quarta-feira, 8 de junho de 2011

Crianças do projeto Bombeiro Mirim escrevem cartas de apoio a instrutor preso em Niterói

Mariana Costa/R7






















Crianças do projeto Bombeiro Mirim mostram apoio a bombeiro preso em Niterói
Crianças e jovens do projeto Bombeiro Mirim escreveram cartinhas de apoio e mensagens de força para o instrutor do grupo, um dos 439 militares presos desde sábado (4) após a invasão ao quartel central da corporação.

O Bombeiro Mirim é um projeto criado há três anos em que estudantes de sete a 14 anos aprendem noções básicas de primeiros socorros, prevenção de acidentes e sobre como lidar com situações de emergência.

Todas as cartas são dirigidas ao sargento Felizardo, instrutor das crianças e chamado por elas de "Wolverine". Elas se queixam de saudades até mesmo "das broncas".

- Estamos sentindo falta das suas broncas.

A afirmação é da aluna Raquel em uma carta adornada por corações e flores. Por sua vez, a aluna Rayane escreve que não poderá ir visitar o sargento porque "vou estar no colégio, é muito estudo sargento".

- O senhor é o Wolverine, o que está fazendo aí?




Em outra cartinha assinada por Ana Caroline, Danielle e Jéssica, há mensagens de força "tenha certeza de que todos estão orando por você", mas também brincadeiras com o time de futebol de coração do sargento.

- Para alegrar o seu dia, gostaríamos de comunicar a derrota do Vasco. Perdeu de 5 a 1 para o Coritiba! rs". Entenda o caso
Por volta das 20h da última sexta-feira (3), cerca de 2.000 bombeiros - muitos acompanhados de mulheres e crianças - ocuparam o Quartel Central da corporação, no centro do Rio de Janeiro. O protesto, que havia começado no início da tarde em frente à Alerj (Assembleia Legislativa), durou toda a madrugada.
A principal reivindicação da categoria é aumento salarial de R$ 950 para R$ 2.000 e vale-transporte. A causa já motivou dezenas de paralisações e manifestações desde o início de abril. Seis líderes dos movimentos chegaram a ser presos administrativamente em maio, mas foram liberados.

Diante do clima de tensão no Quartel Central, repetidos apelos feitos pelo comandante-geral da Polícia Militar, coronel Mário Sérgio Duarte, para que os manifestantes retornassem às suas casas foram ignorados e bombeiros chegaram a impedir que colegas trabalhassem diante dos chamados de emergência. A PM, então, com auxílio do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais), invadiu o complexo às 6h de sábado (4). Houve disparos de arma de fogo, acionamento de bombas de efeito moral e confrontos rapidamente controlados. Algumas mulheres e crianças ficaram levemente feridas e foram atendidas em postos no local.
Os bombeiros foram levados presos para o Batalhão de Choque, que fica nas proximidades. De lá, 439 foram transferidos de ônibus para a Corregedoria da PM, em São Gonçalo, região metropolitana do Estado, onde passaram a madrugada de domingo (5). Durante a manhã, eles foram novamente transferidos, só que para o quartel do bairro Charitas, em Niterói, também na região metropolitana.
Visivelmente irritado com o "total descontrole", o governador Sérgio Cabral anunciou no sábado, após reunião de cerca de cinco horas com a cúpula do governo, a exoneração do então comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Pedro Machado. O cargo passou a ser ocupado pelo coronel Sérgio Simões, que era subsecretário de Defesa Civil da capital fluminense.
Cabral disse que não negocia com "vândalos" e "irresponsáveis", alegou que os protestos têm motivação política e se defendeu dizendo que o governo tem planos de recuperação salarial para todos os militares desde 2007. Segundo ele, com todas as bonificações e reajustes previstos, até o fim do ano, os bombeiros terão um salário muito próximo ao que é reivindicado.
Os bombeiros presos foram autuados em quatro artigos do Código Penal Militar: motim, dano em viatura, dano às instalações e por impedir e dificultar a saída para socorro e salvamento. A pena para estes crimes varia de dois a dez anos de prisão. Na terça-feira (7), o Tribunal de Justiça recebeu os autos da prisão em flagrante com identificação e depoimentos de cada um dos 439 soldados. A juíza Ana Paula Pena Barros, da Justiça Militar, encaminhou os documentos para o Ministério Público analisar. Depois de analisados, os autos voltarão para Justiça Militar, que decidirá se mantém os bombeiros presos ou se eles responderão em liberdade.
Ainda na terça-feira, a Defensoria Pública do Rio entrou com pedido de liberdade provisória. O defensor público geral Nilson Bruno Filho justificou que não há necessidade de manter os soldados detidos, pois eles têm residência fixa, são servidores públicos e não têm antecedentes criminais.
Apesar das baixas, o comando-geral do Corpo de Bombeiros informou que a rotina de atendimento à população está mantida e que os substitutos dos bombeiros presos assumiram seus postos

Da Redação  com R7

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