Dezenas de manifestantes invadiram nesta terça-feira a Embaixada do
Reino Unido em Teerã e substituíram a bandeira britânica pela iraniana
durante protestos contra as autoridades britânicas, de acordo com a
emissora de TV BBC.

Veja
galeria de imagens.
Segundo relatos, o grupo composto em sua maioria por militantes
estudantis retiraram a bandeira britânica do haste, colocaram fogo nela e
subiram a bandeira nacional do Irã no lugar.
Os manifestantes, que protestavam contra as sanções de Londres a Teerã
por seu programa nuclear, também quebraram as janelas com pedras e
queimaram bandeiras britânicas e israelenses, segundo imagens exibidas
ao vivo pela televisão.
A manifestação acontece após o Irã aprovar a redução dos laços
diplomáticos com o Reino Unido para o nível mínimo em resposta às novas
sanções impostas pelos europeus.
Os estudantes presentes entraram em confronto com as forças polícias que
tentavam conter a manifestação e anunciaram que "a embaixada do Reino
Unido deveria ser tomada", enquanto gritavam "morte à Inglaterra".
Uma multidão de cerca de mil pessoas, segundo a emissora americana de TV
CNN, se reuniu em frente ao prédio da embaixada para protestar contra o
Reino Unido. De acordo com a imprensa local, um dos manifestantes
levava uma imagem emoldurada da rainha Elizabeth 2ª.
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Atta Kenare/France Presse |
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Manifestantes iranianos invadem embaixada britânica em Teerã e trocam a bandeira do Reino Unido pela iraniana |
Os protestos pediam que o embaixador britânico fosse mandado de volta a
sua terra natal imediatamente. A agência de notícias semi-oficial Mehr
afirmou que documentos diplomáticos eram atirados pelas janelas e
queimados.
Segundo a agência, o pessoal da embaixada deixou o prédio por uma porta traseira.
O Ministério de Relações Exteriores do Reino Unido disse que se sentia
"ultrajado" pelas ações e pediu às autoridades iranianas que honrassem
os compromissos internacionais de proteger as missões diplomáticas e
seus funcionários.
"Isso é inaceitável e nós condenamos tal ação", disse em comunicado.
"Esperamos que o governo iraniano haja de forma urgente para controlar a
situação e garantir a segurança de nossos funcionários e nossa
propriedade".
De acordo com uma outra agência iraniana, a Irna, um outro grupo de
manifestantes invadiu uma segunda representação diplomática britânica,
no norte da cidade, e se apropriou de "documentos sigilosos".
A emissora iraniana Irib informou que a polícia estava tentando retirar
cerca de 100 manifestantes de dentro da embaixada britânica em Teerã.
TENSÕES
Um projeto de lei que rebaixa as relações diplomáticas do Irã com o
Reino Unido e prevê a expulsão do embaixador britânico foi aprovado na
segunda-feira (28), segundo a emissora estatal Irib, um dia depois de
passar no Parlamento.
"Os membros do Conselho Guardião, após exame do plano, aprovaram-no por
unanimidade", disse Abbasali Kadkhodai, porta-voz do Conselho, ao site
da Irib.
O Conselho Guardião é formado por 12 clérigos e juristas encarregados de
analisar a adequação das leis ao islã. A tramitação excepcionalmente
rápida desse projeto reflete a intenção do Irã de impor retaliações
pelas sanções anunciadas na semana passada pelo Reino Unido contra
Teerã.
No dia 21, o ministro das Finanças britânico, George Osborne, anunciou
que o Reino Unido suspendeu os contatos com os bancos iranianos devido
aos testes que estão envolvidos no desenvolvimento de um programa de
armas nucleares.
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Vahid Salemi/Associated Press |
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Manifestantes quebram os vidros das janelas do prédio da embaixada britânica em Teerã durante invasão |
Seu ministério afirma que esta é a primeira vez que o Reino Unido isola
todo o sistema bancário de um país do sistema financeiro britânico.
Pelas novas sanções britânicas, bancos do país ficam proibidos de fazer
negócios com bancos iranianos, inclusive o Banco Central.
As medidas teriam como objetivo aumentar as pressões sobre o Irã por seu
programa atômico, depois de um relatório da AIEA (Agência Internacional
de Energia Atômica) que sugere que o país tenta dotar-se de armas
nucleares, e os supostos planos de funcionários iranianos para
assassinar o embaixador da Arábia Saudita em Washington.
O Irã negou em reiteradas ocasiões que queira fabricar armas atômicas.
PRESSÃO INTERNACIONAL
Os EUA e o Canadá também anunciaram medidas contra os setores de energia
e finanças do Irã, e a França propôs novas sanções "sem precedentes",
incluindo o congelamento de ativos no banco central francês e a
suspensão da importação de petróleo iraniano.
As sanções foram motivadas por um relatório da agência nuclear da ONU
sugerindo que o Irã havia trabalhado para desenvolver um modelo de bomba
atômica. Teerã defende que seu trabalho nuclear é inteiramente pacífico
e disse que o relatório era baseado em informações falsas da
inteligência ocidental.
Críticos das sanções dizem que as medidas não conseguirão impedir o
desenvolvimento nuclear do Irã e significaria fazer o jogo de um governo
que usa sua hostilidade contra Washington como motivo de orgulho.
As medidas dos governos ocidentais foram decididas fora do âmbito da
ONU, onde a Rússia e a China --membros permanentes do Conselho de
Segurança da ONU com poder de veto-- concordam que o Irã não deveria ser
sujeito a sanções.
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Arte/Folhapress |
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| | | Da Redação com Folha.com |