quarta-feira, 21 de maio de 2014

Médico cubano é afastado por suspeita de abuso sexual

As denúncias foram registradas por três grávidas atendidas pelo profissional em unidade de saúde de Luziânia, no Distrito Federal

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GOIÂNIA - O médico cubano Luís Henrique D. Madruga, participante do programa Mais Médicos, do governo federal, foi denunciado à Polícia Civil da cidade de Luziânia, em Goiás, região do entorno do Distrito Federal, por três grávidas que dizem ter sido vítimas de abuso sexual. O profissional foi afastado preventivamente pela prefeitura.
Madruga foi convocado a depor na Polícia Civil nesta quarta-feira, às 9h. As três gestantes já foram ouvidas na delegacia. Nesta terça, foi colhido o depoimento da enfermeira chefe do Posto de Saúde da Família (PSF), onde o médico trabalhou até a terça-feira da semana passada. Naquele dia, ela ouviu das três pacientes as denúncias de irregularidades na conduta de Madruga.
Segundo a delegada que investiga o caso, Dilamar de Castro, duas intimações foram enviadas para o médico - uma para a casa de Madruga e outra para a Secretaria Municipal de Saúde de Luziânia. Até agora, ninguém se apresentou como advogado do cubano, que não foi encontrado pela reportagem.
Relatos. O clínico trabalhava para a prefeitura de Luziânia desde o início do ano. Segundo a delegada, "as vítimas disseram que desconfiaram da conduta do médico e decidiram se unir e denunciar". Segundo ela, duas das mulheres já se conheciam do PSF, onde faziam o atendimento pré-natal.
A delegada afirmou que os depoimentos deixam claro que houve uma "intenção de um ato libidinoso" por parte do profissional. Pelo relato das vítimas, o provável abuso foi cometido do mesmo modo nas três pacientes. Duas das grávidas perceberam rapidamente a situação porque já tiveram outras gestações e passaram por vários exames similares e notaram diferenças no tratamento de Madruga.
Nos depoimentos, as gestantes alegaram que o médico vinha cometendo atos libidinosos durante os atendimentos de rotina. Uma das grávidas contou que o abuso aconteceu durante uma consulta com a realização de exame local fora dos padrões a que estava acostumada e de forma muito demorada.
A mulher está no sétimo mês de gestação e havia procurado o médico para tratar de uma provável infecção urinária. Segundo o depoimento, o médico pediu para que a gestante deitasse em uma maca não convencional e tocou as partes íntimas da paciente por um período maior do que o normal em um exame de toque ginecológico. As outras mulheres estão com 6 e 3 meses de gestação.
Prefeitura. Ao ouvir as denúncias, a enfermeira orientou que elas acionassem o serviço de ações básicas de saúde do município. A delegada Dilamar não soube dizer de isso foi feito antes ou depois de a denúncia ser registrada na delegacia. Soube apenas que o clínico deixou de comparecer um dia depois da reclamação das pacientes à chefe do PSF. "Na quarta-feira, ele já não foi ao posto", afirma a policial.
Segundo Dilamar, outro médico foi convidado informalmente ao posto de saúde para avaliar o que foi descrito pelas vítimas. Segundo o outro profissional, a conduta do cubano teria "fugido dos padrões".
Após o relato das mulheres, a Secretaria de Saúde de Luziânia instaurou sindicância, ouvindo as gestantes e o médico, optando pelo "afastamento preventivo do profissional e a notificação ao Ministério da Saúde, responsável pelo programa", segundo a pasta informou, por meio de nota. O cubano foi substituído por uma médica.

Mário Luiz (Carioca) com Estadão

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