Tráfico convocou reunião de condomínio no ‘Minha casa, minha vida’ para definir valor da taxa de manutenção
Inaugurado
em junho de 2014 com a presença de autoridades, os residenciais Zé Keti
e Ismael Silva já têm pixação de facção Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
O
modelo de convenção de condomínio elaborado para orientar os
beneficiados pelo programa “Minha casa, minha vida”, disponível no site
da Caixa Econômica, apregoa que o conjunto não deve ser usado “para fins
incompatíveis com a decência e o sossego ou permitir a sua utilização
por pessoa de maus costumes, passíveis de repreensão penal ou policial”.
O documento, porém, não prevê uma norma básica: em pelo menos 14 dos 64
conjuntos de faixa 1 — destinada a famílias mais pobres — na cidade do
Rio, quem dita as regras de convivência e até convoca reuniões de
condomínio é o tráfico ou a milícia. No terceiro capítulo da série
“Minha casa, minha sina”, o EXTRA revela a história de moradores
obrigados a seguir à risca a cartilha do crime.
Nos residenciais
Zé Kéti e Ismael Silva, no Estácio — inaugurados pela presidente Dilma
Rousseff em junho de 2014 — a primeira reunião de condomínio foi
convocada por traficantes do Morro de São Carlos, onde há uma UPP desde
maio de 2011. Insatisfeitos com a cobrança da taxa de manutenção no
valor de R$ 66 e com o consumo de drogas no condomínio, moradores
oriundos da comunidade, localizada atrás dos prédios, subiram a favela
para reclamar. Não com a PM, mas com o gerente de uma boca de fumo.
No
domingo seguinte, às 10h, mais de 60 condôminos se reuniram no salão de
festas do Zé Kéti para ouvir o discurso de um grupo de cinco
traficantes, alguns armados com pistolas. Com um microfone na mão, o
chefe do grupo — um negro alto, desarmado, vestindo chinelo, bermuda e
camiseta — informou aos presentes que a cobrança era justa e que o
dinheiro seria investido na “manutenção do condomínio”. Ao fim da
reunião, também ficou acordado que não seria tolerado o uso de drogas
dentro do conjunto.
— A maioria das pessoas daqui confia mais no
tráfico do que no poder público. Tanto que até brigas entre vizinhos são
resolvidas pelo “carro da carne”, uma Kombi que leva os moradores ao
alto da favela, para conversar com os bandidos — conta José*, um
ex-agente de segurança que participou da reunião.
Salão de festas do conjunto foi palco de reunião de condomínio do crime Foto: Rafael Soares / EXTRA À
noite, a praça em frente aos conjuntos é ponto de uso de drogas,
inclusive crack. Como o bando do São Carlos não vende o entorpecente,
moradores foram abordados por bandidos querendo saber a origem da droga.
Ontem,
os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e das Cidades, Gilberto
Kassab, a secretária nacional de Segurança Pública, Regina Miki, e o
diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, se reuniram em
Brasília com representantes da Caixa Econômica para avaliar as ações de
segurança referentes ao “Minha casa, minha vida”. Também foi discutido o
papel dos órgãos diante do que vem sendo identificado nas
investigações.
Crianças brincam no condomínio Zé Kéti, no Estácio Foto: Rafael Soares / Extra‘Minha casa, minha sina’
Após
três meses de apuração, o EXTRA constatou que todos, absolutamente
todos, os 64 condomínios do “Minha casa, minha vida” destinados aos
beneficiários mais pobres — a chamada faixa 1 de financiamento — no
município do Rio são alvo da ação de grupos criminosos. Neles, moram
18.834 famílias submetidas a situações como expulsões, reuniões de
condomínio feitas por bandidos, bocas de fumo em apartamentos,
interferência do tráfico no sorteio dos novos moradores, espancamentos e
homicídios.
Mais de 200 pessoas foram ouvidas, entre moradores,
síndicos, policiais civis e militares, promotores, funcionários públicos
e terceirizados, pesquisadores e autoridades. Além disso, foram
analisados documentos da Polícia Civil, do Ministério Público, da
Secretaria de Habitação, do Disque-Denúncia, da Caixa Econômica e do
Ministério das Cidades, parte deles obtidos por meio da Lei de Acesso à
Informação. O material deu origem à série “Minha casa, minha sina”.
* Todos os nomes utilizados na série são fictícios.
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