB-RJ), que estava fora de Brasília, a mandar sua assinatura por Sedex. O líder do PSDB, Bruno Araújo (PE), pregou transparência e efetividade nas apurações:
- Esperamos que essa CPMI possa dividir com o país, em pleno processo eleitoral, as entranhas do crime organizado, as entranhas das empresas que participam de forma nada republicana, de forma absolutamente abusiva e invasiva nas relações com o poder público.
Palavras semelhantes foram usadas pelo líder do PT, Jilmar Tatto (SP), que defendeu serenidade e profundidade na condução da CPMI, lembrando o poder de quebra de sigilos fiscal e telefônico de empresas e pessoas. Ele afirmou que o PT está disposto a investigar tudo, sem prejulgar e dando direito de defesa.
- Não se preocupe a oposição. Aqui não há caça às bruxas. E não vai ter pizza! Não vamos aceitar condenar o PT. Não vamos aceitar condenar o governo. Não vamos aceitar condenar ninguém. Vamos trabalhar com prudência, muita seriedade, e aqueles que estiverem ligados a esse crime organizado vão ter que pagar. De nossa parte, não se preocupem, vamos apurar e, doa a quem doer, vamos ter de passar a limpo este país - disse Tatto.
O tom de Tatto é bem diferente do adotado pelos petistas mais afinados com o Palácio do Planalto. Mas esse desencontro no próprio PT, somado à distância e ao silêncio adotados pela presidente Dilma Rousseff sobre a CPI mista, vem deixando desorientados os parlamentares mais experientes da base aliada. Muitos não sabem que tipo de requerimento deverá ser evitado e se há interesse real de pôr a oposição na mira.
- Ninguém sabe o que a Dilma quer, cada um diz uma coisa - reclamou um senador aliado.
PT e PMDB, os dois maiores partidos do Congresso, vêm enfrentando o mesmo problema. Até agora nenhum deles definiu quais serão seus representantes na CPI mista. Mesmo o PMDB da Câmara, que já anunciara seus nomes, deve fazer mudanças.
O fato de a oposição ter indicado seus nomes mais experientes levou os caciques do PMDB a se movimentarem para que o líder Henrique Eduardo Alves(RN) reveja as nomeações de Íris de Araújo (GO) e Luiz Pittman (DF). Os dois são considerados inexperientes. A saída de Pittman já é quase certa, pois os peemedebistas temem que sua presença dê a entender que o partido está trabalhando para derrubar o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT). O vice de Agnelo é Tadeu Filipelli, do PMDB.
O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), que integrará a CPI mista, lembrou sua participação em duas CPIs: do Collor e dos Anões do Orçamento. Para ele, essa CPI mista de agora se diferencia por já começar com inquéritos prontos e o Ministério Público pedindo ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de processo.
- Estamos empenhados na verdade do que se passa no Brasil. Não estamos empenhados em jogos de perseguição, jogos partidários, jogos eleitorais - disse Miro.

Rafaela Soares com Click PB

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