terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Protestos não podem continuar, diz vice-presidente do Egito

Omar Suleiman diz que não haverá 'fim do regime' ou partida de Mubarak.
No 15º dia de protestos, oposição foi às ruas pela renúncia do presidente.

O vice-presidente do Egito, Omar Suleiman, disse nesta terça-feira (8) que os protestos na praça Tahrir não podem continuar por muito tempo e que a crise deve encerrar o mais rápido possível, em um claro sinal da crescente impaciência do regime após 15 dias de protestos pela saída do presidente Hosni Mubarak.De acordo com Suleiman, não haverá "fim do regime" ou a partida do presidente Mubarak, principal exigência dos manifestantes que fizeram nesta terça os maiores protestos desde o início da crise, em 25 de janeiro.
O vice-presidente disse que o governo quer dialogar com os manifestantes para ouvir suas reformas dentro de um processo de reforma democrática. "Não queremos lidar com a sociedade egípcia por meio da polícia", disse Suleiman, segundo a agência estatal Mena.
Dezenas de milhares de manifestantes foram pacificamente às ruas do Cairo e de outras cidades do Egito nesta terça-feira para exigir a renúncia de Hosni Mubarak, há 30 anos no poder.
Segundo a CNN e a France Presse, seriam os maiores protestos desde o início da crise, em 25 de janeiro. Outra grande manifestação está marcada para a sexta-feira.
A repressão e os confrontos nos primeiros dias de protesto deixaram ao menos 300 mortos e 5 mil feridos, segundo a ONU.
Dois dias após o início formal da negociação com os vários grupos da oposição egípcia, o governo fez várias concessões aos manifestantes, mas elas foram recebidas com ceticismo e consideradas insuficientes pelos oposicionistas.
Google
Wael Ghonin, executivo do Google que estava preso desde o início dos protestos, discursou para a multidão.
'Vocês são os heróis. Eu não sou herói, vocês são os heróis', disse Ghonim, que diz ter passado 12 dias vendado enquanto esteve preso.
Ghonim foi o responsável por um grupo do Facebook que contribuiu decisivamente para a onda de protestos.
Sua entrevista também parece ter convencido muitos egípcios a aderirem às manifestações. Em apenas duas horas após a entrevista, 70 mil pessoas aderiram a páginas de apoio a ele no Facebook.
O egípcio Wael Ghonin, executivo do Google, junta-se à multidão anti-Mubarak nesta terça-feira (8) na Praça Tahrir, no centro do Cairo. (Foto: AP) 
 O egípcio Wael Ghonin, executivo do Google,
junta-se à multidão anti-Mubarak nesta
terça-feira (8) na Praça Tahrir, no centro do Cairo.
O Google já estava anteriormente vinculado aos protestos no Egito, ao ter criado um serviço que ajudava os usuários do Twitter a burlarem as restrições do governo ao site, disponibilizando um número de telefone que recebia mensagens de voz, posteriormente transmitidas na rede social.
Concessões
O governo do Egito libertou 34 presos políticos nesta terça, informou a agência de notícias estatal. São os primeiros libertados desde que Mubarak começou a prometeu reformas.
"O ministro do Interior Mahmoud Wagdy emitiu uma ordem hoje de libertação de 34 detentos políticos considerados como estando entre os elementos extremistas, depois de avaliar as posições deles", disse a agência oficial Mena.
A agência disse que os presos se entregaram às autoridades depois de fugir da prisão durante vários dias de tumulto no mês passado.
Em Washington, o secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, fez um elogio ao processo de reformas no mundo árabe - iniciado no mês passado com uma rebelião que derrubou o governo da Tunísia.
Manifestantes protestam na Praça Tahrir nesta terça-feira (8) (Foto: AP)Manifestantes protestam na Praça Tahrir nesta terça-feira (8) (Foto: AP)
Reformas constitucionais
O presidente Mubarak criou uma comissão para reformar a Constituição, anunciou na terça o vice-presidente Omar Suleiman, nome escolhido para intermediar as negociações.

A criação havia sido acertada durante reunião entre governo e oposição dois dias antes.
Suleiman também afirmou que o Egito tem um plano e um cronograma para a transferência pacífica de poder.
Ele reiterou que o governo não perseguirá os manifestantes que pedem a queda do presidente.
"O presidente recebeu bem o consenso nacional, confirmando que estamos colocando nossos pés no caminho certo para sairmos da crise atual", disse o vice na TV estatal após encontro com Mubarak.
Na segunda, o governo havia anunciado um aumento de 15% nos salários do funcionalismo e nas aposentadorias. O novo gabinete ministerial -em sua primeira reunião completa- prometeu investigar casos de fraude eleitoral e corrupção no serviço público.
mapa do egito com dados (Foto: Editoria de Arte / G1) 
Dados do Egito (Foto: Editoria de Arte / G1)
O ministro das Finanças, Samir Radwan, disse que os aumentos vão custar US$ 960 milhões e vão valer a partir de abril, para mais de 6 milhões de pessoas.
No passado, o funcionalismo público foi um dos pilares de sustentação do regime, mas ele ficou minado por conta das recentes crises financeiras.
O governo e as forças armadas tentavam fazer o país, o mais populoso do mundo árabe, a voltar ao trabalho.
Os bancos reabriram no domingo, e a Bolsa de Valores deve reabrir no próximo dia 13.
O toque de recolher, que vigora desde 28 de janeiro, foi encurtado em uma hora nesta segunda, e agora vale de 20h às 6h.
A Irmandade Muçulmana, importante força de oposição e um dos grupos que se reuniu com autoridades governantes no final de semana, anunciou que as reformas propostas por Mubarak são "insuficientes". "As demandas são ainda as mesmas. O governo não respondeu à maioria deles, apenas a algumas e de forma superficial", disse Essam al-Aryane, um dirigente da Irmandade.
Com alguns egípcios ansiosos por um retorno à normalidade, o governo alertou sobre os danos à estabilidade econômica e à economia que vão decorrer do prolongamento dos protestos, que abalaram o Oriente Médio e abriram um novo capítulo na história moderna do Egito.
Várias empresas estrangeiras que haviam interrompido suas atividades voltavam a funcionar no país.

Da Redação com G1

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