Secretaria
de Comunicação da Presidência da República informou na tarde deste
sábado (17), por meio de nota, que o presidente Michel Temer ingressará
na próxima segunda com ações na Justiça contra o dono do grupo J&F,
Joesley Batista.
No texto, a Presidência critica o acordo de delação premiada firmado pelo empresário e o chama de “bandido notório” (leia a nota ao final desta reportagem).
A nota foi divulgada após a divulgação de uma entrevista de Joesley à revista “Época”.
Na reportagem, o empresário acusa o presidente de liderar “a maior e
mais perigosa organização criminosa do Brasil” e afirma que Temer não
tinha “cerimônia” para pedir dinheiro para o PMDB.
Na
nota, o Palácio do Planalto acusa o empresário de “desfiar mentiras” na
entrevista e aponta “inverdades” que teriam sido narradas por Joesley à
revista.
“Em
entrevista, ele diz que o presidente sempre pede algo a ele nas
conversas que tiveram. Não é do feitio do presidente tal comportamento
mendicante. Quando se encontraram, não se ouve ou se registra nenhum
pedido do presidente a ele. E, sim, o contrário. Era Joesley quem queria
resolver seus problemas no governo, e pede seguidamente. Não foi
atendido antes, muito menos depois”, afirma a nota.
Logo
depois, o Palácio do Planalto passa a criticar o acordo de delação
premiada firmado entre Joesley Batista e o Ministério Público Federal.
Segundo a nota, os crimes admitidos pelo empresário “somariam mais de
2000 mil anos de detenção”.
O
acordo de Joesley vem sendo criticado por diversos políticos citados
nos depoimentos. Isso porque, pelo acordo, o empresário receberá perdão
judicial das ações em andamento na Lava Jato e não será denunciado como
réu em novas ações penais.
“Ao
delatar o presidente, em gravação que confesa alguns de seus pequenos
delitos, alcançou o perdão por todos seus crimes. […] Os fatos elencados
demonstram que o senhor Joesley Batista é o bandido notório de maior
sucesso na história brasileira. Conseguiu enriquecer com práticas pelas
quais não responderá e mantém hoje seu patrimônio no exterior com o aval
da Justiça”, diz a nota de Temer.
“O
presidente tomará todas medidas cabíveis contra esse senhor. Na
segunda-feira, serão protocoladas ações civil e penal contra ele. Suas
mentiras serão comprovadas e será buscada a devida reparação financeira
pelos danos que causou, não somente à instituição Presidência da
República, mas ao Brasil”, diz a nota.
Nota
Veja a íntegra da nota divulgada pela Presidência da República:
Nota à Imprensa
Em
2005, o Grupo JBS obteve seu primeiro financiamento no BNDES. Dois anos
depois, alcançou um faturamento de R$ 4 bilhões. Em 2016, o faturamento
das empresas da família Batista chegou a R$ 183 bilhões. Relação
construída com governos do passado, muito antes que o presidente Michel
Temer chegasse ao Palácio do Planalto. Toda essa história de “sucesso” é
preservada nos depoimentos e nas entrevistas do senhor Joesley Batista.
Os
reais parceiros de sua trajetória de pilhagens, os verdadeiros contatos
de seu submundo, as conversas realmente comprometedoras com os sicários
que o acompanhavam, os grandes téntaculos da organização criminosa que
ele ajudou a forjar ficam em segundo plano, estrategicamente protegidos.
Ao
bater às portas do Palácio do Jaburu depois de 10 meses do governo
Michel Temer, o senhor Joesley Batista disse que não se encontrava havia
mais de 10 meses com o presidente. Reclamou do Ministério da Fazenda,
do CADE, da Receita Federal, da Comissão de Valores Mobiliários, do
Banco Central e do BNDES. Tinha, segundo seu próprio relato, as portas
fechadas na administração federal para seus intentos. Qualquer pessoa
pode ouvir a gravação da conversa na internet para comprová-lo.
Em
relação ao BNDES, é preciso lembrar que o banco impediu, em outubro de
2016, a transferência de domicílio fiscal do grupo para a Irlanda, um
excelente negócio para ele, mas péssimo para o contribuinte brasileiro.
Por causa dessa decisão, a família Batista teve substanciais perdas
acionárias na bolsa de valores e continuava ao alcance das autoridades
brasileiras. Havia milhões de razões para terem ódio do presidente e de
seu governo.
Este fim de semana, em entrevista à revista Época, esse senhor desfia mentiras em série.
A
maior prova das inverdades desse é a própria gravação que ele
apresentou como documento para conseguir o perdão da Justiça e do
Ministério Público Federal por crimes que somariam mais de 2000 mil anos
de detenção. Em entrevista, ele diz que o presidente sempre pede algo a
ele nas conversas que tiveram. Não é do feitio do presidente tal
comportamento mendicante. Quando se encontraram, não se ouve ou se
registra nenhum pedido do presidente a ele. E, sim, o contrário. Era
Joesley quem queria resolver seus problemas no governo, e pede
seguidamente. Não foi atendido antes, muito menos depois.
Ao
delatar o presidente, em gravação que confesa alguns de seus pequenos
delitos, alcançou o perdão por todos seus crimes. Em seguida, cometeu
ilegalidades em série no mercado de câmbio brasileiro comprando um
bilhão de dólares e jogando contra o real, moeda que financiou seu
enriquecimento. Vendeu ações em alta, dando prejuízo aos acionistas que
acreditaram nas suas empresas. Proporcionou ao país um prejuízo estimado
em quase R$ 300 bilhões logo após vazar o conteúdo de sua delação para
obter ganhos milionários com suas especulações.
Os
fatos elencados demonstram que o senhor Joesley Batista é o bandido
notório de maior sucesso na história brasileira. Conseguiu enriquecer
com práticas pelas quais não responderá e mantém hoje seu patrimônio no
exterior com o aval da Justiça. Imputa a outros os seus próprios crimes e
preserva seus reais sócios. Obtém perdão pelos seus delitos e ganha
prazo de 300 meses para devolver o dinheiro da corrupção que o tornou
bilionário, e com juros subsidiados. Pagará, anualmente, menos de um dia
do faturamento de seu grupo para se livrar da cadeia. O cidadão que
renegociar os impostos com a Receita Federal, em situação legítima e
legal, não conseguirá metade desse prazo e pagará juros muito maiores.
O
presidente tomará todas medidas cabíveis contra esse senhor. Na
segunda-feira, serão protocoladas ações civil e penal contra ele. Suas
mentiras serão comprovadas e será buscada a devida reparação financeira
pelos danos que causou, não somente à instituição Presidência da
República, mas ao Brasil. O governo não será impedido de apurar e
responsabilizar o senhor Joesley Batista por todos os crimes que
praticou, antes e após a delação.
Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República
Da Redação com G1
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