O Corpo de Bombeiros confirmou no final da noite desta terça-feira (27)
 que localizou o corpo da oitava vítima fatal no desabamento de um 
prédio em obras na Avenida Mateo Bei, em São Mateus, na Zona Leste de São Paulo.
 O corpo estava em local de difícil acesso e foi resgatado dos escombros por volta das 3h.
 Anteriormente, por volta das 19h, o capitão Marcos Palumbo, porta-voz 
do Corpo de Bombeiros, havia confirmado a sétima morte no desabamento, 
todos retirados dos escombros.
Ainda segundo os bombeiros, 26 pessoas acabaram resgatadas com vida e levadas a hospitais da região.
 O desabamento total do prédio de dois pavimentos ocorreu por volta das 
8h30.  A estimativa é que mais de 35 pessoas estivessem na obra no 
momento do acidente.
 Palumbo diz que as equipes trabalham em pontos com indícios de vítimas.
 Segundo ele, uma betoneira que tinha cimento fresco pode indicar que 
trabalhadores estavam naquele ponto. Além disso, os outros dois pontos 
foram definidos com indicações dos cães farejadores.
 O coronel do Corpo de Bombeiros, Reginaldo Campos Retulho, disse que os
 trabalhos seguem pela madrugada em busca de desaparecidos. É possível 
que mais três pessoas estejam soterradas. "É uma corrida contra o tempo.
 Após as primeiras 24h diminuem as chances de as pessoas estarem vivas",
 afirmou o coronel.
 Retulho estima que os trabalhos podem durar até três dias. "Torcemos 
para que aquele número inicial de 35 vítimas não aumente", acrescentou o
 coronel.
 A obra estava irregular e já tinha sido multada em mais de R$ 100 mil, 
segundo a Prefeitura. Antes de começar a construção da loja, o terreno 
abrigava um posto de gasolina.
Mais um corpo é retirado dos escombros na noite
 desta terça (Foto: Marcelo Mora/G1)
O ponto iria receber uma unidade da rede Torra Torra, que comercializa 
roupas populares e produtos da linha de cama, mesa e banho. A dona do 
imóvel, a Jamf Empreendimentos Agrícolas Ltda, não se pronunciou sobre o
 acidente.
 O secretário das Subprefeituras, Chico Macena, esteve no local e disse 
que houve fiscalização. “Para nós era uma obra embargada pela 
Prefeitura. Portanto, irregular do ponto de vista da execução”, disse.
 O secretário rebateu as críticas de uma suposta falta de acompanhamento
 da administração municipal. “Mesmo que a obra fosse liberada, toda 
responsabilidade técnica de execução é do proprietário e do engenheiro 
civil responsável”, disse Macena.
 
Em nota, a Prefeitura explicou que o responsável não apresentou pedido 
de Alvará de Execução. "De acordo com o Código de Obras, a obra só 
poderia ter sido iniciada, mesmo sem resposta da subprefeitura, caso 
tivessem decorridos os prazos dos dois pedidos, ou do pedido conjunto 
(alvará de aprovação e alvará de execução). Ainda assim, a obra ficaria 
sob inteira responsabilidade do proprietário e profissionais envolvidos e
 estaria sujeita a adequações ou até demolição", informou a Prefeitura.
 Segundo a administração municipal, a Subprefeitura de São Mateus emitiu
 um auto de intimação e um auto de multa por falta de documentação no 
local da obra no dia 13 de março deste ano. Os proprietários foram 
multados em R$ 1.159. No dia 25 do mesmo mês, a subprefeitura emitiu uma
 outra multa pelo não cumprimento da primeira intimação, no valor de R$ 
103.500, além de um auto de embargo.
 No dia 10 de abril, os proprietários apresentaram recurso às multas e 
entregaram o pedido de Alvará de Aprovação de Edificação Nova (processo 
2013.0.102.750-9) na subprefeitura. O pedido ainda está em análise, 
segundo a Prefeitura informou na tarde desta terça.
Reforma
 Em nota, o Magazine Torra Torra informou que o imóvel não era de 
propriedade da rede. Segundo a empresa, havia um contrato de locação do 
prédio e a rede só assumiria o imóvel após serem finalizadas as obras 
estruturais pelo proprietário, a Jamf Empreendimentos Agrícolas Ltda..
 "O Magazine Torra Torra não tem nenhuma responsabilidade sobre a parte 
de engenharia civil. No momento, uma empresa de engenharia contratada 
pelo Magazine Torra Torra realizava uma avaliação sobre as condições de 
uso do prédio. Caso esse laudo técnico fosse positivo, atestando a 
segurança estrutural, a rede então faria o acabamento para abrigar mais 
uma unidade. Ressalte-se que o Torra Torra somente entraria com a loja 
no local, com esse aval técnico. Este é um cuidado que o Magazine Torra 
Torra toma em todas as lojas da rede, devidamente avaliadas quanto à 
segurança estrutural, de acordo com engenheiros, para receber nossos 
empreendimentos", informa o texto.
 Casas e pelo menos três carros que estavam nas ruas em volta do prédio foram atingidos pelo concreto que cedeu.
 De acordo com o capitão Marcos Palumbo, do Corpo de Bombeiros, a obra 
começou há três meses - a laje tem cerca de 400 metros quadrados.
 A obra deverá passar por perícia da Polícia Técnico-Científica para 
apurar as causas do desabamento. Segundo o major Anderson Lima, dos 
bombeiros, nenhuma das vítimas resgatadas relatou ter ouvido uma 
explosão ou cheiro de gás natural. Elas afirmam que houve um colapso 
estrutural.
 Equipes da Comgás, da Eletropaulo e da Sabesp davam suporte a toda a operação no local do acidente.
 O caso foi registrado no 49º Distrito Policial, em São Mateus.
 
Mário Luiz (Carioca) com G1